sexta-feira, 23 de maio de 2014

A melhor loja do mundo

Já conhecia há anos A vida Portuguesa da Rua Anchieta, no Chiado. A primeira vez que lá entrei adorei o conceito e a forma como o a loja foi renovada. Tudo nela era bom gosto. Nos mais pequenos detalhes. Os embrulhos eram de não os querer rasgar. Tudo ao pormenor. Adorei os aventais das pessoas que lá trabalhavam. Emocionei-me por, pela primeira vez ver após a destruição da belíssima fábrica em Braga, os sabonetes Confiança. As lágrimas quase me vieram aos olhos quando vi um motoqueiro com a sua mota de plástico e alumínio e o táxi verde e preto. Comprei ambos para os sobrinhos. Os dois preferiram a mota... eu, até hoje, como conseguiram não destrui-lo, prefiro o táxi.

Alguns anos depois, abriu A vida Portuguesa no Intendente. Voltar aquela zona depois de muitos anos foi uma surpresa. Falo disso com mais detalhe aqui. Nesta loja tudo é mais! Mais coisas, mais cor, mais escolha, “mais grande” (como dizem as crianças quando estão a aprender a falar), mais bonita... e por aí fora. Logo à entrada queria comprar tudo. Não fosse eu ter apenas 2 braços, estar sozinha e a mais 300 kms de casa... Apaixonei-me logo pelas cadeiras de jardim. Imaginei-me imediatamente na varanda a ler.  À entrada, um móvel até ao tecto com tudo o que se possa imaginar do Bordalo Pinheiro. Passa-se à parte dos sabonetes de várias marcas, cheiros, cores da Confiança à Ach Brito. O que se segue é todos os utensílios de cozinha em madeira e alumínio (?). E os azulejos e louças Viúva de Lamego. As louças, copos, bebidas de marcas tradicionais, os chocolates Arcádia e Regina, não podiam faltar. O recanto dos brinquedos foi o que mais memórias me trouxe. O pião, a corda, as cartas, as sebentas, tambores, os fogões em miniatura, tanta coisa. A loja continua no andar de cima. Tapetes, carpetes, atoalhados, cobertores de lã. Botas. Mochilas, malas e pastas da Ideal &Co.

Não conheço loja mais bonita e surpreendente. Assim como, não lhe consigo encontrar comparações. Nada se compara a esta loja. Poderia dizer que a Antropologie tem qualquer coisa de A vida portuguesa. Mas não. Esta loja é única. Tradição, portugalidade, detalhe, bom gosto e memórias são o que fazem, em partes diferentes, esta loja. Mais do que para turistas, esta loja é para portugueses. Só os portugueses a conseguirão compreender. E como se não bastasse, as pessoas que nos atendem são para lá de simpáticas. Lojas assim (já) não se fazem!

E pensar que esta loja nasceu de uma single mind. A Catarina (Portas) nasceu com vários dons. Tanto talento numa pessoa só. Ousou arriscar em plena crise. Venceu o cinzentismo e o pessimismo geral e remou contra a maré. Bom gosto, empreendedorismo, tradição e memória. Quatro palavras que parecem ser o segredo. Ainda por cima partilhamos uma querida amiga: chef Luísa Fernandes (Robert –NYC).

E como se não bastasse, a Catarina escreve bem que dói! Eu ainda andava no secundário e os artigos dela já me prendiam. Há uns anos tinha o projecto do António Variações em mãos... Não sei o que lhe aconteceu. Mas para nosso mal, nós é que perdemos. A única coisa que lamento do sucesso d’A vida portuguesa e dos quiosques de refresco é ter-se “perdido” uma brilhante escritora e jornalista. De resto, desejo-lhe muito futuro! Go, Catarina go! 










quinta-feira, 22 de maio de 2014

35 anos depois

Ontem há 35 anos atrás, a minha mãe deu-nos à vida, a mim e ao meu irmão. 15 minutos separaram-nos. Nasci com 1600 g. Depois de um breve olhar, mal acabara de nascer, a minha mãe voltaria a pôr-me os olhos em cima  apenas quando regressei a casa após 3 semanas na incubadora. A reacção da minha mãe perante aquele ser minúsculo, quase desconhecido foi virar-se para o meu pai: "Tens a certeza que não a trocaram?". Ao que o meu pai respondeu com toda a certeza: "Não, é mesmo ela. Está sempre a gritar!".

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Benfica-Sevilha

Mais uma final, cinquenta e tal anos sem ganhar uma taça europeia, mais 120 minutos... para acabar tudo nos penáltis. No ano passado foi aos 92 minutos, este ano foi nos penáltis... Como dizia o meu querido avô: "Eles ganham sempre!".

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O das Joanas

26 de Abril. Início da tarde. Não ia ao Largo do Intendente há uns 10 anos. Está irreconhecível. Renovadíssimo. Típico. Limpo.Moderno. Cosmopolita. Com algumas das mesmas pessoas de sempre. Miúdos a brincar. Esplanadas. Música. Azulejos. Segurança total. Muitos polícias. Desde NY que aprendi a querer ir onde são as melhores reviews. Pois bem, desta vez: O das Joanas. Não entrei. Limitei-me à esplanada. Arrependo-me.  Quem me atendeu tratou-me na segunda pessoa. Depois dos 30 simpatizo imediatamente com quem me trata assim!. Fiquei a tarde toda. Li 100 páginas d’O último cabalista de Lisboa. Tarde toda com a vista magnífica dos azulejos da fachada. Ouvi as conversas das mesas à volta. Uns vinham da visita guiada pela Catarina Portas à loja  A vida Portuguesa, mesmo ao lado. Uma mesa atrás de mim, com muitas imperiais. Aprendo novos calões. “Atão puto?”. “Estamos a beber uma jolas”. “Ei, bro”. Toda a santa tarde os ouvi. Bem me apetecia as imperiais deles... mas como era manhã para mim, já que tinha contado estrelas enquanto o dia nascia...Fiquei-me pelo brunch, o completo, não o low cost. Assustei-me quando o vi. Tinha a tarde toda para não envergonhar ninguém. Dava à vontade para duas pessoas. Escolha de bebida quente: galão. Escolha de sumo: laranja (o do dia era manga/laranja). Não gosto de misturas...Cesto de vários pães e croissant, que dava para quatro... Manteiga, doce de abóbora e de morango. Taça de morangos. Queijo fresco. Prato de queijo e salpicão (ou seria paio?).Fatia de bolo de laranja molhado. Só de ver este banquete. Restava-me a tarde toda. Não acabei, claro está. Tudo muito bom! Eu é que ainda tinha memória (e os estragos) dos melhores mojitos de Lisboa (Bairro Alto Hotel). Uma das Joanas (a de óculos) tira-me a conta e, muito simpática, pergunta-me porque não comi o queijo fresco, “é de ovelha mesmo”. “Não morro de amores” - respondi eu. Simpatizei com toda a gente naquela tarde.

Vale a pena, vão por mim!



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