quarta-feira, 26 de março de 2014

Shiatsu

Em NY descobri o shiatsu. Mas acho que lá não tinha a melhor terapeuta. Mas para mim, que sempre sofri de dores nas costas e de cabeça, qualquer massagem, bem ou mal feita era qualquer coisa. Para além disso,  as massagens de rua a $10 por 10 minutos eram a minha perdição. A maioria das festas ou mercados de rua tinham uma barraca com várias cadeiras de massagem. Muitas vezes saía de lá pior do que o que chegava. Nunca cheguei a saber que tipo de massagens eram. A maioria das pessoas que as faziam nem inglês sabiam falar. Mas conheciam perfeitamente bem a palavra “tip”.


No ano passado, numa ida ao médico, na sala de espera, no verão, vi um cartaz a publicitar sessões de shiatsu. Experimentei, adorei, e desde aí nunca mais parei. Comecei com sessões de 15/15 dias, depois a cada 3 semanas, e mais recentemente, faço uma vez por mês. Quem não experimentou devia experimentar e quem teve uma má experiência deveria dar uma segunda oportunidade. Naquela hora tudo pára. Olhos fechados , relaxamento total, apenas o barulho da água e da música. Todas as minha dores melhoraram. Não terminaram mas a frequência e intensidade não têm comparação. Aqui fica a publicidade: http://barbaracouto.wordpress.com/

terça-feira, 25 de março de 2014

Um saltinho até ao Algarve

Estou atrasada para apanhar o avião. Para piorar, não activei a via verde. Sem velocidades loucas e sem perigos, chego ao aeroporto. Passo, sem problemas, pela segurança vazia. Nunca percebi este aeroporto Francisco Sá Carneiro, sempre às moscas. Tanto espaço para tão pouca gente... Tão poucos aviões, tão poucas pessoas, mais funcionários que passageiros, lojas às moscas. Chego à porta de embarque. Bancos compostos, o voo parece estar cheio. Só penso que não impliquem com a mala, como fizeram na única vez que viajei com a Ryanair. Chegada a hora lá vamos nós, filinha indiana, exterior, nevoeiro, frio, esforços para não perder a pose ao subir a escada com a mala de mão. Percebo que agora a Ryanair atribui-nos um lugar, óptimo. Sinto-me menos feliz quando percebo que vou literalmente entalada entre duas pessoas. Tento ler algumas das coisas que levo... mas o cansaço fala mais alto...o voo que dura perto de uma hora, na minha percepção demorou 5 minutos. Acordo quando o avião começa a abanar como um berço e eu só me lembro da frase do VES: “Não quero ser carne para peixe!!”. Eu habituada à TAP, aterro desajeitadamente (se não tivesse o cinto teria batido com a cabeça no tecto) com um “ai”. Mas o pior já passou, respiro de alívio. A temperatura é bastante mais alta que no Porto. Passam das 11 da noite e tenho a G. à minha espera. Em casa, em vez de dormirmos cedo, colocamos a conversa em dia e preparo o meu estágio para ficar afónica (isto acontece sempre que me encontro com a G.). Aterro na cama, e pela primeira vez em duas semanas, adormeço sem dificuldade. Interrogo-me se não será por não ter a minha vizinha maluca aos pontapés à minha porta diariamente ou a gata do vizinho que está com o cio... Acordo tarde. Banho. Festinhas no “Estibi” (aka HTB). Pequeno-almoço com o pão alentejano com manteiga. Sol, muito sol lá fora. O que mais se pode querer? Em 5 minutos estamos na Universidade. Apenas o tempo de subir até ao gabinete da G. e atinar com os vídeos que teimam em nunca funcionar. Dou a palestra em 45 minutos. Consegui cumprir o tempo. Perguntas e pessoas interessadas (ou disfarçam muito bem). Ideias novas, sugestões. Bom para o ego, sempre. Vamos almoçar à cantina 3Bs: “BOM, BONITO e BARATO”. A verdade, é que não fui eu que paguei. 

Início da tarde, aula para os alunos de Ciências Biomédicas. Pelo que a G. me disse aparecem todos ou quase todos. Assinam a folha de presenças. Eu, como não sei dar aulas, e como despejar matéria toda a gente pode fazer, decidi falar do meu percurso académico. Desde que aprendi a escrever aos 3 anos até agora. Juntamente com a apresentação powerpoint, falei de tudo, de ter andado dos 6 aos 18 anos num colégio de padres, que não entrei no curso que queria, que não gostei do curso, que escolhi o meu estágio por acaso porque fui a uma aula teórica à tarde, de Houston, do Ike, de osso, do doutoramento, de NY, do coração, dos meus sobrinhos... Fiz um intervalo, não muito convencida que a maioria regressaria. Para meu espanto, apareceram novamente todos. 

À noite fomos jantar ao “Tertúlia Algarvia”. Bebemos vinho algarvio, que foi uma estreia para mim. Entradas: pão, azeitonas e Queijo de cabra gratinado com maçã reineta. E para jantar: Tentáculos de polvo com grelos e batata a murro, Costeletas de borrego com molho de hortelã e puré, Bife de novilho à Tertúlia com redução de medronho. Sobremesas: Fofo de chocolate e alfarroba, molho de frutos vermelhos e sorvete de citrinos, Fatia de torta regional (alfarroba) e Tarte de requeijão, compota de abóbora e granizado de amêndoa amarga. Depois deste repasto, só nos restava andar muito... e lá fomos olhar os telhados algarvios, a cidade antiga de Faro, as ruelas, os bares e a ria. Ainda fomos beber um copo. Mais uma vez, dormi como um bebé e acordei sem despertador perto da hora de almoço.








Próximo destino: Praia de Faro. Que luz, que sol, que temperatura, que qualidade de vida. Mesmo em frente à praia, a um metro do areal tínhamos já mesa guardada pelo P. Que linda a cor do mar nesse dia, estar só de camisa e muita gente, tal como nós, a aproveitar a temperatura e a paisagem. Que influência tem o sol em mim. Dias claros e luminosos. O azul do céu e o azul do mar e o brilho dos raios. Imagem indescritível.





sexta-feira, 21 de março de 2014

Ode Marítima

Acompanho há muito a carreira (palavra que não gosta) de Diogo Infante. Ele é várias coisas num só. Para mim, apenas a voz basta. Mas na interpretação supera-se. Comemora este ano 25 anos de actor. Vi-o há muitos anos na peça “Sexo, drogas & rock and roll” num mítico conjunto de oito monólogos. Assisti ao seu brilhantismo como encenador no “Ano do Pensamento Mágico de Joan Didion, um monólogo magnificamente interpretado pela nossa grande Eunice Muñoz. E a melhor encenação de sempre de “Um eléctrico chamado desejo” de Tennessee Williams, quando trouxe de volta aos palcos Alexandra Lencastre, a melhor Blanche Dubuois de sempre. Há pouco tempo vi-o na leitura do “Sermão de Santo António aos peixes”.

Na semana passada, no penúltimo dia, fui ver “Ode Marítima” ao Teatro São Luiz. Não tinha muitas expectativas. Não tinha lido nada. Assumi que fosse uma leitura teatral do grande poema do heterónimo de Pessoa, engenheiro naval, Álvaro de Campos. A voz do Diogo, a sua presença física, Pessoa e a encenação de Natália Luiza, bastavam-me.  Meu Deus, que surpresa! Diogo não lê, interpreta. Um pouco mais de uma hora que nos enche a alma. João Gil, discreto acompanha as palavras e a narrativa de Diogo. Só acrescenta, não atrapalha.
O homem que olha para o horizonte, vê um paquete entrar na barra e faz uma viagem interior. não está aqui a interpretar uma personagem. Este homem não é Pessoa nem Álvaro de Campos. “É a suma de todos os homens. Em primeiro lugar, sou eu, porque não se trata de uma personagem mas de uma energia. É como se o meu corpo, a minha voz e as minhas emoções fossem um veículo para expressar esta transcendência emocional que abarca a dimensão humana. Ele somos todos nós: nas nossas contradições, medos, ânsias, desejo de sentir, de viver. Na catarse do monólogo, Diogo transforma-se, como se ele não fosse ele, como se fosse possuído por algo maior, ele urra, berra, sofre, vira-se ao contrário, expõe-se, põe as suas entranhas em cima da mesa, com tudo o que isso tem de horrível e termina exausto, completamente molhado, como se tivesse saído da água. As pessoas ao meu lado diziam baixinho: “Credo!”. Atira-se para o chão, a voz muda, acalma, compassa.


Depois dos aplausos regressaram ao palco para meia hora de perguntas feitas pelo público presente. A não perder. Estará em breve no Teatro Nacional S. João, no Porto. Fará digressão nacional e seguirá para o Brasil.

Depois de achar que mais ninguém conseguisse ler, interpretar e representar Pessoa melhor do que Maria Bethânia, eis que Diogo Infante superou tudo neste espectáculo "Ode Marítima".












Todas as fotos, com a excepção da última, pertencem a José Frade


sexta-feira, 7 de março de 2014

Merly Streep vs Cate Blanchett

Merly Streep é uma das actrizes que mais admiro. Uma das minhas amigas, a C., detesta-a porque diz que ela tem sempre o mesmo registo. Eu discordo. Foi nomeada 18 vezes e ganhou 3. Em “Kramer vs. Kramer” ganhou o oscar de melhor actriz secundária e neste filme chorei baba e ranho.  Três anos depois ganhou o óscar de melhor actriz em “Sophie's Choice”. Mas quem não se lembra do seus maravilhosos desempenhos em “Out of Africa” e “The bridges of Madison County”, “The devil wears Prada” e “Doubt”? No ano passado ganhou o terceiro óscar pelo seu papel em “The Iron Lady”. A semana passada fui ao cinema ver “August: Osage County”. Merly Streep é uma doente terminal com um cancro na boca cujo marido é alcoólatra, poeta e que tem os livros como companhia. Merly, neste filme, é uma mulher dura, irónica, sarcástica, insensível, fria, completamente desajustada, racista, feia, maltratada que demonstra não ter qualquer demonstração de afecto ou ternura e viciada em drogas legais prescritas pelo médico. O vício é tal que entra frequentemente no absurdo e fica com dificuldade em articular palavras. Depois do desaparecimento do marido, que ela diz ser viciado na bebida e ela em medicamentos, reúne a família que se percebe completamente surreal.  Uma das cenas mais marcantes do filme é uma disputa entre mãe e filha, em que Julia Roberts tenta tirar os medicamentos à mãe e a cena chega a ser violenta. O resultado é um filme recheado de humor negro, com intensa carga dramática e a expressividade marcante de cada uma das personagens. Para além disso, tem uma deslumbrante história humana, repleta de segredos. Outro dos grandes papéis pertence a Julia Roberts, (merecidamente nomeada para o óscar de melhor actriz secundária), a filha mais velha, que parece ser a cópia da mãe, dura como ela. Eu arrisco-me a dizer que esta é a melhor interpretação de sempre de Julia Roberts. E apesar de neste filme desempenhar o papel de uma mulher descuidada, mostra como a idade é como o vinho do Porto! É um filme cheio de surpresas e que ninguém sai da sala indiferente.Merly Streep tem aqui uma interpretação poderosa. Este filme vale a pena, não tivesse o livro que lhe deu origem, galardoado com o Prémio Pulitzer, uma das melhores marcas de qualidade.

Não gosto da maioria dos filmes do Woody Allen, assim como, não gosto dele. Mas alguns filmes até gosto. E “Blue Jasmin” é um desses. Passa-se entre NY (Madison e Park Avenue) e San Francisco. Não sabia a história quando o vi mas no decorrer do filme pareceu-me uma cópia perfeita de “Um eléctrico chamado desejo”. Obviamente com as devidas diferenças. Cate Blanchett tem muitas características da Blanche Dubuois e a irmã dela é uma submissa e o namorado da irmã é um falhado e um arruaceiro.  Jasmine (Cate Blanchett) é uma ex-milionária acabada de cair em desgraça após o marido milionário ser preso. Vende tudo, segundo ela, mas viajou em primeira classe de NY-San Francisco e chega a casa da irmã adoptiva carregada com malas Vuitton. Como Blanche Dubois, tenta a todo o custo omitir o passado. Finge que o marido é um cirurgião, que não tem um filho, inventa uma profissão que não tem... é viciada em álcool e em comprimidos. Uma excelente interpretação de Cate Blanchett.


Alguém escrevia, depois da Cate Blanchett ter ganho o óscar, que alguém se devia ter enganado a escrever o nome no envelope. Não podia concordar mais. Desculpem-me, eu adoro a Cate Blanchett mas a interpretação da Merly Streep foi poderosíssima.

terça-feira, 4 de março de 2014

Pra tudo se acabar na quarta-feira por Adriana Calcanhotto

No dia em que o "Público" comemora o 24º aniversário, a Adriana Calcanhotto foi convidada para ser a directora nesta edição especial. Aqui segue o editorial escrito pela Adriana, desta vez não é curto como a vida, mas é muito bem escrito e a tocar em assuntos que a maioria não se lembraria:

"Porque gosto de viver perigosamente foi a razão para aceitar o convite do PÚBLICO para a edição de hoje, seu aniversário de 24 anos.
Aceitei na hora, imagina, que sonho, falar da língua portuguesa, da palavra lusitana, provocar o PÚBLICO a respeito do acordo ortográfico, vigente no Brasil desde 2009 e não adotado pelo periódico com furor argumentativo. Falar dos dogmas modernos para os poetas antigos; abrir espaço para as especulações atuais do tipo seria Mário de Sá-Carneiro, “o esfinge gorda de delicadas mãos”, transgênero? O grande poeta brasileiro Manuel Bandeira afirmava, quando inquirido sobre os heterônimos pessoanos, que neles via claramente o poeta tentando sair de seu drama. Seria mesmo o fato, reza a lenda, de que ele tinha um pênis exageradamente pequenino e esse era o seu facetador, que o empurrava para ser outro homem qualquer que não ele mesmo? Pois se isso é um drama real para um homem qualquer, imaginemos para ele, que era tantos, ou era ele tantos por isso mesmo? Poderia me estender sobre a correspondência do mesmo Pessoa com Ofélia, onde ela várias vezes o trata como “preto”, “meu preto”, “meu pretinho”, afinal, sou a diretora hoje, tenho carta branca. Começava a separar livros quando recebo um email oficial do PÚBLICO, agradecendo-me por aceitar o convite para a edição especial de 5 de março de 2014, sobre o Brasil. Sobre o Brasil? Como assim sobre o Brasil? Eu não entendo nada de Brasil, aliás, entendo cada dia menos, o Brasil não é para amadores, e agora?
O Brasil não é só diversidade, natural, cultural e racial, mas também temporal. O trabalho infantil escravo, o sistema prisional arcaico, com cadeias hiperlotadas sobre as quais o próprio ministro da Justiça admite serem “o inferno”, convivem com jurisprudências incontornáveis diante da sociedade e dos novos arranjos familiares. Fizemos progressos, tivemos um parlamentar cumprindo pena de reclusão por corrupção mantendo o cargo público, no exercício de seu mandato de deputado com a concordância da câmara, não temos mais. Vimos mudando. O racismo é crime, temos a lei Maria da Penha, que protege as mulheres da machista violência doméstica, temos a lei da Ficha Limpa, que deveria impedir que parlamentares com pendências na Justiça candidatem-se aos pleitos, menos gente passa fome, o beijo gay tem classificação livre na TV. Mas como viajo muito, acho que devo ter perdido algum evento importantíssimo porque, de uns tempos para cá, desde as últimas manifestações de rua, não consigo saber mais quem é a polícia, quem é a milícia, quem é o bandido, o mercenário, o mascarado, a caboclada maoísta, os vândalos que apedrejam à noite o banco onde trabalham de dia, o político cínico, o velho coronel, o coronelzinho de ocasião. Não nego que sou distraída, mas está difícil de acompanhar. A quem será que interessa incitar a violência nas manifestações legítimas municiando garotos miseráveis com máscaras de gás e rojões? De onde viria isso? Quem é o vilão, quem é a imprensa, quem é o sistema? 
O passaporte mais visado no mundo para ser falsificado é o brasileiro; claro, podemos ter qualquer raça, cor, a mistura mais improvável de raças, podemos ter qualquer nome, ter um sobrenome sírio-libanês, por exemplo, podemos ser tudo, temos a vocação para a originalidade como Caetano Veloso sempre diz, e uma vocaçãozinha para a incompetência bastante pronunciada. Podemos ascender na escala social, não somos aprisionados por castas, um menino pobre e analfabeto pode virar uma estrela do futebol internacional, não é obrigado a seguir a profissão do pai ou do avô, pode escolher o que quer, fazer o que gosta, um metalúrgico pode ser presidente, tudo muito diferente da malha social britânica, para dar um exemplo, onde saltos sociais não ocorrem. Isso é das coisas mais fascinantes do novo mundo, especialmente no Brasil. A gente inventa. Enquanto isso, a causa indígena é completamente desprestigiada pelo governo, os assentamentos dos sem-terra diminuíram, seguimos desmatando a mata amazônica e crescimento na economia não há.
No momento, a população vem mostrando descontentamento nas ruas, o que não é mau sinal, já que educação, saúde, transporte e ética andam muito castigados e não é comum irmos às ruas por qualquer coisinha. A revolta com os milhões gastos em estádios para a Copa do Mundo mais o aumento das passagens de ônibus e a carga tributária pesada sem serviços públicos de qualidade levou-nos às ruas, mas um cinegrafista foi morto por um garoto pago não se sabe bem por quem, para “fazer barulho”, e o rojão atingiu a cabeça de um cinegrafista que cobria a manifestação. O ministro dos Esportes do Brasil diz aqui em entrevista chapa branca que “não há por que se preocupar com manifestações” durante a Copa do Mundo, declaração, convenhamos, extremamente preocupante.
Um país inapreensível em qualquer tentativa de explicação, a democracia racial não é bem o que parece, nossa diplomacia visivelmente fascinada por ditaduras de diferentes países do mundo envergonha, assim como os 33.000.000 de analfabetos funcionais, além daqueles que se orgulham de nunca terem lido um livro alegando que não precisam de livros para vencer na vida.
Assim é, queridíssimos patrícios, que a edição de hoje do PÚBLICO está invadida pelo Brasil com seus inacreditáveis contrastes, belezas, contradições e maravilhas, impregnados da profunda e maior herança portuguesa depois da língua, a mestiçagem. Em Cabo Verde dizem-se eles inchados de orgulho “somos mestiços puros”. Herança portuguesa. O poeta brasileiro Antonio Cicero replica com uma gargalhada aberta, “já nós, que somos mestiços in-puros...”. Ainda na seara dos poetas cito aqui um trecho da extraordinária letra de Vinicius de Moraes para a melodia de Tom Jobim:
“A felicidade do pobre parece/ A grande ilusão do carnaval/ A gente trabalha o ano inteiro/ Por um momento de sonho/ Pra fazer a fantasia/ De rei ou de pirata ou jardineira/ Pra tudo se acabar na quarta-feira.”
Terminou o carnaval, hoje é a quarta-feira de cinzas. Costuma-se dizer que é ao meio-dia da quarta-feira de cinzas que começa o ano no país, antes disso a nação não consegue pensar em outra coisa. Então, neste primeiro dia de 2014 no Brasil, país que é essa auto-invenção permanente, neste primeiro dia do Ano Grande do Brasil no PÚBLICO, vamos ao “gigante pela própria natureza”. Muito bem-vindos!"















Todas as fotos pertencem ao "Público"


A cerimónia dos oscares

Vi a cerimónia toda em directo. Dizem que foi a mais vista da década. E eu sou suspeita porque adoro a Ellen DeGeneres. Desde o selfie mais partilhado até ao entregador de pizzas distribui-las com a ajuda do Bradd Pitt... foi hilariante!
Jared Leto ganhou o óscar de melhor actor secundário e dedicou-o à mãe, ao irmão e "a todos os sonhadores por aí, em sítios como a Ucrânia e a Venezuela". Não se esqueceu de todos os que morreram de SIDA e os que amam quem querem. Apesar de ter sido o melhor discurso da noite, tive uma amiga que me lembrou que  "só se esqueceu dos/as trans, mas a esses e essas ninguém os/as quer."
Lupita Nyong'o "roubou" o oscar de melhor actriz secundária à favorita Jennifer Lawrence. Discurso também emocionado: "No matter where you're from, your dreams are valid".
Eu vi o "Gravity". Achei a ideia do filme boa, o facto de ser quase em tempo real e os monólogos da Sandra Bullock são muito bons. E lembro-me que deu para sentir a claustrofobia e o medo. Quando os óscares técnicos estavam a ser atribuídos sem parar a este filme, cheguei a temer que também ganhasse o óscar de melhor actriz. Aí reagi e escrevi: "Se a Sandra Bullock ganhar o oscar atiro-me para o chão!".

copyright: Ellen DeGeneres
copyright: John Shearer/Invision/AP
copyright: Reuters


Vi "Blue Jasmine" e "August Osage County" (aos quais dedicarei um post). Nestes dois, a melhor interpretação foi sem dúvida a da Merly Streep. Como alguém disse "devem ter trocado os envelopes". Desta vez não houve choro no discurso. Fez lindos elogios às outras candidatos. E sim, o universo feminino ainda tem público!
Quanto ao oscar de melhor actor, ainda não vi o filme "Dallas Buyers Club",  mas parece que valeu a pena perder 20 kgs Matthew Mcconaughey! Só lamento o discurso... Esquecer-se de mencionar os doentes com SIDA não tem desculpa...
"12 years a slave" ganhou melhor filme, melhor argumento adaptado e melhor actriz secundária. Vou vê-lo sem falta. "Wolf of Wall Street" (que vi) e "American Hustle" (que não vi mas quero muito ver) foram os grandes derrotados.

Oscars 2014

Best Picture
12 Years a Slave
American Hustle
Captain Phillips
Dallas Buyers Club
Gravity
Her
Nebraska
Philomena
The Wolf of Wall Street
Best Actor
Christian Bale (American Hustle)
Bruce Dern (Nebraska)
Leonardo DiCaprio (Wolf of Wall Street)
Chiwetel Ejiofor (12 Years a Slave)
Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club)
Best Actress
Amy Adams (American Hustle)
Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Sandra Bullock (Gravity)
Judi Dench (Philomena)
Meryl Streep (August: Osage County)
Best Supporting Actor
Barkhad Abdi (Captain Phillips)
Bradley Cooper (American Hustle)
Michael Fassbender (12 Years a Slave)
Jonah Hill (Wolf of Wall Street)
Jared Leto (Dallas Buyers Club)
Best Supporting Actress
Jennifer Lawrence (American Hustle)
Lupita Nyong'o (12 Years a Slave)
Julia Roberts (August: Osage County)
June Squibb (Nebraska)
Sally Hawkins (Blue Jasmine)
Best Director
Martin Scorsese (The Wolf of Wall Street
David O. Russell (American Hustle)
Alfonso Cuarón (Gravity)
Alexander Payne (Nebraska)
Steve McQueen (12 Years a Slave)
Best Adapted Screenplay
John Ridley (12 Years a Slave)

Julie Delpy, Ethan Hawke & Richard Linklater (Before Midnight)
Terence Winter (The Wolf of Wall Street)
Billy Ray (Captain Phillips)

Steve Coogan and Jeff Pope (Philomena)
Best Original Screenplay
David O. Russell and Eric Singer (American Hustle)
Bob Nelson (Nebraska)
Spike Jonze (Her)
Craig Borten & Melisa Wallack (Dallas Buyers Club)
Woody Allen (Blue Jasmine)
Best Foreign Film
Denmark, The Hunt
Belgium, The Broken Circle Breakdown
Italy, The Great Beauty
Palestine, Omar
Cambodia, The Missing Picture
Best Documentary Feature
20 Feet from Stardom

The Act of Killing
Dirty Wars
The Square
Cutie and the Boxer
Best Animated Feature
The Wind Rises

Frozen
Despicable Me 2
The Croods
Ernest & Celestine
Film Editing
American Hustle
Captain Phillips
Dallas Buyers Club
Gravity
12 Years a Slave
Best Song
"Alone Yet Not Alone" (Alone Yet Not Alone)
"Happy" (Despicable Me 2)
"Let It Go" (Frozen)
"The Moon Song" (Her)
"Ordinary Love" (Mandela: Long Walk to Freedom)
Best Original Score
John Williams (The Book Thief)
Steven Price (Gravity)
Alexandre Desplat (Philomena)
Thomas Newman (Saving Mr. Banks)
William Butler and Owen Pallett (Her)
Best Cinematography
Philippe Le Sourd (The Grandmaster)
Emmanuel Lubezki (Gravity)
Bruno Delbonnel (Inside Llewyn Davis)
Roger Deakins (Prisoners)
Phedon Papamichael (Nebraska)
Costume Design
American Hustle
The Grandmaster
The Great Gatsby
The Invisible Woman
12 Years A Slave
Makeup and Hairstyling
The Lone Ranger
Dallas Buyers Club
Jackass Presents: Bad Grandpa
Production Design
American Hustle
Gravity
The Great Gatsby
Her
12 Years a Slave
Sound Editing
All is Lost
Captain Phillips
Gravity
The Hobbit: The Desolation of Smaug
Lone Survivor
Sound Mixing
Captain Phillips
Gravity
The Hobbit: The Desolation of Smaug
Lone Survivor
Inside Llewyn Davis
Visual Effects
Gravity
The Hobbit: The Desolation of Smaug
Iron Man 3
The Lone Ranger
Star Trek Into Darkness
Short Film, Live Action
Aquel No Era Yo (That Wasn't Me)
Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything)
Helium
Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (Do I Have to Take Care of Everything?)
The Voorman Problem

Short Film, AnimatedFeral
Get a Horse!
Mr. Hublot
Possessions
Room on the Broom
Documentary Short Subject
CaveDigger
Facing Fear
Karama Has No Walls
The Lady in Number 6: Music Saved My Life
Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall

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