Seguiu-se a brilhante
conversa entre um dos maiores pensadores contemrâneos, Eduardo Lourenço, e uma
das vozes mais bonitas de Portugal e um grande condutor de conversas, Carlos
Vaz Marques.
A penúltima sessão do dia foi
“Música e liberdade”. Aline Frazão, Amélia Muge, Mitó e Lura moderadas por José
Carlos Araújo. Não percebo muito de música e tão pouco estou actualizada com as
novas tendências. De todas estas pessoas só reconheci a Amélia Muge mas nem
sequer conheço o trabalho dela. De todas, foi a que melhor falou.
Aline Frazão veio de Angola
para estudar jornalismo e acabou na música. Falou de outro tipo de realidade:
ter comida na mesa”. Falou da falta de democracia em Angola (esta, real). Falou
de míninos necessários numa sociedade, finalmente já ultrapassados em Portugal:
“comida na mesa, escola e assistência médica”.
Lura disse que para ela “a
liberdade é posta ao serviço de Cabo Verde e que serve para ultrapassar a
timidez e a dizer aquilo que sente em palco”.
Mitó é vocalista da A naifa. Tem uma voz poderosa mesmo sem
cantar. Um corpo tão franzino e uma voz tão forte. Não a conhecia. De todas
foi, talvez, a que apresentou um discurso mais radical: “nunca deixem de de
pensar pela vossa cabeça nem de lutar pelos vossos direitos”. Falou da música Tourada que foi reinterpretada por ela e
que descreve o ambiente político e social de 1973 que é muito semelhante ao de
2014”. Exagerada, no mínimo. A Mitó em 2014 pode fazer estas afirmações sem que
nada lhe aconteça e em 1973 nem nascida devia ser, e com mais certeza ainda,
não poderia fazer estas afirmações, de facto. Mas tenho a certeza que deve ser
muito melhor intérprete do que comentadora política.
A última sessão do dia foi
do Governo Sombra. Começaram por
falar da vitória de António Costa, o Gandhi de Lisboa, como o apelidou um
jornal indiano. E da sua primeira atitude enquanto líder do PS: “abster-se
violentamente de citar Seguro”. Imaginaram o futuro de António José Seguro como
Provedor da Santa Casa da Misericórdia. Criticaram a “maneira de ser muito
plástica” de Seguro, “como se tivesse uma vassoura num sítio que os pombos são
analisados na China”.
João Miguel Tavares foi
indicado para Ministro do perímetro (orçamental), Pedro Mexia para Ministro da
estupidez e Ricardo Araújo Pereira para Ministro das condições.
A parte que mais gostei foi
quando falaram de um artista de Braga (na verdade, de Barcelos) que fez os
bustos comemorativos do centenário da República. Pelo vistos, este artista, já
tinha apresentado uma obra Padres,
Prostitutas e Paneleiros (aka 3P’s) que mostrava “o padre a colocar as mãos
nas nádegas das duas restantes entidades”.
Mesmo no final, o João
Miguel Tavares, mostrou o livro com a obra completa de Machado de Assis editado
pela Glaciar com a Academia
Brasileira das Letras e que estará disponível em todas as bibliotecas públicas
nacionais.
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