sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Dia 1 - Florença

Florença, 9 de Dezembro 2018

Venho pela primeira vez a Florença para ver a exposição da Marina Abramovic "The cleaner". Para além disso, apesar de todas as maravilhas que me disseram sobre a cidade, dos monumentos, da história, da paisagem, da atmosfera, da comida, dos vinhos, da arte, Florença nunca esteve entre as cidades italianas que tinha mais interesse em conhecer. Como já disse alguém, vim (apenas) para ver e andar por aí. (Mas) ledo engano! E fiquei fascinada pela cidade, pelo ritmo, pelas decorações de Natal, pela proibição de carros em muitas ruas do centro histórico, pelo vinho, pela comida, pela quantidade de pessoas que andam de bicicleta, pela conservação dos edifícios, pela limpeza (comparativamente com outras cidades italianas). 

Saí de Genova às 18:52 no comboio Frecciabianca. Os bilhetes, comprados com a devida antecedência, numa modalidade Super economy (que não permite mudanças nem reembolsos), vale muito a pena, principalmente , em primeira classe. A viagem foi directa de Genova à estação de Campo de Marte em Florenca. Teria, depois que mudar para um comboio regional que me levasse à estação de Santa Maria Novella, mais no centro da cidade e onde o meu hotel ficava. A viagem correu muito bem. A carruagem quase vazia, que é o que se pretende quando se escolhe a primeira classe. Dormi parte do caminho, o que é uma raridade. O comboio saiu a horas, em direcção a Roma. Tudo a parecer perfeito. Já estávamos na primeira estação de Florenca quando percebemos que algo se passava. Uma avaria qualquer numa das linhas que nos deixou parados mais de 50 minutos. O que fazer a não ser esperar? Após quase uma hora, o comboio lá retomou o trajecto e cheguei à estação de Campo de Marte. Quase ninguém. Passava das 11 da noite. Todos os comboios atrasados. Saí em direcção à entrada da estação e nenhum táxi disponível. Chamei um táxi com uma aplicação que uso em Genova e em aproximadamente 5 minutos tinha um táxi. Chovia. Cheguei ao hotel rapidamente, já que a distância não chegava aos 5 km. Paguei 20 euros.  Fiquei no hotel Diplomat da cadeia C-hotels. Escolhi este hotel pela localização, mesmo ao lado da estação de S. Maria Novella, e porque gostei do preço, do estilo minimalista do hotel e dos comentários. Só não vou dar 5 estrelas porque o funcionário da recepção não foi a simpatia em pessoa. De resto, o hotel foi aquilo que prometia. O quarto não era muito grande mas tinha uma cama de casal, uma vista agradável, com um chuveiro bom. Nada a reclamar. 

Acordei antes das 7 da manhã, ainda vi o o sol nascer. Voltei para a cama porque ninguém merece madrugar ao fim de semana, mesmo quando Florença nos chama lá fora. Acordei a tempo de tomar o pequeno-almoço e voltei para a cama. Por volta das 11 saí e não quis saber dos conselhos, das dicas, do Lonely planet, dos mapas... Saí para ver, apenas. Fui em direcção ao rio Arno, sem saber. Exactamente na Ponte antes da Ponte Vecchio. Estava um dia lindo. Céu azul. Temperatura amena. Caminhei ao longo do Arno, passei junto ao Museu Galileo, mas não entrei. Tirei a foto da praxe com a Ponte Vecchio ao fundo. Não passei pela ponte. Demasiada gente, demasiada confusão. No Uffizi está patente uma exposição do Leonardo da Vinci sobre um dos códigos. Debaixo dos claustros, os emigrantes de leste fingem que são pintores. Deixei-me enganar em Roma, não serei enganada mais. Vi as estátuas dos grandes: Dante, Leonardo, Michelangelo. [Aprendi com o meu colega de gabinete, de nome Pietro, nascido em Florença, a quem também chamam Ulisses, com cabelo e um longa barba ruiva, que em Florença referem-se a Leonardo Da Vinci como Leonardo e não Da Vinci]. Foi aqui que comecei a achar Florença mais do que esperava. Na Piazza della Signoria é de ficar de boca aberta com as reproduções de David, Hércules, Porseus e Neptuno (que está a ser reconstruído). Sento-me no chão apenas a olhar. E reconheço que preciso rapidamente de um dicionário de personagens mitológicas gregas. Esqueço-me do tempo. Daqui sigo para a casa de Dante. E depois sigo as ruas até ao Duomo. Não porque queria ver o Duomo mas porque queria ver a famosa cúpula. E especificamente queria ver a cúpula desde a Caffetaria delle Oblate situada na Bilioteca com o mesmo nome. Quando chego perto do Duomo e vejo aquela maravilha e o tamanho daquela obra de arte, rendo-me. Que obra explêndida. Não consigo fechar a boca tal é a minha surpresa. Não houve nenhum livro, foto, descrição, publicidade que descrevessem o que o Duomo é na realidade. Só vendo ali. Não há como a duas dimensões reproduzir a magnitude e a beleza de tão maravilhoso monumento. Ainda continuo em choque. Foi das coisas mais bonitas que vi na vida. Mesmo. E daqui sigo para a tal cafetaria que tem uma das vistas mais bonitas do Duomo, ou pelo menos, da mundialmente conhecida cúpula do Duomo de Florença. Não são mais do que 5 minutos a pé. Mas o que descubro? Dia 8 de Dezembro, feriado. Não só está fechado nos feriados como aos domingos. Voltarei. Mas como a desilusão é grande, não como desde o pequeno almoço e já passa das 4 da tarde, entro no primeiro restaurante que vejo. Espreito pela janela. Tem umas bonitas toalhas de pano aos quadrados brancos e vermelhos e umas peças de carne que darão origem ao famoso bistecca alla fiorentina. São 200 a 400 g de carne. Teria que estar faminta para conseguir comer essa quantidade, e mesmo assim, duvido. Não sei o que me fez entrar. Mas pareceu-me agradável, aconchegante, com uma luz discreta (como a Blanche Dubois gostaria). A essa hora ainda havia gente a almoçar e quem me atendeu foi muito simpático e prestável. Vi várias garrafas em cima do balcão e pedi opinião sobre qual deveria optar. Decidi-me por um Chianti, seguindo a sugestão. Depois pedi uma bruschetta que estava maravilhosa de tão simples. Não estava esfomeada, o que melhora a qualidade da apreciação. Eram três fatias de pão (com uns 3 cm) sem sal (como é típico em Florença), com quadrados pequenos de tomate com sal e azeite. Só isto, simplesmente. Acho que o segredo era a qualidade dos produtos. E pedi, também, uma tábua de queijos que veio acompanhada de uma compota de alperce e mel. Na maioria das cidades turísticas, entrar num restaurante assim às cegas, sem uma recomendação, pode revelar-se uma péssima experiência. Não foi o caso. Este restaurante de nome “Lo scudo”, mesmo junto ao Duomo, foi uma escolha muito acertada.


Depois, andei pelas ruas a ver e a entrar nas lojas. As ruas estavam repletas de gente e muito bem decoradas com enfeites e luzes de Natal. Gostei especialmente de uma loja Legami (www.legami.it) que é semelhante à Tiger mas ainda melhor, para pessoas viciadas como eu em esferográficas, cadernos, lápis, borrachas... No fim do dia fui tomar um aperitivo ao Eataly.














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