terça-feira, 8 de novembro de 2016

Go, go Hillary

Eu acompanhei e estive na campanha para as eleições  americanas em 2008 que elegeram Barack Obama como o primeiro presidente afroamericano (afrodescendente, preto, negro, como lhe queiram chamar). Vi o concerto com a G. que Bruce Springsteen fez de surpresa em Philly de apoio a Obama. Fez há pouco exactamente 8 anos. Nesse ano os democratas escolheram Obama em vez de Hillary por uma unha negra. 

Adriana Calcanhotto, que é nora de Vinícius de Moraes, conta a história que Obama descreve na sua autobiografia sobre quando a sua mãe viu o filme “Orfeu” de Marcel Camus baseado no Orfeu da Conceição de Vinícius. Nos anos 50, a mãe de Obama, uma caucasiana da classe média americana percebeu as possibilidades daquele filme. E, também influenciada pelo filme, ela, uma mulher branca, apaixonou-se por um homem negro do Quénia (muito parecidos com o actor que vive o protagonista no filme). E desse amor improvável, na América conservadora e racista dos anos 50, em que os negros não tinham os mesmos direitos que os brancos, nasceu aquele que viria a ser o primeiro presidente americano mulato da História.

Eu desde sempre sou uma apoiante de Hillary. Li todas as biografias dela. Sei a força daquela mulher. A vida académica dela desde o famoso Wellesley College até Yale. Foi uma bem sucedida jurista em Washington na comissão do impeachment do Nixon. Soube o sabor da derrota quando reprovou no exame à ordem para exercer advocacia em NY. Mudou-se para o cu de Judas do Arkansas, a América profunda para ser o suporte do marido como governador desse estado. Foi uma das mais bem sucedidas advogadas da sua geração. Todas as biografias são unânimes em considerá-la uma grande profissional e todas destacam que era muito mais bem sucedida economicamente do que o marido. O resto, já toda a gente sabe. Tornou-se Primeira-Dama. Passou o inferno que se conhece pelo marido. Foi secretária de Estado de Obama e ultimamente Senadora pelo estado de NY. 

Podia escrever imenso sobre o que me leva a apoiá-la. Mas neste momento, estou mesmo preocupada e apreensiva sobre a possibilidade de Trump ganhar. Ainda não estou refeita da surpresa do BREXIT. E a possibilidade de Trump ganhar inquieta-me. Manter os Estados Unidos como a terra de todas as possibilidades, da liberdade é crucial para a paz no mundo. Uma mulher presidente que não descrimine nenhuma raça, a comunidade LGBT e especialmente as mulheres, como ela. Uma mulher que não quer nem apoia a construção de um muro. Uma mulher que não é uma palhaça nem diz barbaridades do nível do seu opositor. Só não percebo como Donald Trump chegou até aqui. Essa sim, deveria ser a maior das reflexões a partir de amanhã.

Tenho um autocolante no meu computador  “I’m ready for Hillary” que me deram no Pride de NY. E outro que me deram umas meninas que vendiam laranjada à porta do meu prédio de NY em apoio a Hillary.

Daqui a uma horas só quero ler: “Hillary won. Hillary is the next President of United States”.




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