quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

José Rodrigues (1925-2013)

O verdadeiro pai do meu pai morreu ontem. Sabia que ele existia, cruzei-me algumas vezes com ele mas nunca o tratei como avô. Eu sempre disse que tinha um avô, que era o materno, e Deus foi muito generoso em dar-me esse que foi tão grande. 

O pai do meu pai nunca o assumiu. Naquele tempo, foi um grande amor entre ele e a minha avó paterna mas não se casaram porque ele engravidou uma menor (atenção menor de idade significava ter menos que 21 anos!!!). Conclusão, esse grande amor de que é fruto o meu pai acabou, ou pelo menos, da forma como os dois sonharam, quando a minha avó soube que o namorado se teria de casar porque engravidara uma menor. Enredo de telenovela mexicana, certo?  O meu pai chama-se V. porque era a vontade do pai dele. Depois disso o pai dele teve mais 12 filhos e um deles também se chama V. Soube quando andava no colégio desta história porque um dos meus primos dessa parte me contou uma história que na altura, devido à minha tenra idade, eu não percebi. E só depois quando cheguei a casa é que os meus pais me conseguiram explicar. A partir daí eu soube que tinha um avô paterno verdadeiro. E os filhos dele que são tantos, sempre adoraram o meu pai. O meu pai é o filho mais parecido com o pai dele. Então, desde que cortou o bigode é igual! Claro, com as devidas diferenças de idades. Isto é o que as pessoas diziam porque na minha vida toda vi este meu avô umas 5 vezes. Há umas semanas, antes do Natal, quando estava em Lx, uma das minhas tias da parte da minha mãe disse que tinha visto este meu avô e que lhe pediu para tirar-lhe uma fotografia. Ele não sonhava quem ela era e nem lhe perguntou a razão da fotografia. Nesse dia antes do Natal, a minha tia deixou duas fotografias para mim e para o meu irmão, em casa dos meus pais. Quando vi essa fotografia, onde reconheci o sorriso lindo do meu pai, pensei que iria conhece-lo pessoalmente a troco de nada. Apenas para lhe dizer como reconhecia nele o meu pai. Não cheguei a tempo de fazer isso. Há quatro dias teve um derrame cerebral e sabia que era muito grave. Cheguei a telefonar para o Hospital na terça para saber como estava, acabou por morrer nessa madrugada. Hoje foi o funeral e pude perceber em todos os meu tios o quanto eles são parecidos com o meu pai. São tantos irmãos e reconhecem o meu pai como um deles. Há coisas que têm que ser feitas no momento certo ou nunca mais. 

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