domingo, 24 de junho de 2012

Pride em NY

Enquanto escrevo estou sentada num café pequenino em West Wilage chamado 11th street Cafe. Queria ter encontrado um café que descobri com o L. no ano passado no dia do pride. Mas como sempre, quando não tomo noto, a minha memória (extremamente) selectiva aka “de peixe” descarta tudo.

Hoje no dia do Pride, tudo lá fora é multidão. Multidão de pessoas, de lixo, de cores. Este ano celebra-se o primeiro Pride depois da legalização do casamento em NY. Como a maioria das pessoas que me conhece sabe, não sou grande adepta de multidões, nem de manifestações, sejam elas referentes ao que for. Provavelmente, este é um traço da minha personalidade. Acho o significado de todas as manifestações importantes, eu é que não participo nelas. Mas estar em NY e não assistir ao Pride é daquelas coisas, que quem tiver oportunidade, não deve perder a experiência. Tanta gente, tão diferente, diferentes tribos e credos. Mas há uma parte muito exibicionista e folclórica. Homens quase nus, travestidos, demasiado maquilhados, drag queens, algumas mulheres a mostrar as mamas, mas a indumentária dominante parece ser a moda dos minúsculos calções, quer se tenha corpo ou não. Faz parte do show, como diz a música. Invejo, muito honestamente, a auto-estima destas pessoas.

Este ano vim ao Pride, lamento, não para ver a marcha mas para encontrar as massagens de 10 mins a 10 dólares de asiáticos no Pride Street Fair que acontece na Hudson Street desde a W 14 até (quase) à 11. Já estava desanimada quando, finalmente, encontrei a barraca das massagens. Estava mesmo a precisar. O senhor (que não falava inglês) mas que no fim soube dizer “dear, tip!”, insistiu no meu ombro esquerdo e aquilo doeu mesmo e depois demorou-se no trapézio...será este o nome?....No final dos 10 minutos não sei se saí de lá melhor ou pior.... sei q saí a ver mal do olho esquerdo por estar com a cara enfiada naquelas cadeiras... No percurso ainda me colaram um autocolante  “Obama Pride”!

Ontem fui jantar a um restaurante português, Pão, que (quase) todos os portugueses que moram em NY conhecem. Portugueses mesmo, só este, o Alfama e o de inspiração portuguesa, nouvelle cuisine, com uma estrela Michelin, o Aldea. Fiquei na esplanada. Estava uma noite quente, abafada, como a maioria das noites de verão de NY, quase não corria brisa, mas talvez por estar perto do rio, torna-se uma das zonas mais suportáveis de se estar.
Comi um caldo verde, pastéis de bacalhau e ameijoas à Bulhão Pato, acompanhado por um branco Quinta de Cabriz. Para sentir-me ainda (bem) mais culpada comi uma mousse de chocolate. Para desgastar, e porque estava mesmo cheia, resolvi andar, que é uma coisa que aprendi a gostar em NY. Sempre ruas diferentes, percursos alternativos, nunca nada é igual.  Da Spring Street segui até à 34 (Penn Station). O melhor destes percursos são sempre as pessoas. E ontem, particularmente por ser sábado, como deve acontecer em todas as cidades do mundo, os subúrbios “visitam” a cidade. Por muitos lugares que frequente, ao sábado à noite, parece que há uma hegemonia na vestimenta. Aqueles vestidos colados ao corpo que deixam (quase) tudo à vista. Podia até ter um toque de classe, mas não, este traje não favorece a maioria das pessoas, digo eu. Mesmo as mulheres com o corpo melhor do mundo ficam com um aspecto vulgar.  E então, ontem no meu percurso era vê-las a passar por mim todas iguais, só as cores mudavam, e os tamanhos. A maioria, não sei bem qual a razão usa números que lhes deixaram há muito de servir. E a maioria também, tenta equilibrar-se, o melhor que pode (e sabe), nos seus saltos altos. Nunca vi tanta gente a não saber andar de saltos altos! É quase um esterótipo.

Agora, vou para o lab, onde me esperam umas boas horas entre trocar os meios às células, captar no microscópio o batimento das células nos meus materiais e aproveitar o tempo a “correr” PCRs.


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