sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Eleições autárquicas

Se eu votasse em Lisboa, o meu voto iria para António Costa. Nas eleições municipais há mais claramente a percepção do que foi feito. E não podemos dizer que Lisboa está pior. Lisboa, está de facto melhor. Para além disso, a equipa deste candidato parece-me muito boa, na sua maioria. Só não simpatizo com o José Sá Fernandes. Quanto a Fernando Seara, não vou alongar-me em críticas nem explicá-las. Só refiro que este candidato, tais como tantos outros, beneficiaram de uma lei propositadamente ambígua para que suscitasse a dúvida na sua interpretação. Esta lei poderia ter sido clarificada pelos deputados. Eles assim não quiseram e deixaram para os juízes  o poder da dúbia interpretação. Desconheço na totalidade a  obra de Fernando Seara na Câmara de Sintra e o seu desempenho como presidente. Mas as declarações dos parafusos e o “tu, pour moi, viens de charrette”... sem comentários...

O Luís Filipe Menezes é outro dos que não teria o meu voto, pela mesma razão, e não só. Como presidente da Câmara de Gaia foi um despesista. Quem ganhar as eleições que assuma as dívidas. Como Presidente do PSD foi uma nulidade. Já para não falar do lamentável discurso que teve há uns anos num célebre congresso do PSD que queria apelar ao pequenismo e bairrismo do norte acusando os companheiros de partido de “sulistas, elitistas e liberais”... Saiu do palco debaixo de apupos e assobios. Espero muito sinceramente que o Rui Moreira seja o vencedor. Para mim tem o melhor programa, tem uma carreira que fala por ele, tem apoiantes de peso e um Vereador da cultura que de certeza absoluta vai deixar marcas no Porto, como o fez, na Capital Europeia da Cultura em 2001.

Por último, a cidade onde vou votar, Braga. Há décadas governada em regime feudal por Mesquita Machado e companhia. A cidade rainha dos elefantes brancos, dos parques de estacionamento subterrâneos, e agora quase toda a superfície paga. Dizem que é a cidade dos arcebispos mas para mim é a cidade dos empreiteiros. Agora, coitados, por conta da crise declararam todos insolvência e foram procurar ares melhores, como os africanos. Uma cidade em que o crescimento habitacional cresceu em sentido contrário ao da qualidade arquitectónica. Há uma zona de Braga que parece o Cacém. Serviu para enriquecer empreiteiros, agentes imobiliários, empresários... Uma cidade em que as relações promiscuas entre política,  futebol e religião nunca se distinguiram. Conheço mal o Ricardo Rio. Mas acho impossível alguém fazer pior do que o seu antecessor. Cultura em Braga é zero. Com uma das mais belas e equipadas salas do país (Theatro Circo) é uma vergonha ser ultrapassada por cidades vizinhas populacionalmente menores como Guimarães e V.N. Famalicão. Braga tem uma das maiores e mais bem classificadas universidades portuguesas mas há um fosso gigantesco entre o campus e a cidade. Para não falar da recolha de lixo que parece da época mediaval. Não existem contentores nas ruas para lixo orgânico. Os sacos de lixo são colocados nas calçadas das ruas, à espera que os recolham, e que os animais (que também são uns dos mais afectados pela crise)  não os desfaçam à procura de comida.


Quanto à possível gigantesca abstenção só digo uma coisa: imitemos o Brasil. Já que as pessoas não sabem valorizar o quanto é importante votar e ter esse direito que pode mudar o seu mundo, as pessoas deviam ser punidas se não o fizessem. Provavelmente muito pouca gente se lembra que as mulheres antes do 25 de Abril não tinham direito de voto. Hoje, democraticamente, podem decidir não votar. Se não se identificam com nenhuma candidatura, existe sempre o voto de protesto, branco ou nulo.Agora, não votar, é um atentado à democracia. Se fosse eu que mandasse era como no Brasil: multa e passaporte suspenso enquanto não a pagarem. E aí veríamos quem não votaria. A desculpa esfarrapada do bom tempo e da praia serem o maior amigo da abstenção cai por terra este ano... o mau tempo impera!

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