Se eu votasse em Lisboa, o meu voto iria para António Costa.
Nas eleições municipais há mais claramente a percepção do que foi feito. E não
podemos dizer que Lisboa está pior. Lisboa, está de facto melhor. Para além
disso, a equipa deste candidato parece-me muito boa, na sua maioria. Só não
simpatizo com o José Sá Fernandes. Quanto a Fernando Seara, não vou alongar-me
em críticas nem explicá-las. Só refiro que este candidato, tais como tantos outros,
beneficiaram de uma lei propositadamente ambígua para que suscitasse a dúvida
na sua interpretação. Esta lei poderia ter sido clarificada pelos deputados.
Eles assim não quiseram e deixaram para os juízes o poder da dúbia interpretação. Desconheço na
totalidade a obra de Fernando Seara na
Câmara de Sintra e o seu desempenho como presidente. Mas as declarações dos
parafusos e o “tu, pour moi, viens de charrette”... sem comentários...
O Luís Filipe Menezes é outro dos que não teria o meu voto,
pela mesma razão, e não só. Como presidente da Câmara de Gaia foi um
despesista. Quem ganhar as eleições que assuma as dívidas. Como Presidente do
PSD foi uma nulidade. Já para não falar do lamentável discurso que teve há uns
anos num célebre congresso do PSD que queria apelar ao pequenismo e bairrismo
do norte acusando os companheiros de partido de “sulistas, elitistas e liberais”...
Saiu do palco debaixo de apupos e assobios. Espero muito sinceramente que o Rui
Moreira seja o vencedor. Para mim tem o melhor programa, tem uma carreira que
fala por ele, tem apoiantes de peso e um Vereador da cultura que de certeza
absoluta vai deixar marcas no Porto, como o fez, na Capital Europeia da Cultura
em 2001.
Por último, a cidade onde vou votar, Braga. Há décadas
governada em regime feudal por Mesquita Machado e companhia. A cidade rainha
dos elefantes brancos, dos parques de estacionamento subterrâneos, e agora
quase toda a superfície paga. Dizem que é a cidade dos arcebispos mas para mim
é a cidade dos empreiteiros. Agora, coitados, por conta da crise declararam
todos insolvência e foram procurar ares melhores, como os africanos. Uma cidade
em que o crescimento habitacional cresceu em sentido contrário ao da qualidade
arquitectónica. Há uma zona de Braga que parece o Cacém. Serviu para enriquecer
empreiteiros, agentes imobiliários, empresários... Uma cidade em que as
relações promiscuas entre política, futebol e religião nunca se distinguiram.
Conheço mal o Ricardo Rio. Mas acho impossível alguém fazer pior do que o seu
antecessor. Cultura em Braga é zero. Com uma das mais belas e equipadas salas
do país (Theatro Circo) é uma vergonha ser ultrapassada por cidades vizinhas
populacionalmente menores como Guimarães e V.N. Famalicão. Braga tem uma das
maiores e mais bem classificadas universidades portuguesas mas há um fosso
gigantesco entre o campus e a cidade. Para não falar da recolha de lixo que parece
da época mediaval. Não existem contentores nas ruas para lixo orgânico. Os
sacos de lixo são colocados nas calçadas das ruas, à espera que os recolham, e
que os animais (que também são uns dos mais afectados pela crise) não os desfaçam à procura de comida.
Quanto à possível gigantesca abstenção só digo uma coisa:
imitemos o Brasil. Já que as pessoas não sabem valorizar o quanto é importante
votar e ter esse direito que pode mudar o seu mundo, as pessoas deviam ser
punidas se não o fizessem. Provavelmente muito pouca gente se lembra que as
mulheres antes do 25 de Abril não tinham direito de voto. Hoje,
democraticamente, podem decidir não votar. Se não se identificam com nenhuma
candidatura, existe sempre o voto de protesto, branco ou nulo.Agora, não votar,
é um atentado à democracia. Se fosse eu que mandasse era como no Brasil: multa
e passaporte suspenso enquanto não a pagarem. E aí veríamos quem não votaria. A
desculpa esfarrapada do bom tempo e da praia serem o maior amigo da abstenção
cai por terra este ano... o mau tempo impera!
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