quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Um café com... Carlos Fiolhais e Carlos Grosso (Escolas do futuro)

Depois de um almoço gigantesco, com todos os participantes sentados, e a ementa em que constava de um gaspacho, bacalhau fresco com puré de batatas e espinafres e um bolo de chocolate com framboesas e groselhas, regado a vinho branco, chegou a sessão da tarde. Estive uns minutos à conversa com o Ruben Alves (realizador d’A Gaiola dourada). Segui para o debate “A Europa precisa de Deus” moderado pela Maria Flor Pedroso e com João Pereira Coutinho, Manuel Braga da Cruz e Joana Amaral Dias.

A última conversa que assisti foi entre o Carlos Fiolhais, Professor Catedrático de Física  e Carlos Grosso, Professor de Matemática no Liceu Pedro Nunes. Começaram por evocar Rómulo de Carvalho poeta, historiador das ciências, pedagogo, físico... O seu pseudónimo como poeta foi António Gedeão, para os mais distraídos.
Ficamos a saber que os estudos indicam que metade da população portuguesa entre os 15 e os 64 anos não têm mais do que ensino básico.

Gostei muito de ouvir falar o Carlos Grosso que defendeu que a escola do futuro tem que ser mais autónoma, mais exigente e mais disciplinada. Disse também que os alunos devem estar em carteiras individuais para não se distraírem aos pares. Falou também da falta de pontualidade dos alunos, que as aulas começam às 8:20 e a essa hora muitos deles ainda estão à entrada da escola. Foram abordadas muitas questões, como por exemplo, o número de alunos por sala de aula vs o seu desempenho académico. A maioria defende que quantos mais alunos pior o desempenho escolar e piores notas. Eu discordo. Primeiro porque no meu tempo as disciplinas tinham sempre mais do que 30 alunos. Segundo, quando entramos para a universidade era ver as turmas de Análise Matemática, Física e afins com mais de 300 alunos... para não falar dos anfiteatros dos cursos de Direito e Medicina nas respectivas aulas teóricas.

Falou-se também do estigma e do preconceito que existe em assumir que é necessário haver diferentes caminhos para as diferentes vocações dentro da escola. Qual a razão de ser tão difícil de aceitar que há pessoas mais vocacionadas para a continuação do estudo académico e outros para o estudo mais  profissional. É indesmentível que o séc. XX pedia sobretudo bons trabalhadores e que o grande desafio do séc. XXI é sobretudo dos pensadores.

Ouvi histórias entusiasmadas de professores aposentados e outros no activo. A paixão com que falavam da sua experiência, de como ajudaram a mudar mentalidades e a incentivar pessoas. Ouvi sobretudo relatos comoventes de professores que ajudaram a formar gerações. Saí esperançada e convencida que o ensino em Portugal, enquanto tiver professores com vocação, terá um futuro promissor.

copyright: Pedro Rocha/Global imagens

copyright: Álvaro Isidoro/Global imagens

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