sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O dia da liberdade chegará

Ainda hoje, passados 4 anos, não consigo lembrar-me daquele dia. Ainda hoje, depois de muita ajuda, de muitas palavras, de muitos conselhos, de muitos químicos legais, de muitos comprimidos, de muitas insónias, de noites e noites sem dormir, de muitas lágrimas vertidas, de muitas lágrimas que secaram, continuo a ter medo daquele dia. E fechei-o em qualquer lugar dentro de mim para nunca mais lá voltar. Não há nenhum dia que ao lembrar-me de pequenas partes  (que aparecem sem avisar), a que imediatamente fujo, consigo não chorar. A maior injustiça de todas. O maior mal que se fez a algumas pessoas com o objectivo de se atingir apenas uma. O maior mal, o maior de todos, foi causado a duas crianças. E uns pais que criaram filhas inaptas para enfrentarem como adultas a sociedade apoiaram a birra e a maldade de uma filha contra o supremo interesse dos netos. O tempo e a memória permanecerão. E essa verdade imutável será a que sempre terão que se confrontar na vida. O peso do mal que fizeram. E eu só espero e peço que estes (inúteis) quatro anos não tenham interferência (negativa) na personalidade e carácter dos meus sobrinhos. Que sejam homens bons. Que a maldade nunca lhes afecte o juízo. Que sejam sérios e honestos. Que nunca precisem (mais) de mentir e de esconder o que sentem. Que se guiem sempre pela frase “A verdade liberta”. Que parem de me pedir “eu quero ficar com o pai” quando eu não tenho poder nenhum e quando eu nada nada posso fazer a não ser lutar para que seja feita justiça. É com essa fé, com que nasci, e profunda convicção e optimismo, nos homens, que espero que na terça seja feita justiça. Sem represálias, sem vinganças, sem acertos de contas. Só pelo bem de duas crianças que sabem (desde sempre o que querem) mas que sempre tiveram medo de falar a verdade. Para que nunca mais na vida tenham medo daquilo que sentem e que a partir de terça sejam seres humanos livres. “Não há mal que dure sempre, nem bem que sempre acabe”.

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