segunda-feira, 16 de novembro de 2015

13 de Novembro de 2015 – Os atentados em Paris

Na semana passada as discussões e os assuntos dos telejornais portugueses andaram à volta da queda do governo, da legitimidade do PS associado com o BE e CDU para ser governo e na tentativa de adivinhação de o PR daria ou não posse a um governo de esquerda.  E eu passei a semana a discutir com as pessoas próximas as notícias, passei a semana a irritar-me com pouco e até fui (injustamente) apelidada de ultra reaccionária!

Na sexta, depois de jantar em casa dos meus pais com os meus sobrinhos e o meu irmão, fui para casa e quando liguei a tv deparei-me com um cenário de horror. Não queria acreditar que tão perto, na Europa, na capital do país da liberdade, igualdade e fraternidade as imagens pareciam de filme. Há poucos dias tinha sido o avião da companhia aérea russa saído de Sharm El Sheik. E o atentado no Líbano. Sexta feira, 13, o inferno estava em Paris. O que meia dúzia de pessoas pode provocar na liberdade de cada um de nós. Não tenho respostas nem soluções. Só tenho muitas perguntas que provavelmente não têm respostas. Os terroristas que lançaram o terror em Paris e que morreram nas suas acções fizeram-no porquê? Não são refugiados, nem migrantes, nem emigrantes. São cidadãos europeus nascidos e criados em países democráticos e livres. Não culpem os refugiados que fogem do mesmo terror e que se sujeitam a morrer para encontrar a paz.


Como tudo muda muito de repente. Como relativizamos tudo perante o horror e a tragédia. Na semana passada discutíamos a maior ou menor legitimidade de partidos democráticos assumirem um governo democrático. E na sexta à noite choramos pela imensa tragédia. Pessoas livres numa sexta-feira à noite que só procuravam divertir-se e descontrair. Ainda me custa a acreditar que não esteja a sonhar. A verdade, é que não estamos seguros em lugar nenhum. E agora, ou vivemos com medo e deixamos de fazer a nossa vida normal ou reagimos e fazemos tudo aquilo que o EI nos quer proibir de fazer. Muita coisa terá de ser repensada pelos líderes mundiais e novas soluções têm de ser encontradas para esta nova forma de guerra. Nesta guerra sem nome não há regras. 




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Paulo Cunha e Silva (1962-2015)

Passava pouco das 9 da manhã quando ouvi na Antena 1 a notícia da morte de Paulo Cunha e Silva. Morreu, subitamente, aos 53 anos de enfarte agudo do miocárdio. Saiu inesperadamente de cena. Uma árvore que morreu de pé. Uma grande pena. Deixa um enorme vazio. A perplexidade de todas as pessoas pelo desaparecimento de quem parte tão jovem. Um choque profundo. Angústia e dor. A vida, sempre imprevisível. Tão breve, neste caso. Mas com certeza que viveu cada segundo como nunca mais e a uma velocidade impressionante e difícil de acompanhar.

Médico (que nunca exerceu), Doutor pela Universidade do Porto, professor universitário, adido cultural, crítico de arte, programador cultural, Vereador da Câmara do Porto, amigo, irmão, tio, inesquecível. Passou a vida a cruzar as artes com todas as ciências. Sabia fazer ligações, sabia unir as pessoas em torno das causas em que se envolvia. Tinha uma grande capacidade de gerar consensos.

A unanimidade da descrição, de quem e como era, é reveladora: “um génio bom e generoso”, orgulhoso, lutador, criativo, empenhado, caustico, humano, conhecedor,  profundo, interior, sábio, feliz, confiante. Amigo, simpático, optimista. Único,  genial, ímpar, provocador, entusiasta, vibrante, insubstituível.

Tal como na vida, na morte, a estética não foi esquecida. O velório no Teatro Rivoli que ele devolveu à cidade e ao povo. Com a urna no centro do palco, iluminada apenas por uma luz ténue, e um piano. Ao fundo, uma fotografia gigante, recente de há duas semanas quando acabara de ser condecorado pelo governo francês.

Milhares de pessoas participaram nas cerimónias fúnebres. O funeral de Paulo Cunha e Silva reuniu uma massa impressionante de pessoas, que acompanhou o cortejo fúnebre entre o Teatro Municipal Rivoli e a igreja da Lapa. Uma dose extra de emoção, ao ser ovacionado longamente, em frente à Câmara Municipal. Os elogios fúnebres foram feitos por Rui Moreira, pelos sobrinhos e pelo companheiro Miguel.

Muitos recordam o muito que fez mas sobretudo têm pena daquilo que não teve tempo de fazer. É uma perda irreparável para o Porto e para o país. A cultura da cidade do Porto perde uma peça fundamental. Deixou uma cidade completamente diferente daquela que encontrou quando assumiu a Vereação da Cultura, com uma dinâmica incontrolável, esperemos que impossível de parar. As suas flores plantadas permanecerão. Como o próprio disse: “A maior forma de homenagearmos os autores e os artistas é mostrarmos a obra”.



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