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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os bichos

Nunca tive animais de estimação. O meu pai sempre teve peixes e tartarugas. E tivemos um canário que se chamava Francisco. De resto, tirando os cães dos meus avós na infância, a minha experiência era quase nula. Quanto a gatos, durante anos detestei-os porque quando tinha 3 anos, para largar a chupeta, que eu fazia questão de a perder por todos os cantos, os meus pais decidiram culpar o gato da minha avó. Levaram-me a acreditar, tal era o vício da chupeta, que o gato tinha feito cocó nela. E do que é eles se lembraram? De colocar café em pó molhado em cima da chupeta... Durante dias o gato não pode aproximar-se de mim. E durante anos tive essa injusta aversão a gatos. O pobre do gato não teve culpa nenhuma...

Anos mais tarde conheci gatos adoráveis que até pareciam cães. E ainda tinha a esperança de poder ter um. Mas com a desculpa de durante o doutoramento não ter horas para nada, as viagens serem muitas e o meu poiso mudar a cada 6 meses, desisti da ideia.

Racionalmente, eu sou a pior pessoa para ter animais domésticos. Vivo num apartamento pequeno, passo pouco tempo em casa, gosto de liberdade, gosto pouco de ter amarras, gosto de fazer o que me apetece e muitas das vezes sem planos... Agora, vejo-me com a Bu, uma cadela bebé que não deve ter mais de 4 meses e não chega aos 5 kgs. Acho que ela deve passar o dia a dormir. Se não passa, deve sofre de insónias, como eu. Passa as noites a abanar com o rabo sentada à porta do meu quarto. Quando me apanha a dormir tenta subir para a cama. Quando estou acordada, nem se atreve a entrar no quarto. Quando tomo o pequeno-almoço partilho o pão com manteiga. No início comia tudo. Agora lambe a manteiga e deixa ficar o pão. Um dia deste deixei cair leite com café no chão. Nos segundos que demorei a limpar o chão descobri que também é uma grande adepta! Quando não faço o que ela quer, gane. Quando quer ir à rua gane também. Acabei por descobrir a diferença baseada nas horas. 





terça-feira, 15 de outubro de 2013

Os ossos do ofício

Há exactamente 9 dias, ainda a Bu não sabia andar direito na rua, nem eu a sabia guiar, aconteceu-me isto. Fomos levar uma garrafas de vinho para a reciclagem e o barulho foi tanto que ela devia ter pensado que o mundo estaria a acabar e desatou a fugir. Eu, com o susto, e por ter sido apanhada de surpresa, segurei a trela como pude... antes de a segurar, a parte de plástico bate-me na mão e fez-me este golpe. Pela localização do corte que se situa numa parte delicada por ser muito perto do osso, não pude ser suturada. O que deveria ser uma ferida pequena, foi piorando com os dias, até que me imobilizaram os dedos. Hoje, finalmente vou ver-me livre da ligadura e deixar de andar "presa".







quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Bu Riscas

Faz hoje exactamente uma semana que encontrei a Bu na estrada. Um dia de sol, como tantos outros, com a S. ao lado, descíamos calmamente a Falperra até às Taipas e reparamos no que inicialmente parecia ser um cão pequenino, desorientado no meio da estrada. Não saía da estrada. Parei o carro e  fomos buscá-lo, antes que passasse à história, ou que não fizesse história de todo. Reparei imediatamente que era uma cadela. Ela encantou-se connosco e nós com ela. Não tive dúvidas. Não sei o que se me passou pela cabeça mas quis que entrasse imediatamente no carro. Foi na parte de trás com a S. a fazer-lhe festinhas o resto do caminho. Chegadas ao lab toda a gente que a viu adorou-a. Tratamos de improvisar-lhe um recipiente de água.  E nesse dia a minha vida, tal como a conhecia, mudou. Animais para mim eram seres desconhecidos. Nesse dia, comprei-lhe comida, trelas, brinquedos, desparasitei-a (interna e externamente) e dei-lhe banho. Deram-me uma bata branca velha para a levar no carro, tal era o festival de pulgas! Elas eram tantas que eu até fiquei com uma epidemia psicológica. A coceira só passou no dia seguinte.  Depois começaram as outras sagas: aprender a fazer xixi e cocó no jornal; aprender a andar na rua; regular o ritmo biológico de acordo com as idas à rua (de manhã e à noite); ensiná-la a não ganir... Até ao dia de hoje faz tudo mais ou menos com a excepção audível do ganir. Ganir é sagrado. Seja quando vou para a cama ou quando saio de casa. No primeiro e segundo dia, fez cocó e xixi por todos os cantos da casa com excepção dos quartos. Nunca a castiguei ou lhe ralhei. Foi sempre o reforço positivo: fazer a festa quando acertava! Nos dias seguintes acertou sempre e desde ontem que faz exclusivamente na rua! Grandes evoluções! Isto não seria possível, claro, sem todas as dicas preciosas de amigas experientes. Eu que nunca ia para a cama antes das duas da manhã, obrigo-me a ir a horas decentes para que a Bu faça o seu festival de voz, sem que os vizinhos percam a paciência. Às 7:30, seja sábado ou domingo, tenha ido dormir há uma hora ou a noite toda, ela dá a voz da alvorada! E eu, qual independente convicta, deixo-me dominar pelos caprichos dela. Eu que nunca saía de casa sem banho tomado, a única coisa que tenho tempo de fazer é vestir qualquer coisa, tomar a minha vacina em jejum, colocar a trela na Bu e rezar para que ela aguente até ao exterior do prédio. Das duas vezes que tentei tomar banho antes, a Bu não aguentou mais a vontade. Agora o segredo é correr bastante. Faz-me bem a mim porque retomei a actividade física e à Bu que se cansa e pode dormir bem. Depois é voltar a casa, tomar o pequeno almoço enquanto lhe atiro os ratos que ela faz questão de trazer de volta, tomar banho e rezar para que não seja um dia entusiasmado para ganir quando fechar a porta.





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