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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Segundo dia do encontro “Portugal europeu. E agora?

Cheguei atrasada para a conversa com o Prof. Adriano Moreira. Como a sala era muito pequena já não pude entrar...Contentei-me no fim de trocar umas breves palavras com tão ilustre pessoa, que apesar de atrasado para outro evento, ainda aceitou simpaticamente assinar o livro autobiográfico. Directamente para o coffee break ainda me cruzei com o Prof. João Lobo Antunes, bastante mais magro e com o look da moda entre os homens, de barba.

Fiquei-me pelos sofás a ler o DN até à hora de almoço.  Entrei no imenso pavilhão e encontrei o Ruben Alves a falar com a Fernanda Freitas. Sentei-me ao lado dele. E almoçamos com conversas de Braga a NY, de Paris à Costa da Caparica, da noite lisboeta, do inverno húmido de Portugal... A sintonia decorreu “regada” do tão americanizado hábito de coca-cola com gelo, partilhado por ambos!

Seguimos para a conversa entre o maestro Rui Massena e José Alberto de Carvalho. Este encontro foi para mim o mais imprevisível e o mais adorado! Uma conversa com muita música, onde se falar de arte, de compositores, de silêncio, de vozes. Ver o Rui Massena tocar piano como se de uma guitarra portuguesa se tratasse foi emocionante.  Assistir José Alberto de Carvalho tocar “Let it be” foi surpreendente. E depois vê-los tocar juntos um compositor francês, do qual não me lembro do nome, foi para mim que sou de lágrima fácil, a cereja no topo do bolo. Os momentos imprevistos são sempre os melhores!








A última palestra que assisti foi “Café das artes” com Ruben Alves, Bárbara Coutinho, Rui Massena e moderado por Fernanda Freitas. Quando se lhes pediu para definirem o “seu café” Rui Massena disse que era o café de casa, onde gostava de receber e estar com os amigos. Fartei-me de rir quando disse que como é que as crianças podem gostar de música quando lhes espetam com a flauta no ciclo? “A flauta tira logo a vontade para a música”.
Bárbara Coutinho disse que o “seu” café era o oposto ao turismo cultural por onde passaram grandes nomes. Gostava de um café da Caparica – Costa Nova e do Luso no Porto. Gosta do Martinho d’Arcada e de cafés onde é conhecida.
Ruben Alves destacou o café de bairro de Lisboa, onde diariamente, quando está cá toma o pequeno-almoço.  Não o faz em Paris. Em Lisboa ainda há a conversa e a partilha, coisa que não acontece nos cafés de Paris.
Discutiu-se a cultura. Se quando as massas aderem à cultura diminui a qualidade.  Que não nascemos apenas para sobreviver. E que isso passa muito pela cultura, pela arte e pela educação. Estamos apenas a dar pão e circo? É preferível ler má literatura a não ler de todo? Ou ouvir má música do que não ouvir nenhuma?




À noite tinha que optar pelo concerto do Rodrigo Leão no Jardim da Estrela exclusivo para 400 pessoas ou pela peça de teatro “Preço” de Artur Miller no Teatro Aberto...Difícil escolha. Nunca escolho, quero sempre tudo!







terça-feira, 20 de agosto de 2013

Gaiola dourada

Estreado a 1 de Agosto com uma enorme publicidade, um elenco de luxo, banda sonora do aclamado Rodrigo Leão, só restava visioná-lo. As expectativas eram grandes. Com actores como Joaquim de Almeida e a grande Rita Blanco seria difícil errar. Parte do filme é passado a rir. Exageros, hipérboles, caricaturas, pastorinhos de Fátima, imagens de santos, Amália, camisolas da selecção, garrafas de cerveja, sardinhas, batas, penteados, camisas abertas, futebol, palavrões.. isto é parte do filme. Mas a grande surpresa para mim foi a sensibilidade do filme. A grande catarse do filme acontece quando os personagens assumem a submissão das primeiras gerações de emigrantes e a vergonha da 2ª geração, quando mais culta, frequentadora de outros ambientes, mais bem preparados, mais abertos, mais estudados, se envergonham da sua ascendência.  Esta parte é a mais emocionante do filme. Quando as personagens se confrontam com os seus complexos e vergonha. Este filme faz-nos rir de nós mesmos, e lembra-nos que a seriedade e o trabalho faz-nos sempre ser respeitados. Estes emigrantes que representam uma geração que emigrou para fugir à miséria de um país, soube ganhar o respeito fora. Sem dominar a língua, sem estudos, com a saudade tão portuguesa, família deixada para trás, estas pessoas assumiram os postos de trabalho que os franceses não queriam. Mas apesar disso, subiram a pulso e foram sempre conhecidos como humildes e bons trabalhadores. Já há muito não via uma sala de cinema repleta. E a audiência era constituída maioritariamente por emigrantes. A maioria pareceu-me adorar e reconhecer-se. Este filme é principalmente genuíno. Tudo nele se percebe idealizado por um conhecedor profundo desta realidade. Ruben Alves, o realizador, também ele filho de emigrantes que para além dos seus dotes de realizador é giro!  E pelos vistos tem bom gosto, com uma casa no Chiado!

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