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terça-feira, 17 de julho de 2018

Bagni Santa Chiara

Domingo, 15 de Junho 2018
Ontem à noite dizia a um amigo que estes 4 meses em Itália tem sido muito bons. Ao contrário do que muitos temiam, voltar (só) a trabalhar no laboratório revelou-se ser o meu mundo. Apesar das muitas horas de trabalho, dos muitos stresses, de muitas noites de pouco sono e mal dormidas, dos fins de semana a trabalhar, das horas tardias já noite cerrada que saio do lab, das poucas horas em casa, das inexistentes palmadas nas costas, das crescentes contas de táxi, da pouca frequência das praias de Génova, tenho-me sentido muito bem. Gosto de quase tudo. Hoje, pela primeira vez, vim à praia. Quer dizer, se isto se pode chamar de praia. Tem mar mas não tem areia nem sequer pequenas pedras. Apenas não mais do que 100 m de cimento dividido por duas zonas onde se pode estender uma toalha por 5 euros, numa descida. Ou uma zona com esteiras (sem chapéu de sol) onde se paga 15 euros. Nem o taxista conhecia a praia. Deixou-me no cabo de Santa Chiara. Depois foi confiar nas indicações do Google Maps. Primeiro passei pela praia do cabo de Santa Chiara. Cheia mas agradável e com muitas esplanadas. Comecei uma subida íngreme. O Google maps começa a dar-me a indicação de virar às direita mas achei o caminho estreito demais e resolvi virar mais à frente com a ténue esperança  que as várias praias fossem ligadas. Comecei a descer e à medida que me ia aproximando da praia mais o barulho aumentava. Vou dar a uma pseudo praia que era a visão do inferno. Muita gente. Muita confusão. Espaço nenhum. Tudo mau. Volto para trás. Subir as escadas íngremes. Volto ao mesmo sítio. Digo mal da minha vida. Penso em desistir e voltar para casa. É nestas alturas que acho que parar de fumar não melhorou em nada a minha resistência física. Tenho quase 40 anos, mas  quem me vê neste estado de hiperventilação, não dá nada pelos meus pulmões. Páro para recuperar algum fôlego. Já no topo do caminho cruzo-me com uma simpática senhora de nome Paola. Fala-me em todas as línguas menos inglês. Mesmo assim conseguimos comunicar. É uma daquelas italianas que não se consegue adivinhar a idade, disfarçada por algumas cirurgias plásticas. Como todas as italianas deste género é magra e tem uma cor à la Valentino, de quem apanha sol desde Abril. Acompanha-me até ao bar por cima do mar e diz-me que é a única praia a que ainda se pode vir. Este é um dos segredos mais bem guardados de Genova. É uma praia que não chega a ser.  A “praia” não são mais do que 50 m. Existe uma descida de cimento que alugam por 5 euros onde se pode estender toalhas e uma zona plana de cimento com camas sem chapéu de sol por 15 euros. As pessoas estão ali a fritar o dia todo. No bar vejo o que os italianos têm de pior. São exactamente iguais aos portugueses nisto. A mesma “esperteza saloia”. Uma família de 3 gerações ocupa todas as camas que há como se o bar fosse todo deles. Mais ninguém as pode usar. Dizem que hoje é o dia mais quente do ano. Provável. Senti-o de noite. Pela primeira vez dormi de janela aberta. 

Passo aqui o dia. Olho o Mediterrâneo. Não tem a cor que imaginava, apesar da água transparente. Leio. Escrevo. Como dizia Sophia “viajar é olhar”. Comer, beber, conversar, viajar. As quatro coisas mais importantes do mundo. 










quinta-feira, 21 de junho de 2018

Cinque Terre

Domingo de Páscoa. Sol. Temperatura primaveril. Visitas. Nada planeado. Destino: Cinque Terre. Directo a La Spezia. Escolhemos apenas o meio de transporte: comboio. Dormi o caminho todo. Antes ainda de adormecer tive que ver um homem  a cortar as unhas e outro a coser um botão do casaco. Chegados a La Spezia percebemos o que nos esperaria: gente, muita gente. Um mar de turistas. Em La Spezia apanhamos o comboio regional que pára em cada uma das aldeias de Cinque Terre. Saímos na primeira no sentido sul para norte: Riomaggiore. Tinha lido que era a maior e onde havia o "cammino dell'amore" que ligava à próxima aldeia. Foi aqui que passamos mais tempo. Saídos dos comboio avista-se o mar e as escarpas. Começamos a descer por caminhos de terra e escadas estreitas. Nas falésias veem-se pessoas nas podes mais improváveis.  Muita gente parece arriscar a vida a troco da melhor foto. Esplanadas com vista privilegiada. Uma turista com uma mala a descer escadas sem fim com tacões. Carrinhos de bebés. Crianças com menos de quatro anos. Começam a perceber-se as primeiras queimaduras solares. Gente muito branca que não se protegeu devidamente. Chegados ao centro da aldeia há uma estrutura preparada para a avalanche de turistas. Cafés, lojas, restaurantes, casas de banho que cobram um euro, esplanadas, comidas take away, mercearias, supermercados, gelatarias...chegados ao pé do mar olhamos para trás e percebemos q este é o cenário que conhecemos há muito das Cinque Terre. Casas construídas nas falésias de cores diferentes. Impressionante, sim. Maravilhoso, com menos gente. Almoçamos sentados num as escadas fritura misti. Vários peixes que escolhemos num cartucho de papel com um palito grande. Fish sem chips. Depois de almoçarmos ficamos a saber que o caminho dela ore está fechado. Decidimos n sair na próxima aldeia mas em Vernazza. Talvez a mais pequena e menos preparada aldeia. As pessoas eram tantas que a única forma de locomoção era andar ao ritmo e no sentido da multidão. Quando finalmente chegamos ao pé do mar há um pequeno areal e alguns barcos. As esplanadas não tem um lugar vago. Não existe chão visível. Caminhamos na direcção inversa em direcção à estação de comboios. Esperamos impacientemente na fila para chegar estação. Caótico, sem organização, turistas rudes, gente que dispensávamos encontrar pelo caminho. Depois do infernal teste à paciência, tomo a decisão difícil, de não sair em mais nenhuma aldeia a não ser na última: al mare. Estava tão cansada que a primeira esplanada que avistei nem pensei, sentei-me. A vista não podia ser melhor. O Mediterrâneo imenso com a cor do mar que começa a aquecer. Numa das mesas ao meu lado vejo uma desarrumação de papéis, cadernos e livros espalhados sobre a mesa. Ao contrário de mim, escreve num computador que é uma maçã trincada. Tem como vista um mar azul imenso. Tem olhos claros, cabelo claro, pele nórdica e muitas sardas. Vive de escrever. Escreve coisas das quais gosta menos para patrocinar o grande projecto de vida, um romance. Invejo a coragem e a sinceridade.









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