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sábado, 25 de julho de 2015

A minha primeira arguência num júri de Doutoramento

Domingo, fim da tarde. Aeroporto. Subo para o avião. O Eduardo Souto de Moura senta-se ao meu lado. Não é todos os dias que se tem um dos prémios Pritzker ao nosso lado. Quero falar-lhe mas, como sempre, não tenho coragem. Quero pedir-lhe que me assine alguma coisa já que o seu talento está na mão. Até podia assinar uma das folhas do livro que estava a ler já que só tinha isso e a tese de doutoramento que ia arguir. Nem isso consigo pedir-lhe. [Na semana seguinte saiu uma entrevista brilhante dele feita pela Anabela Mota Ribeiro.  Percebe-se que é uma pessoa extraordinária, engraçada e culta. Que de tantas outras coisas disse para que serve lamber pedras e desenhar a sensação e “eu penso desenhando”. Percebi nos 50 mins de voo que os gordos são realmente bem dispostos e que sabem aproveitar todos os prazeres da vida. Ignorando a sua condição de estae bem acima do peso ainda pediu uns amendoins. 

Chegada a Faro tinha a J. e a M. à minha espera. Noite quente e abafada. Das boas, como só os verões no Algarve, sabem ser. Chego ao hotel já passa das 11 da noite. Não tem cama de casal. Não tem muitas tomadas. A internet não funciona. Mas pelo menos tem tv e muitos canais. Adormeço com a tv ligada e rendo-me aos encantos do A/C que só admito para dormir. [As pessoas que me conhecem sabem os problemas que tenho com o A/C. No trabalho visto-me como se não fosse verão devido a esse atentado à condição humana. Adoro calor e as estações quentes. Nasci no país errado. Ao contrário da maioria das pessoas, adoro o verão quentíssimo de NY e Houston com uma humidade a beirar o insuportável. O único problema do calor é mesmo na hora de dormir porque no resto foi a melhor invenção do universo].
Acordo relativamente tarde para o habitual. Mas ainda a tempo do pequeno-almoço que tenho direito. Dou uma olhadela às perguntas que vou fazer na defesa da tese. Ao meio-dia faço check-out e chamam-me um táxi. Tenho almoço marcado com o júri ao meio dia e meia. Telefonam-me e estou ligeiramente atrasada, presa no trânsito. Como se em Faro houvesse trânsito. Almoçamos no restaurante vip da Universidade do Algarve, que de vip apenas tem o nome. Apenas duas escolhas para o almoço: robalo no forno e bife de cebolada. Quando chega o peixe à minha frente era o verdadeiro atentado. A simplicidade do robalo assassinada...mergulhado num molho de pimentos e cebola que estragou tudo. Durante o almoço falamos da revolução francesa e das invasões francesas em Portugal. 
Pouco antes das duas, saímos em direcção ao anfiteatro onde seria a defesa. Vestimos as becas, cada qual da sua universidade. Eu, como não tenho, requisitei uma emprestada. A defesa começou atrasada porque não abriram o anfiteatro a horas. Depois houve o problema com a apresentação que é sempre o que acontece a quem tem um Mac...demora sempre mais tempo. Mesmo assim, a candidata apresentou muito bem, como se este atores inicial não a afectasse. E eu sentada, desta vez do outro lado, lembro-me do dia da minha defesa. Foi dos piores dias da minha vida. Para além de tudo o que representou para mim, o primeiro arguente não passou da página 7. Até que a muitos dos meus amigos ainda brincam com uma das perguntas que me fizeram: "O que mudaria na sua tese?" E a resposta é: "A página 7!".
O primeiro arguente da tese da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra era um gentleman, extremamente delicado, educado e cuidadoso. Organizadíssimo. Tinha a intervenção toda escrita, os cumprimentos, os comentários, e aproximadamente 20 perguntas. Tudo no seu Mac imaculadamente organizado. Entrei imediatamente em pânico. Eu era o oposto. Levei meia dúzia de folhas (americanas) amarelas. Tudo rasurado e corrigido. riscos e mais riscos. Correcções e adições a esferográfica e lápis. Tudo desastrosamente desorganizado. O pior de se ser a segunda arguente é muitos dos comentários e perguntas terem sido já feitos pelo anterior. Mas eu, que até sou muito mais crítica comigo do que com os outros, acho q a minha intervenção correu bem. A verdade, como sempre acontece nestas coisas, é que perdi a noção do tempo. Depois ainda se seguiram as intervenções da professora da Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa, do Professor da Universidade do Algarve, da orientadora e da Presidente do Júri. Foi a primeira aluna de Doutoramento da G. Um marco, portanto. Dizem que a primeira de cada coisa na vida não se esquece. E terminou com Muito bom por unanimidade com distinção é louvor.
Depois, ainda houve tempo para ir á esplanada mesmo em cima da praia da ilha de Faro para beber uma imperial. Tudo aqui é perfeito. O sol, a vista, a praia, o calor, a cor. O pior é o atendimento. Os algarvios parece terem um talento nato para não serem simpáticos. Tudo parece ser feito por favor é obrigação. Esta miúda loira, que até é gira, e que me calha sempre na rifa sempre que vou a este bar, fica sem beleza nenhuma devido à atitude. Para a próxima vou dizer-lhe que quero ser atendida por outra pessoa. Já passa das 7 quando saímos da praia rumo ao aeroporto para me deixarem. Tenho voo às 8:15. Chego ao aeroporto às 7:15. Ando a passo apressado em direcção à segurança. Respiro de alívio quando vejo que a fila não é muita. Mas como na minha vida há sempre um episódio para contar, eis que me aparece um cromo à frente que leva uma mala de mão e dois sacos transparentes cheios de líquidos. O homem na sua inocência achou que estava a cumprir com tudo porque mostrou os dois sacos transparentes cheios de líquidos, a achar que não estava a cometer nenhuma irregularidade. Mas estava. De há uns tempos para cá só é permitido um saco transparente de líquidos que não ultrapasse cada frasco os 100 ml. Eu aprendi isto quando há uns tempos me ficaram com um frasco de perfume quase cheio cujo valor era superior a 70 dólares. Aprendi a lição e nunca mais mostrei o saco transparente. E a partir daí nunca mais ninguém me descobriu os líquidos que transportam na mala. O que só revela como funcionam bem os aeroportos portugueses. Obviamente, nos aeroportos americanos nunca me atrevi a testar esta situação. Mas a verdade é que em 2006 levei comigo na mochila um frasco de biovidro para os EUA que macroscopicamente é igual a muita coisa ilegal. Adiante, o senhor que estava à minha frente refilava bem alto que podia levar os dois sacos repletos de líquidos porque o tinham deixado passar em todos os aeroportos... E blá blá.... O problema é que eu tinha um avião para apanhar e as portas fechavam às 7:45. E a discussão já durava há 10 minutos. E eu q não queria perder o voo virei-me para a segurança e disse-lhe "não podem resolver este problema mais rápido. Estou aqui há 15 minutos". E ela com a atitude de quem acha que tem autoridade nestas situações diz-me que não estou ali há 15 minutos, talvez uns 10 a exagerar.  E começamos ali numa discussão. Ao que ela me pergunta: "quer ensinar-me a fazer o meu trabalho?". Frase que ela me disse! Se soubesse fazer o trabalho dela não demorava 10 minutos a resolver o problema dos sacos. Ou deixava o homem passar ou os tirava. É isso não demorava 10 minutos. E eu que levava líquidos na mochila, mas nunca assumo que os levo, coloco o iPad fora da mochila e fazem-me a derradeira pergunta: "tem líquidos?". E eu respondo convictamente que não. Mas a imaginar que vai ser destaque me vão apanhar e que vou passar a vergonha da minha vida. Espero a mochila do outro lado e não descobrem nada. Tiro o saco da mochila com líquidos e digo para a que me disse se queria que eu a ensinasse a fazer o trabalho dela: "trabalho bem feito, não?". E continuo. Já estão a chamar pelo meu nome quando vejo o Eduardo Souto de Moura. Aí respiro fundo e sigo-o. Já não vou perder avião nenhum porque ele vai no mesmo que eu!

terça-feira, 12 de maio de 2015

Porto-Faro

Jantar rápido na mãe. O sobrinho mais velho janta com o apetite das quartas-feiras. O afilhado está mal disposto porque adormeceu no carro. Colo, muito colo, sempre. Estou com uma dor de cabeça que não me larga desde ontem. O tempo, como quase sempre em Braga, está mau. Janto rapidamente. Vou apanhar o avião ao Porto. A fila está imensa e o voo atrasado. O frio é muito. Eu vestida como quem vai para o Algarve. À espera ao relento. Desta vez não implicam com a mala. Dormi o tempo todo na vã expectativa que a dor de cabeça me passasse. Chegada a Faro e parece que estamos noutro país. A temperatura está amena. Vou em direcção aos táxis. Quando chego ao local de espera dos passageiros sinto-me em Lisboa, tal a fila de táxis. Apesar de quase não haver passageiros os táxis organizam-se em 3 filas. Qual delas escolho? Qual é a ordem? Entre o olhar para afrente e para trás para ver se alguém me da uma indicação, só vejo caras mal dispostas e a abanarem os braços em direcção à sei lá o quê. Vou a entrar para um táxi. Gritam-me que não é aquele e que há uma ordem. Vou para outro. Já com a minha mala na mala do táxi. Entro e o taxista diz-me que a minha mochila não pode entrar ou se entrar só pode ir no chão. Ainda não refeita da afirmação incompreensível e a tentar entender manda-me: " a mochila não entra ou vai no chão porque os clientes seguintes podem ficar todos cagados". Eu, entre a estupefação do que acabei de ouvir saí do táxi. Como aquilo deve tratar-se de uma máfia achei que ficaria no aeroporto a noite toda porque arranjei um problema. Ninguém me queria levar. No próximo que entrei, tratei de não discutir e fazer tudo o mais inócuo possível. Coloco a mochila e a mala na mala do táxi. Aqui os taxistas não ajudam as pessoas com as malas. É a lei do "faça você mesmo". Quando chegamos ao hotel demorei ligeiramente a encontrar a carteira, na mochila... Lembram-se daquela que coloquei na mala porque não entrava no táxi... O taxista não tem mais nada, depois de eu ter demorado não mais do que um minuto: "ó dona, vai demorar muito?". E eu já sem palavras, porque nunca tenho resposta à altura quando sou apanhada de surpresa, limitei-me ao silêncio. Subo ao quarto e reparo q a tv não funciona. Desisto e vou dormir. Há dias que mais vale dormir e esperar pelo dia seguinte. Almoço com o P. e a J. em frente à universidade. Pelo menos aqui as pessoas parecem ser simpáticas. O tempo é de verão e convida a esplanar. Resto da tarde aulas intensivas. Apesar de serem alunos de mestrado em Ciências Biomédicas, todos querem Medicina, excepto uma que quer veterinária. Cruzo-me no intervalo com o Rui Vieira Nery e vejo muitos professores com a toga de doutorado. Dizem-me depois que é o Doutoramento Honoris Causa do professor Sampaio da Nóvoa e que a universidade tinha dado tolerância de ponte nessa tarde. Como a aula terminava às 6 e como só tinha avião às 8 ainda deu para ir à ilha de Faro beber uma Margarita e comer uma bifana. Já passava das 7 quando me deixaram no aeroporto e deu tempo para tudo. A maioria dos passageiros eram turistas daqueles que foram aproveitar bem a praia. A sua indumentária denunciava-os. Havaianas, calções, chapéus. E a cor alternava entre o quase bronzeado e o camarão. Chegado ao Porto, um dilúvio aguardava-nos. Muita chuva é muito frio para os padrões algarvios. O Porto nunca nos desilude!





domingo, 10 de agosto de 2014

Férias

Têm sido dias de amor. Colocar as saudades em dia. Sem horas. Sem fim. Muita felicidade. Muitas gargalhadas. Muitos pulos. Tem sido uma troca de camas nunca vista. Deito-me com um, acordo com outro. Deito-me numa cama, acordo noutra. Deito-me com um, acordo com dois. Tenho ouvido as maiores declarações de amor dos últimos tempo. Sinceras. Honestas. Definitivas. Sem pedir nada em troca. E depois termina: “Titi, era isto que eu queria para sempre”. O que podemos fazer, a não ser, lutar com as armas da justiça?

terça-feira, 25 de março de 2014

Um saltinho até ao Algarve

Estou atrasada para apanhar o avião. Para piorar, não activei a via verde. Sem velocidades loucas e sem perigos, chego ao aeroporto. Passo, sem problemas, pela segurança vazia. Nunca percebi este aeroporto Francisco Sá Carneiro, sempre às moscas. Tanto espaço para tão pouca gente... Tão poucos aviões, tão poucas pessoas, mais funcionários que passageiros, lojas às moscas. Chego à porta de embarque. Bancos compostos, o voo parece estar cheio. Só penso que não impliquem com a mala, como fizeram na única vez que viajei com a Ryanair. Chegada a hora lá vamos nós, filinha indiana, exterior, nevoeiro, frio, esforços para não perder a pose ao subir a escada com a mala de mão. Percebo que agora a Ryanair atribui-nos um lugar, óptimo. Sinto-me menos feliz quando percebo que vou literalmente entalada entre duas pessoas. Tento ler algumas das coisas que levo... mas o cansaço fala mais alto...o voo que dura perto de uma hora, na minha percepção demorou 5 minutos. Acordo quando o avião começa a abanar como um berço e eu só me lembro da frase do VES: “Não quero ser carne para peixe!!”. Eu habituada à TAP, aterro desajeitadamente (se não tivesse o cinto teria batido com a cabeça no tecto) com um “ai”. Mas o pior já passou, respiro de alívio. A temperatura é bastante mais alta que no Porto. Passam das 11 da noite e tenho a G. à minha espera. Em casa, em vez de dormirmos cedo, colocamos a conversa em dia e preparo o meu estágio para ficar afónica (isto acontece sempre que me encontro com a G.). Aterro na cama, e pela primeira vez em duas semanas, adormeço sem dificuldade. Interrogo-me se não será por não ter a minha vizinha maluca aos pontapés à minha porta diariamente ou a gata do vizinho que está com o cio... Acordo tarde. Banho. Festinhas no “Estibi” (aka HTB). Pequeno-almoço com o pão alentejano com manteiga. Sol, muito sol lá fora. O que mais se pode querer? Em 5 minutos estamos na Universidade. Apenas o tempo de subir até ao gabinete da G. e atinar com os vídeos que teimam em nunca funcionar. Dou a palestra em 45 minutos. Consegui cumprir o tempo. Perguntas e pessoas interessadas (ou disfarçam muito bem). Ideias novas, sugestões. Bom para o ego, sempre. Vamos almoçar à cantina 3Bs: “BOM, BONITO e BARATO”. A verdade, é que não fui eu que paguei. 

Início da tarde, aula para os alunos de Ciências Biomédicas. Pelo que a G. me disse aparecem todos ou quase todos. Assinam a folha de presenças. Eu, como não sei dar aulas, e como despejar matéria toda a gente pode fazer, decidi falar do meu percurso académico. Desde que aprendi a escrever aos 3 anos até agora. Juntamente com a apresentação powerpoint, falei de tudo, de ter andado dos 6 aos 18 anos num colégio de padres, que não entrei no curso que queria, que não gostei do curso, que escolhi o meu estágio por acaso porque fui a uma aula teórica à tarde, de Houston, do Ike, de osso, do doutoramento, de NY, do coração, dos meus sobrinhos... Fiz um intervalo, não muito convencida que a maioria regressaria. Para meu espanto, apareceram novamente todos. 

À noite fomos jantar ao “Tertúlia Algarvia”. Bebemos vinho algarvio, que foi uma estreia para mim. Entradas: pão, azeitonas e Queijo de cabra gratinado com maçã reineta. E para jantar: Tentáculos de polvo com grelos e batata a murro, Costeletas de borrego com molho de hortelã e puré, Bife de novilho à Tertúlia com redução de medronho. Sobremesas: Fofo de chocolate e alfarroba, molho de frutos vermelhos e sorvete de citrinos, Fatia de torta regional (alfarroba) e Tarte de requeijão, compota de abóbora e granizado de amêndoa amarga. Depois deste repasto, só nos restava andar muito... e lá fomos olhar os telhados algarvios, a cidade antiga de Faro, as ruelas, os bares e a ria. Ainda fomos beber um copo. Mais uma vez, dormi como um bebé e acordei sem despertador perto da hora de almoço.








Próximo destino: Praia de Faro. Que luz, que sol, que temperatura, que qualidade de vida. Mesmo em frente à praia, a um metro do areal tínhamos já mesa guardada pelo P. Que linda a cor do mar nesse dia, estar só de camisa e muita gente, tal como nós, a aproveitar a temperatura e a paisagem. Que influência tem o sol em mim. Dias claros e luminosos. O azul do céu e o azul do mar e o brilho dos raios. Imagem indescritível.





sexta-feira, 9 de agosto de 2013

As férias com crianças

Eu, que estou habituada a viver sozinha e que estou habituada a horários pouco ortodoxos e a ter o meu silêncio diário para ler, vejo-me rodeada do barulho, risos, gargalhadas e brincadeiras de duas crianças de 4 e 5 anos. Com crianças tudo muda. Tudo é feito em função delas.
O toque de alvorada começa a partir das 6:30, mais coisa menos coisa, quando o meu afilhado (sobrinho mais novo) acorda. Geralmente, munido da sua fralda e chupeta, vai enfiar-se na cama de quem ele decide naquela manhã. Eu, que não sou uma matutina, a única altura do ano que acordo espontâneamente e sem esforço, é nas férias na praia. Da cama, o meu afilhado segue para a cozinha, onde normalmente encontra a avó. Segue para o terraço, onde se senta à mesa, como um príncipe, à espera do pequeno-almoço. O irmão, sobrinho mais velho, é o oposto. Para acordar é um castigo!  Não há (quase) nada que o demova do sono dos justos! Comem uns cereais que são espectaculares mas que eu evito, a muito custo comer! O mais velho, seguindo as minhas instruções senta-se bem longe de mim para eu não lhe "roubar" os cereais. O mais novo, apesar das advertências, tem pena de mim, e é o tentador: "Ó titi, pega, eu dou-te". O que posso eu fazer?

Vamos para a praia entre as 9:30 e as 10. Eu passo quase todo o tempo a ler, os avós intercalam entre as caminhadas e a vigia dos netos na água. O pai deles é o principal "vigia". Ao meio-dia regressamos a casa onde almoçamos e dorme a sesta quem quer. Eu, que todo o resto do ano não durmo mais do que 6 hrs por noite, na praia dou-me ao luxo de até dormir a sesta. É a única altura do ano que durmo muito e bem, como a maioria dos mortais. O meu sobrinho mais velho não dorme a sesta porque detesta dormir e se dormisse de tarde não dormia de noite. O meu afilhado dorme o sono dos justos de tarde e à noite.

Os camiões do lixo e da reciclagem são as perdições deles. E as vassouras e apanhadores do lixo. Um diz que quando for grande quer ser bombeiro e o outro diz que quer ser condutor de camiões do lixo. O meu afilhado tem como sua companheira preferida, a chupeta, parece a Maggie dos Simpsons. Já o meu sobrinho mais velho tem como companhia as dezenas de lápis de cor e os livros de colorir. À tarde voltamos à praia depois das 5 e só são tirados da água após ultimato. Adoram as bolas de berlim da praia e os pregões: "bolinhas, há com creme e sem creme".
Outra das coisas que os faz delirar é pedir ao avô que imite gatos, leões, pavão e pavoa. Não é para me gabar mas o meu pai é óptimo nisso!

Depois vem a saga dos banhos pós-praia. Levam tudo e mais alguma coisa para tomar banho junto com eles. Habitualmente, dezenas de carros do Cars 2. A seguir vem a saga da sopa diária, antes de se juntarem aos adultos na mesa. É preciso recorrer a todo o tipo de esquemas! Depois do jantar é a hora de irem para a cama, a que muito resistem. A hora de irem dormir implica a leitura de histórias. São eles que escolhem os livros, muitos deles trazidos de casa, e outros tantos comprados aqui na feira do livro. O meu afilhado, no fim da primeira história já dorme profundamente. O mais velho, é bem mais difícil. Várias histórias lidas e nada de dormir. A resistência ao sono tem que ser nossa porque os olhos quase se fecham depois de muitos minutos.

Pela primeira vez em muitos anos não trouxe o computador. Não vejo tv, só leio, como, durmo e descanso!

sábado, 3 de agosto de 2013

A primeira viagem de comboio dos meus sobrinhos

Dia tão esperado: 1 de Agosto! Fomos buscar os meus sobrinhos a casa da mãe, como combinado, às 11. Ainda não lhes tínhamos comunicado a surpresa: iríamos de comboio para o Algarve (que eles há tanto ambicionavam mas só conheciam de me levar à estação quando ia para Lisboa). Inicialmente, para conforto dos mais pequenos pensamos ir de avião mas tivemos que afastar essa hipótese porque a mãe considera-os imaturos para uma viagem de 45 minutos de avião. Como no ano passado já tivemos a experiência penosa de fazer a viagem de carro, não a quisemos repetir. No ano passado demorou-nos quase 12 horas. Conhecemos todas as estações de serviço, todas as casas de banho, todos os parques, todos os estacionamentos de auto.estrada, do norte ao sul.
Apenas com duas mochilas, duas crianças e 2 adultos começamos a aventura. Há uma da tarde em ponto, o nosso querido taxista Carlos (que eu e a C. tão bem conhecemos das nossas aventuras nocturnas), esperava-nos à porta de casa dos meus pais. Os olhos dos meus sobrinhos começaram logo a brilhar: primeira vez que andavam de táxi! Chegados à estação fomos para o Porto nos inter-regionais ("os amarelos que andam devagarinho e param em todo o lado"). Já no Porto, para esperar as quase duas horas que faltavam, omos para uma esplanada. Entre gelados, coca-colas "para os grandes"' livros de colori, lápis de cor e livros, o tempo passou rápido. Já no Alfa pendular ficamos naqueles lugares para 4 pessoas com mesa. Ao passar numa das pontes que separa o Porto de V.N. de Gaia, o meu sobrinho mais velho grita: "Ei, olha ali tantos sinos em NY!!!". Toda a gente à nossa volta riu! A esta altura jáultrapassava as 8 vezes que perguntavam se faltava muito para chegar à praia. Entre pinturas, auscultadores, conversas, perguntas, idas ao bar e à casa de banho e sestas, o tempo passou rápido. Com o entusiasmo próprio das crianças ainda acharam que chegaríamos a tempo de ir fazer castelos de areia na praia... Mas quase às 9 da noite, não nos pareceu viável. A essa hora tínhamos o meu pai à espera em Tunes. Os meus sobrinhos todos eufóricos correram para os braços do avô a contar-lhe as aventuras da primeira vez que andaram de comboio.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

The Big Lettuce

Viajei para Faro com a Ryanair. Sou pouco habitual. Foi a minha 2ª vez. Quase ia perdendo o avião e ainda por cima implicaram com a minha mala (acho que é o modelo mais pequeno da Samsonite que eu comprei propositadamente para ser a minha mala de cabina). Depois de ter ficado doente quando me disseram que eram 53 euros e que não podia pagar com CC ainda fui levantar dinheiro... lá segui para o avião debaixo de chuva diluviana. Pouco mais de uma hora aterramos em Faro, outro dilúvio mas mais quente, com a minha querida G. À minha espera. A minha apresentação ainda não estava pronta mas já tinha lido a tese e as perguntas que iria fazer... Ainda passei parte da noite a adiantar a apresentação. Dormi pouquíssimo. Faro estava lindo de manhã. Seguimos para a Universidade. Seminário de uma hora acabamos e seguimos para o sushi. Às 3 defesa da tese de Mestrado. O que parecia uma tese não muito brilhante, verificou-se o contrário pelo brilhantismo da apresentação da candidata e pela defesa segura e conhecedora do trabalho. Eu que ia com uma opinião, rendi-me completamente e não tive dúvida nenhuma em dar a nota. Sou justa sempre e sou generosa quando fico rendida. Saí feliz pelo dever cumprido.

Chegar a Lisboa, vinda do Sul, atravessar a Ponte 25 de Abril e aparecer aquele mar imenso de claridade, aquele rio gigante e aquela cidade que se debruça sobre nós, é algo que não se explica por palavras. E a luz de Lisboa é única!
Como o dia anterior tinha sido longo, com uma lecture e como arguente principal numa tese de Mestrado, não tinha dormido quase nada. Mas o dia acabou com um brilhante peixe de mar fresquíssimo.  Vinho branco, salada montanhesa  e torta de amêndoa. Se é para fazer asneira, é em grande. Depois seguimos para o “artistas” uma associação cultural tipo Velha-a-Branca mas centenário. Decorria uma festa electro com dois DJs.
Como não sou mais tão jovem assim, não fiz muitos planos para Lisboa. Mas tinha uma conversa marcada por volta das 6. Essa que me fez ir a Lx. Saí do hotel e fui ao El Corte Inglês procurar uns ténis da Tiger Mexico 66. Acreditam que não sabiam o que era nem a marca?? Na secção se desporto!! Perdi-me nos livros e depois fui jantar ao gourmet. Tinha combinado ir à festa do “fim do Mundo” do “Alfama-te” mas estava cansadíssima.

No dia seguinte tinha combinado peq. almoço com duas amigas. Acabei por tomar o meu no hotel e seguimos para o Corte Inglês. Falamos imenso de política e de discordar e muita coisa mas concordar em tantas outras. Atrás de mim estava uma senhora que quando eu defendia a inutilidade da greve se insurge e diz-me:...As minhas amigas foram umas queridas e levaram-me ao CCB porque eu queria ver a exposição do Hélio Oiticica. Até lá chegarmos fizemos um verdadeiro tour por LX, melhor do que aqueles autocarros do City Sightseeing.
Lá cheguei ao Museu Berardo e já passava da uma. Comecei pela exposição do Hélio Oiticica que tinha uma projecção do Magic Square nº 5 permanente do Museu do Açude no Rio de Janeiro. A exposição valeu por ter visto de perto os “Parangolé Pamplona” a capa que “a gente mesmo faz”.


A colecção Berardo estava  muito reduzida nem Paula Rego, Nem Warhol, Licheistein, Mondrian, Klein, Picasso... nadinha. Só 2 Julião Sarmento e o retrato do Joe Berardo pelo Julião Sarmento. O resto não reconheci nada. Depois andei nos jardins dos Jerónimos e fui aos pasteis de Belém comprar uns mimos para os papis e mano. 
Regresso à Rua da Prata, vejo as lojas, vou para a Rua Augusta com lojas engraçadas e artistas de rua, rua cheia. Na rua Augusta apaixono-me por uma aguarela de um eléctrico com um motivo de azulejo. Vou para a Rua do Ouro. 




Subo pela Rua Do Carmo, a abarrotar de gente. Que bem me senti ver a minha capital com as lojas foras dos centros comerciais repletas de gente, castanhas a assar, pessoas a passear, muita gente. Entro na Foot Locker e pergunto novamente pelos ténis: “Ah? Não conheço essa marca...” OMG, estou na capital ou na província?! Quem trabalha nas lojas não é suposto ter formação?? 
Fui à Assírio e Alvim onde no dia anterior tinha sido a apresentação do livro do Al Berto.
Adiante, sigo para o Chiado para a Benard mas estava fechada. Torro dinheiro na Massimo Dutti e sou ainda ajudada pelo Nuno Santos que via o mesmo pullover que eu queria para o meu irmão mas que não tinha a certeza do número. Ele questiona a funcionária sobre a existência da mesma com cotoveleiras e eu aproveito para pedir o mesmo. Perguntei se sabia se um L corresponde ao 40 ao que ele diz: “Eu sou um XL”.



 Depois fui à rua Anchieta aos saldos da Bertrand, nada que me agradasse. Sigo para a “Vida Portuguesa” onde me perdi pelos sabonetes da Ach Brito, um táxi dos antigos vermelho e verde para o meu sobrinho mais velho e uma moto com condutor e com uma carroça para o mais novo.



Sigo para o Cinema São Jorge para o Festival da Ler para ver a conversa entre o Carlos Vaz Marques e ainda me cruzei com o Gonçalo M. Tavares. Saio, com muita pena minha às 6:40 para ainda passar no hotel e seguir para o Oriente. O taxista dizia-me que era quase impossível chegar a tempo... 





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