quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Every night I cut out my heart. But in the morning it was full again".

in "The english patient" -  Michael Ondaatje

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Mac vs PC

O A. começa a dizer-me "M., não sei como ainda não tens um Mac! O Mac é a tua cara!... Toda a gente que conheço, desde os (as) mais fáceis aos mais reticentes, já se renderam à Apple. É o síndrome do "i": ipod, iphone, ipad...e os macbooks Pro ou Air... Eu quando não tiver mais o que fazer ao dinheiro, que incluí deixar de viajar para a cidade que eu me apaixonei (aka NYC), compro um macbook air e um ipad. Como toda a gente sabe toda a minha electrónica tem que ser à prova de choque, de queda, maus tratos, esquecimentos e afins...Quando comprei o meu ipod touch, naquela altura um objecto de culto,  já tardava não ter um arranhão... Nos primeiros dias após a compra, estava à tarde num bar em Chelsea a olhar para um temporal, com a C., L. e M. e pum.... lá se vai o ipod... ficou com o vidro todo estilhaçado. Como continua até hoje, impecavelmente a funcionar... Para não falar das máquinas fotográficas que perdi ou pisei...

domingo, 20 de janeiro de 2013

Quotidiano

O meu sobrinho mais novo, que tem 3 anos, anda viciado em dominó. Anda sempre atrás de toda a gente para jogar com ele... o irmão, que é mais velho, desistiu porque perde sempre; o pai , o avô e eu temos sido os mais massacrados e... sobrou para a avó que tinha a desculpa que não sabia jogar:
- Não faz mal avó, eu ensino-te! É assim...
Eu só espero que não descubra rapidamente para que servem as cartas...
O irmão anda viciado em legos do cars 2... monta e desmonta... passa horas nisso. Hoje ouvi-o perguntar ao pai:
-Porque é que este bolo chama-se "Ló"? Ahahahah

Guia para um final feliz (Silver Linings Playbook)

Na sexta, já passava bastante das 10 da noite, acabada de sair do lab, sento-me no shopping a comer qualquer coisa rápida, enquanto esperava pela A. para ir à última sessão de cinema. A essa hora já quase ninguém jantava. No entanto, um olhar mais atento faz-me reparar numa jovem família. Os pais não tinham mais de 18 anos e a bebé não teria mais de 3 meses. Chegaram à mesa com os seus tabuleiros do McDonalds, o carrinho da bebé e a bebé no colo. A mãe apesar de ter sido mãe há tão pouco tempo, exibia a boa forma que só a tenra idade é capaz de manter...e o pai mostrava a parca experiência no simples colo da bebé. É isto que se percebe neste país. A natalidade está a baixar drasticamente, os pais responsáveis adiam os filhos ao limite, e a irresponsabilidade dos muitos jovens manifesta-se na sua contribuição para a natalidade. Tenho algumas amigas que estão a tentar engravidar há anos e não estão bafejadas pela sorte... e tão preparadas que elas estão. A irresponsabilidade dos mais novos levam-nos aos shoppings a horas tardias com crianças de colo que deveriam há muito estar a dormir...Nunca ninguém disse que a vida era justa...

Depois fomos à última sessão ver "Guia para um final feliz". Adorei o filme. Sempre adorei gente louca e desequilibrada . O personagem principal (Bradley Cooper) perdeu tudo: a casa, o trabalho e a mulher. Depois de  apanar a mulher com outro no chuveiro, enquanto passava a música do casamento, descontrolou-se. Este episódio leva-o a ser internado numa instituição durante 8 meses e volta a viver de novo em casa dos pais. . Tem uns pais peculiares pais com uma obsessão pelos Eagles.  O personagem do Robert de Niro é de rir. O argumento deste filme é brilhante. Estas são pessoas com problemas psicológicos e psiquiátricos profundos e muito a sério, não como na maior parte dos filmes em que tornam doenças mentais numa palhaçada ou que aligeiram este tipo de distúrbios.  Estas personagens são palpáveis, reais, emocionalmente complexas e no fundo iguais a nós, que acabamos por ter uma afeição enorme por elas, uns bipolares, outros com DOC, outros com distúrbios sexuais. E o argumento compreende-os de um modo surpreendente e comovente, a dança da vida deles é a catarse do filme à la Tarantino. O filme tem uma velocidade alucinante. Passamos de rir desalmadamente ao choro. Três dos actores estão nomeados para os oscares. Bradley Cooper mostra neste filme o caminho crescente para a carreira que tem feito. Jennifer Lawrence, representa uma jovem viúva com uma história arrasadora e quase tão maluca como a do personagem principal. De todos os filmes nomeados que vi, o oscar de melhor actriz vai para Emmanuelle Riva ou para Jennifer Lawrence.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

So hard to forget


“... Eu conheço uma pessoa que adora fazer a linha intelectual, que sofre mas não perde a pose. É engraçado isso, né? Quando alguém sofre perto de você, você adora ajudar, dar conselho. Agora quando você sofre, você se encolhe, você entra dentro dessa concha e não deixa ninguém te ajudar. Aliás, você despreza a ajuda das pessoas. Vai ver é isso mesmo. Você não precisa da ajuda de ninguém porque você é perfeita. Você é perfeita...”

"Como esquecer" de Malu de Martino

Socorro

Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...
Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...
Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...
Socorro!
Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada
Socorro! Eu já não sinto nada...

Arnaldo Antunes/Alice Ruiz

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Injustiça


Dizem que o amor cega-nos... Cegar por amor, por menos merecido que seja, nunca deve ser mau. Alguma coisa deve aprender-se com esse sentimento. A ingratidão, que até há muito pouco tempo, era para mim o sentimento mais intolerável, passou a deixar de o ser desde ontem. O pior sentimento do mundo é a injustiça. Felizmente, só aos 33 anos é que senti nas profundezas do meu ser esse sentimento tão cruel. Acho que esse sentimento só será apaziguado com o tempo e/ou drogas legais e/ou uma asneira. Quando no último mês lia o “Diários” do Al Berto não entendia a tendência dele para a depressão, para a noite, para o sombrio, para o mar revolto nos dias de inverno, por becos, pelas insónias... ontem, senti-me como ele. E achava que hoje ao acordar seria outro dia. Aquela história de que “não há nada como um dia depois do outro” ou “amanhã é outro dia” são apenas frases feitas... Hoje é um dia de sobrevivência. E muitos mais virão assim. E nestes dias que me aguardam só espero não perder a fé, que é a única coisa que me resta.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Jodie Foster’s speech, accepting the Cecil B. DeMille Lifetime Achievement Award at the Golden Globes

In the most beautiful and real way, Jodie Foster just stole the Golden Globes: "There's no way I could ever stand here without acknowledging one of the deepest loves of my life. My heroic co-parent, my ex-partner in love but righteous soul sister in life, my confessor, ski buddy, consiglieri, most beloved BFF of 20 years, Cydney Bernard."




O enjoo

Eu, tal como Sartre, sofro de uma grande fraqueza, o enjoo. Eu acho que só não enjoo a andar e quando estou parada. De resto, enjoo no comboio, no carro, no avião, nos barcos e o pior, a conduzir. Este post é fruto da conversa de sábado à noite com uma das amigas que me conhece há mais anos. Estivemos a relembrar o dilema que foi para eu tirar a carta de condução!!! Eu sempre teimei em não tirar a carta, mas aos 24 anos, por motivos de força maior, lá teve que ser. Quando andava nas aulas de condução havia uma senhora que já tinha reprovado inúmeras vezes e insistia com o instrutor que só andava em segunda!!! E o que nos fartamos de rir por causa disso. Nos primeiros meses acordava antes das 7 para chegar à universidade antes das 8 para ter as estradas livres!!! E daí veio o facto de eu enjoar a conduzir. Ninguém acredita mas é verdade!! 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Centésima página

Falo pouco da cidade onde nasci e vivo. Talvez por nostalgia de um tempo que já não existe, por ter sido uma cidade que tinha tudo para ser e perdeu-se com os anos... Quem não se lembra de Braga nos anos 90? Dos projectos musicais, das artes, da vida nocturna? Era a vanguarda a contrastar com o extremo conservadorismo da cidade dos padres, arcebispos e afins. Esta vanguarda cultural perdeu-se com os anos, a cidade foi crescendo sem projecto e sem organização para as freguesias periféricas como cogumelos. Não vou nomear cidades suburbanas parecidas para não ferir susceptibilidades. A verdade, é que com esse crescimento exponencial dos ditos jovens, não significou nem mais cultura nem mais nada. Quem não se lembra do Club 84, Sardinha Biba (o verdadeiro), Trigonometria, Pacha, Deslize, Insólito...? Eu sei que pareço aquelas velhas que dizem que o mundo está perdido e que no tempo delas é que era. Ou talvez uma "velha do Restelo"...

Tudo isto para dizer que há pouco regressada de mundos maiores, tenho redescoberto a cidade. A “Centésima Página” que está a comemorar 13 anos, como me disseram este fim de semana, é do melhor que já vi. Quanto mais vou lá mais gosto de voltar. A C. e o R. adoravam ir para lá escrever. Passavam tardes lá com os computadores no jardim. Agora no inverno, outros pormenores se descobrem. Mesas e cadeiras espalhadas pelo espaço a convidar as pessoas a ficarem. Visualmente é incrível, com aqueles livros todos a subir pelas paredes altíssimas. Sentar ali, sem fazer nada, nem que seja só olhar e perceber os livros a impregnar-nos. Essa sensação é indescritível. E lá encontra-se quase de tudo e o que não se encontra encomenda-se. Ali ninguém pergunta por um livro de Caio Fernando Abreu, Ferreira Gullar, Al Berto e ninguém nos responde com um “Como se escreve?”. Para quem gosta de chás e infusões é uma perdição, há também contos para crianças aos fins de semana, as apresentações de livros com os nossos melhores escritores é mais do que frequente. Era isto que queria dizer, uma livraria onde nos sentimos em casa e onde as nossas dúvidas são sempre simpaticamente respondidas. O que é bom e nos orgulha também é para se publicitar. E numa altura de crise em que só ouvimos discursos pessimistas e maus exemplos, e pessoas mal dispostas, tempos tristes, há que divulgar este espaço que é um orgulho! Posso dizer que não há muitas pessoas que conheçam tantas livrarias como eu. E comentava com a minha mãe na “Centésima Página” que esta livraria é incrível e que não há muitas no mundo assim.






 P.S. Acabei, também no fim de semana, o “Diários” do Al Berto com mais de 500 páginas.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Clarice Lispector

«Just to give you an idea of one of the problems that keeps coming up in translating [Lispector], there are words in Portuguese that are [difficult to] translate. A good example is nada … Lispector says something like, “I am going to think of, literally, the nothing.” Now, as an English speaker, I have to think, “Do I say, literally, ‘the nothing’? Do I say ‘nothingness’? Do I say just ‘nothing’?” But I can’t say just “nothing,” because if I say, “I’m thinking of nothing,” that’s not what she’s saying. She’s thinking of something, but she’s thinking of the nothing. But I have to say that when I think of “the nothing,” I think of The Neverending Story. Do you remember this film? There’s a sinister force in the universe and it’s “The Nothing” and it destroys the realm of the imagination so that people don’t have fantasies or dreams anymore. But that’s a weird peculiar thing to me because maybe I was really moved by that movie as a child and so when I say “the nothing,” I’m thinking, “Oh, The Neverending Story, I wonder if my reader’s going to think The Neverending Story. Maybe I should go with ‘nothingness’.” But then “nothingness” is a little bit too abstract, “the nothing” sounds a little bit more forceful».


Sarah Gerard, the translator of Lispector’s last novel, "A Breath of Life"


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

José Rodrigues (1925-2013)

O verdadeiro pai do meu pai morreu ontem. Sabia que ele existia, cruzei-me algumas vezes com ele mas nunca o tratei como avô. Eu sempre disse que tinha um avô, que era o materno, e Deus foi muito generoso em dar-me esse que foi tão grande. 

O pai do meu pai nunca o assumiu. Naquele tempo, foi um grande amor entre ele e a minha avó paterna mas não se casaram porque ele engravidou uma menor (atenção menor de idade significava ter menos que 21 anos!!!). Conclusão, esse grande amor de que é fruto o meu pai acabou, ou pelo menos, da forma como os dois sonharam, quando a minha avó soube que o namorado se teria de casar porque engravidara uma menor. Enredo de telenovela mexicana, certo?  O meu pai chama-se V. porque era a vontade do pai dele. Depois disso o pai dele teve mais 12 filhos e um deles também se chama V. Soube quando andava no colégio desta história porque um dos meus primos dessa parte me contou uma história que na altura, devido à minha tenra idade, eu não percebi. E só depois quando cheguei a casa é que os meus pais me conseguiram explicar. A partir daí eu soube que tinha um avô paterno verdadeiro. E os filhos dele que são tantos, sempre adoraram o meu pai. O meu pai é o filho mais parecido com o pai dele. Então, desde que cortou o bigode é igual! Claro, com as devidas diferenças de idades. Isto é o que as pessoas diziam porque na minha vida toda vi este meu avô umas 5 vezes. Há umas semanas, antes do Natal, quando estava em Lx, uma das minhas tias da parte da minha mãe disse que tinha visto este meu avô e que lhe pediu para tirar-lhe uma fotografia. Ele não sonhava quem ela era e nem lhe perguntou a razão da fotografia. Nesse dia antes do Natal, a minha tia deixou duas fotografias para mim e para o meu irmão, em casa dos meus pais. Quando vi essa fotografia, onde reconheci o sorriso lindo do meu pai, pensei que iria conhece-lo pessoalmente a troco de nada. Apenas para lhe dizer como reconhecia nele o meu pai. Não cheguei a tempo de fazer isso. Há quatro dias teve um derrame cerebral e sabia que era muito grave. Cheguei a telefonar para o Hospital na terça para saber como estava, acabou por morrer nessa madrugada. Hoje foi o funeral e pude perceber em todos os meu tios o quanto eles são parecidos com o meu pai. São tantos irmãos e reconhecem o meu pai como um deles. Há coisas que têm que ser feitas no momento certo ou nunca mais. 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Feliz ano todo!

Feliz dois mil e treze!
Feliz ano todo!
Saúde, justiça, alegrias, verdade!
O tempo sempre sábio, é mágico! O tempo ensina tudo!
Paz no mundo!




"Mas há a vida
que é para ser intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até à última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata."

Clarice Lispecto
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