O hotel que
escolhi fica na Piazza Vittorio Emanuele. Tinha uma entrada de metro mesmo em
frente e ficava a 10 minutos a pé da maior estação de Roma, Termini. O hotel
era um pequeno hotel familiar, boutique, simpático, cómodo, silencioso. Mas aprendi,
ou antes, confirmei que os hóteis em Itália, com a excepção das cadeias
internacionais, quando se reserva um quarto individual implica (sempre) a
existência de apenas uma cama individual. E como tal, também, uma só almofada.
O quarto era pequeno mas não precisei de maior. Outra coisa menos boa é que a
casa de banho tinha um chuveiro com cortina de banho e não com vidro. Para além
disso, a tampa da sanita era de plástico. No entanto, quando cheguei tinha uma
carta personalizada do director do hotel a dar as boas vindas e um convite para
um aperitivo ao fim da tarde no bar.
Depois do
pequeno-almoco comecei o dia em direcção à Praça de Espanha. Outro dia
infernalmente quente. Domingo. Dia de sol. Outro mar de gente. Saí na paragem
mais perto e soube aqui, mais do que nunca, o significado de “todos os caminhos
vão dar a Roma”. Caminhei alguns minutos
até ao cimo das escadarias da Praça de Espanha. A primeira persqectiva foi
vista de cima. A escadaria estava cheia de gente. Pessoalmente parece mais
pequena mas, nem por isso, menos bonita. Ao redor encontram-se algumas das
lojas mais exclusivas com preços que não são para toda a gente. Como as cidades
também são feitas de cafés históricos, não deixo de entrar no Cafe Greco, o mais antigo café de Itália depois do Florian, em Veneza. Um
cappucino e um tiramisu 24 euros. Caro, mas um paraíso, quase sem pessoas. Sem wifi. Só a
temperatura certa e a decoração antiga de sofás e cadeiras em veludo cor de
vinho. Uma chávena em Porcelana, um copo de água de cristal, um tiramisu que
parecia caseiro. Um deleite.
Sigo a pé até à
Fontana di Trevi. Muitos alfaiates que vendem fatos por medida. Ruas estreitas.
Apesar de haver muito boas indicações, é impossível não seguir o caminho certo.
E quando chego lá, apesar da multidão e de ser a hora mais quente do dia, no
pico da tarde, não é uma desilusão. Em Roma, mais do que noutra qualquer cidade
do mundo, talvez por ser aquela onde mais aglomerados de gente vi, as pessoas
querem registar o momento. Os turistas não querem ver nem sentir. Não querem
tentar gravar na memória. Não querem simplesmente olhar. Aquilo que antes se atribuia
apenas, ou mais, aos turistas japoneses, infectou a maioria dos turistas. A
maioria só fotografa, grava, regista. E outra coisa que reparei é que não é
apenas registar o monumento, ou o quadro, ou a escultura, ou a pedra. É
combinar o retrato com o monumento, o quadro, a escultura ou a pedra. E então,
é ver centenas de pessoas a pentear-se ao o telemóvel, a fazer o seu melhor
sorriso, a prestar atenção se tem algum resto de pizza do almoço ou talvez um
verde da rucula nos dentes. Esta posição de colocar os cotovelos para fora é
uma arma branca para os mais distraídos como eu. Perdi a conta das vezes que
choquei com cotovelos em Roma. No mais, a Fontana di Trevi, é numa praça
pequena, que parece fechada e pequena mas aquele azul piscina é uma maravilha
de se olhar, apenas. A sombra das casas que a rodeiam invade a praça. Dizem-me
que à noite é uma calmaria e ainda mais bonita. Vejo alguém a vender castanhas
assadas debaixo de mais de 40 graus e não quero pensar que depois do verão será
outono.