4.10.14. “A Liberdade tem género?”, o debate entre Paulo
Côrte-Real, Sofia Aboim e o Pe José Manuel Pereira de Almeida, moderados por
Maria Flor Pedroso. Não foi uma conversa polémica. Os três intervenientes
concordaram entre eles. Faltou a parte do contra. Este Padre, como se sabe, é
muito moderno e simpático. A Sofia Aboim, que eu não conhecia, parecia saber do
que estava a falar. E o Paulo Côrte- Real não acrescentou nada de novo ao
habitual. Continua a ter uma das vozes mais bonitas que conheço. O que me
deixou chocada foi a pergunta de uma adolescente, supostamente do séc. XXI, mas
com mentalidade medieval. A questão dela foi colocada directamente ao Paulo
Côrte-Real e foi assim(sobre a liberdade dos casais homossexuais poderem
adoptar): “Eles têm a liberdade de poder
adoptar mas uma criança precisa de uma versão masculina e de uma versão
feminina. Mesmo que seja a morte de um pai precisa sempre de um exemplo
masculino. Não estamos a sobrepor um bocado a liberdade do casal de poder
adoptar com a liberdade da criança poder escolher poder ter uma visão masculina
e feminina?”. O que mais me chocou foi ouvir palmas na sala, numa cidade com
fama de cosmopolita, sendo uma cidade do mundo, e supostamente aberta ao novo.
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terça-feira, 11 de novembro de 2014
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Presente no Futuro
Seguiu-se a brilhante
conversa entre um dos maiores pensadores contemrâneos, Eduardo Lourenço, e uma
das vozes mais bonitas de Portugal e um grande condutor de conversas, Carlos
Vaz Marques.
A penúltima sessão do dia foi
“Música e liberdade”. Aline Frazão, Amélia Muge, Mitó e Lura moderadas por José
Carlos Araújo. Não percebo muito de música e tão pouco estou actualizada com as
novas tendências. De todas estas pessoas só reconheci a Amélia Muge mas nem
sequer conheço o trabalho dela. De todas, foi a que melhor falou.
Aline Frazão veio de Angola
para estudar jornalismo e acabou na música. Falou de outro tipo de realidade:
ter comida na mesa”. Falou da falta de democracia em Angola (esta, real). Falou
de míninos necessários numa sociedade, finalmente já ultrapassados em Portugal:
“comida na mesa, escola e assistência médica”.
Lura disse que para ela “a
liberdade é posta ao serviço de Cabo Verde e que serve para ultrapassar a
timidez e a dizer aquilo que sente em palco”.
Mitó é vocalista da A naifa. Tem uma voz poderosa mesmo sem
cantar. Um corpo tão franzino e uma voz tão forte. Não a conhecia. De todas
foi, talvez, a que apresentou um discurso mais radical: “nunca deixem de de
pensar pela vossa cabeça nem de lutar pelos vossos direitos”. Falou da música Tourada que foi reinterpretada por ela e
que descreve o ambiente político e social de 1973 que é muito semelhante ao de
2014”. Exagerada, no mínimo. A Mitó em 2014 pode fazer estas afirmações sem que
nada lhe aconteça e em 1973 nem nascida devia ser, e com mais certeza ainda,
não poderia fazer estas afirmações, de facto. Mas tenho a certeza que deve ser
muito melhor intérprete do que comentadora política.
A última sessão do dia foi
do Governo Sombra. Começaram por
falar da vitória de António Costa, o Gandhi de Lisboa, como o apelidou um
jornal indiano. E da sua primeira atitude enquanto líder do PS: “abster-se
violentamente de citar Seguro”. Imaginaram o futuro de António José Seguro como
Provedor da Santa Casa da Misericórdia. Criticaram a “maneira de ser muito
plástica” de Seguro, “como se tivesse uma vassoura num sítio que os pombos são
analisados na China”.
João Miguel Tavares foi
indicado para Ministro do perímetro (orçamental), Pedro Mexia para Ministro da
estupidez e Ricardo Araújo Pereira para Ministro das condições.
A parte que mais gostei foi
quando falaram de um artista de Braga (na verdade, de Barcelos) que fez os
bustos comemorativos do centenário da República. Pelo vistos, este artista, já
tinha apresentado uma obra Padres,
Prostitutas e Paneleiros (aka 3P’s) que mostrava “o padre a colocar as mãos
nas nádegas das duas restantes entidades”.
Mesmo no final, o João
Miguel Tavares, mostrou o livro com a obra completa de Machado de Assis editado
pela Glaciar com a Academia
Brasileira das Letras e que estará disponível em todas as bibliotecas públicas
nacionais.
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domingo, 5 de outubro de 2014
A liberdade constrói-se?
Ao mesmo tempo decorria "A liberdade constrói-se?". Como a "Liberdade e digital" terminou antes, sem direito a perguntas dos espectadores, corri para o Grande Auditório. Pelos 15 minutos que vi, já só apenas de perguntas, percebi o que verdadeiramente perdera. O painel era de luxo: Joana Vasconcelos, Carrilho da Graça, José Gil e Miguel Tamen. Moderados excelentemente pela sempre preparadíssima Anabela Mota Ribeiro.
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Presente no Futuro
sábado, 4 de outubro de 2014
Liberdade e digital: a perspectiva empresarial
3 de Outubro. O 3º Encontro Presente no Futuro da Fundação Francisco Manuel dos Santos começou, para mim, com o debate "Liberdade e digital: a perspectiva empresarial". Muito bem moderado pelo Luís Pedro Duarte (que eu não
conhecia) que é o director financeiro da Accenture.
O painel era constituído pela Graça Fonseca, licenciada em Direito, Mestrado e
Doutoramento em Sociologia, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa com os
pelouros de Economia, Inovação, Educação e Reforma Administrativa.
Gonçalo Morais Leitão entertainer, que já fez de tudo um
pouco: animador, homem-sanduíche, porteiro, publicitário, até que encontrou a
profissão com que sempre sonhou depois de um curso de apresentador e começar na
Sic
Radical o programa Filho da Pub.
Eugénio Apolo formado em programação, já foi professor,
programador e já participou em vários projectos relacionados com internet até
que chegou o momento de criar o cryptoescudo
(a moeda portuguesa electrónica). Actualmente dedica a totalidade do seu
tempo na gestão desta moeda virtual. Diz que a moeda electrónica pode ajudar a
pagar a dívida do país. “Há quem pense que o cryptoescudo podia ser a nova
moeda oficial portuguesa”. “Um cryptoescudo
está a quase nada, o que é a parte interessante da coisa, só pode melhorar”. Recuso-me
a fazer comentários sobre estas afirmações porque ainda vou ser acusada de
difamação.
Tinha que escolher esta sessão e “A liberdade constrói-se?”.
Como faço sempre más escolhas, decidi-me por esta. Só conhecia a Graça Fonseca
e como foi a única que falou alguma coisa de jeito (para além do moderador), o
entusiasmo e o optimismo que carrega nas palavras, já valeu a pena. Falou-se do
caso de sucesso da STARTUP LISBOA (que criou 900 postos de trabalho), da qual é
presidente, e que resultou de uma proposta do orçamento participativo. Foi uma
das propostas mais votadas de 2009 (pelos vistos, nem sempre o povo escolhe mal).
Falou que o objectivo da CML não é ser empreendedor porque esse não é o papel das
entidades públicas, mas criar as condições para que as pessoas possam
empreender: encontrar parceiros, espaços e sobretudo, confiança. Referiu,
também, que as crises têm sempre um lado bom: “Estas são alturas em que as
entidades públicas e privadas têm que reconfigurar para as ideias que estão a
surgir e para pessoas que querem ousar”. Falou-se também dos estrangeiros que a STARTUP
LISBOA atrai. “os portugueses são óptimos a não gostar do que temos e os
estrangeiros são óptimos a gostarem imenso do que temos”. As decisões que as
pessoas tomam no que respeita a mobilidade tem a ver com a qualidade da cidade,
segurança, equipamentos para os filhos, acessos fáceis e qualidade das
infraestruturas. Terminou a sugerir duas coisas: 1) introduzir nas escolas a
obrigatoriedade das crianças para programar nas escolas (Graças a Deus que já
acabei a escolaridade obrigatória!!!); 2) jovens desempregados licenciados por
ex em História e aprenderem a programar. Graça Fonseca mostrou que tem humor e
soube falar claro e inteligentemente no meio de pessoas que não estavam ao
nível dela.
A única coisa que o Gonçalo Morais Leitão disse de jeito foi
que em época de crise é uma boa altura para se questionar tudo. Mas depois veio
com a pergunta retórica de quem é que naquela sala continuava a fazer o que
fazia se lhe saísse o euromilhões. No caso dele, que foi simples diga-se,
descobriu o curso que tinha que fazer na net (?), contactou o Pedro Boucherie
Mendes (director da Sic Radical) por
email...é o que se pode chamar de “gajo com sorte”. Vamos lá todos questionar o
que fazemos, não ligar para o dinheiro, tirar um curso na net e fazer uns
contactos por email. Acabaríamos todos indigentes! Neste caso particular (que
deve ser menor do que a prevalência de doenças raras no mundo), o digital foi a
“única” forma de alcançar o sucesso. “O dinheiro é importante mas mais
importante é fazer aquilo que se gosta”.
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