No sábado, 20 de
Outubro, no Castelo Grinzane Cavour, numa cerimónia que começou às 4:30 da
tarde foi entregue o prémio Bottari Lattes
a António Lobo Antunes numa cerimónia pública. Vindos dos liceus de toda a
Itália, a plateia estava repleta de jovens leitores.
No discurso de agradecimento
do Prémio Bottari Lattes no valor de
dez mil euros disse: “Quero agradecer este prémio que me deu muito prazer de o
vir receber aqui e encontrar pessoas que foram, para mim, de uma delicadeza e
de uma elegância que não vou esquecer. Se há coisa que eu admiro nas pessoas é
a elegância da alma. E isso encontro aqui, até na beleza da vossa língua, que
me faz imensa inveja, porque se eu escrevesse em italiano poderia, certamente,
chegar mais longe. Quero, sobretudo, agradecer a forma como receberam,
atrevo-me a dizer que com ternura e amizade. Como estava sempre a dizer um
grande amigo, que tinha idade para ser me avô: “Olha miúdo, só há duas coisas
no mundo que valem a pena: o amor e a amizade. O resto é uma merda”.
Ainda houve tempo
para uma pergunta i: “A sua prosa tem uma força poética excepcional. Qual
é a sua relação com a poesia? ”.“A mim parece-me que a distinção entre poesia e
prosa está em vias de acabar. Não faz muito sentido. Lembre-se que às Almas mortas de Gogol se chamou de poema
e Nabokov chamou ao seu poema romance. Toda a arte tende para a poesia. A
poesia pode muito mais do que a prosa. Eu muitas vezes não sei o que estou a
escrever nem a ler. Se pensar em Bashô, poeta japonês, tem um poema que é
assim: “ Os quimonos secam ao sol/ Ai as mangas pequenas/ Da criança morta”. Uma vida inteira está aqui em meia dúzia de
palavras.
Quando Antonio
Lobo Antunes recebe das mãos da mulher de Mario Lattes agradece-lhe, muito
educadamente, e como um cavalheiro como poucos, faz-lhe uma pequena vénia com a
cabeça e beija-lhe a mão.
copyright: Fondazione Bottari Lattes |
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