O Starbucks, antes de viver cá, era para mim um lugar de
peregrinação. Era viciada, ao chegar aos Estados Unidos, em pedir “medium decaf
latte”. Percebi com a experiência e com os anos vividos cá, deste lado do
oceano, que não é o melhor da sua área, na minha opinião. Mas desde sempre a
minha opinião foi imutável no que respeita ao conceito democrático deste café.
É um sítio onde as pessoas podem ficar o dia todo, protegerem-se do frio/calor,
permanecer sem consumir e até usar a casa de banho sem ser cliente. Desde o ano
passado, em que me mudei para NY no inverno, passei a respeitar ainda mais o
Starbucks. Passei inúmeras horas no Starbucks da 110 com a Broadway. Este ano,
por razões bem diferentes volta a ser o meu local de eleição, depois do
trabalho e aos fins de semana, enquanto não tenho internet em casa. Hoje está
uma noite amena para os parâmetros do inverno de NY, e por isso, o Starbucks da
110 está com muitos lugares vagos. Se estivesse muito frio estaria a abarrotar,
sobretudo com pessoas que não têm casa. Fiquei comovida no ano passado quando
num dos dias de muito frio vi os sofás e as cadeiras ocupados por pessoas que
viviam na rua. E ninguém os mandava embora. É isto que gosto no Starbucks:
tribos tão diferentes. E depois é observar a solidão tão entranhada de NY.
Pessoas que estão aqui para não estar sozinhas em casa. Depois há os estudantes
e os intelectuais que podem passar aqui o dia inteiro. Vê-se também pessoas a
jogar cartas. E eu gosto particularmente deste porque é maior, tem muito menos
gente do que o Starbucks da 116 (que é mesmo ao lado de minha casa) e porque
posso andar a pé.
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