Tudo isto para dizer que há pouco regressada de mundos maiores,
tenho redescoberto a cidade. A “Centésima Página” que está a comemorar 13 anos,
como me disseram este fim de semana, é do melhor que já vi. Quanto mais vou lá
mais gosto de voltar. A C. e o R. adoravam ir para lá escrever. Passavam tardes
lá com os computadores no jardim. Agora no inverno, outros pormenores se
descobrem. Mesas e cadeiras espalhadas pelo espaço a convidar as pessoas a
ficarem. Visualmente é incrível, com aqueles livros todos a subir pelas paredes
altíssimas. Sentar ali, sem fazer nada, nem que seja só olhar e perceber os
livros a impregnar-nos. Essa sensação é indescritível. E lá encontra-se quase
de tudo e o que não se encontra encomenda-se. Ali ninguém pergunta por um
livro de Caio Fernando Abreu, Ferreira Gullar, Al Berto e ninguém nos responde
com um “Como se escreve?”. Para quem gosta de chás e infusões é uma perdição,
há também contos para crianças aos fins de semana, as apresentações de livros
com os nossos melhores escritores é mais do que frequente. Era isto que queria
dizer, uma livraria onde nos sentimos em casa e onde as nossas dúvidas são
sempre simpaticamente respondidas. O que é bom e nos orgulha também é para se
publicitar. E numa altura de crise em que só ouvimos discursos pessimistas e
maus exemplos, e pessoas mal dispostas, tempos tristes, há que divulgar este
espaço que é um orgulho! Posso dizer que não há muitas pessoas que conheçam
tantas livrarias como eu. E comentava com a minha mãe na “Centésima Página” que
esta livraria é incrível e que não há muitas no mundo assim.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Centésima página
Falo pouco da cidade onde nasci e vivo. Talvez por
nostalgia de um tempo que já não existe, por ter sido uma cidade que tinha tudo
para ser e perdeu-se com os anos... Quem não se lembra de Braga nos anos 90?
Dos projectos musicais, das artes, da vida nocturna? Era a vanguarda a
contrastar com o extremo conservadorismo da cidade dos padres, arcebispos e
afins. Esta vanguarda cultural perdeu-se com os anos, a cidade foi crescendo
sem projecto e sem organização para as freguesias periféricas como cogumelos.
Não vou nomear cidades suburbanas parecidas para não ferir susceptibilidades. A
verdade, é que com esse crescimento exponencial dos ditos jovens, não
significou nem mais cultura nem mais nada. Quem não se lembra do Club 84,
Sardinha Biba (o verdadeiro), Trigonometria, Pacha, Deslize, Insólito...? Eu
sei que pareço aquelas velhas que dizem que o mundo está perdido e que no tempo
delas é que era. Ou talvez uma "velha do Restelo"...
P.S. Acabei, também no fim de semana, o “Diários” do
Al Berto com mais de 500 páginas.
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