Estou sentada à mesa do Fiorello. São 2:15 da tarde. O
restaurante está meio cheio. Fico numa mesa junto à janela mas prefiro olhar
para o restaurante. Imediatamente ao meu lado tenho uma mãe com uma criança.
Não são turistas, são locais e parecem ser clientes habituais porque toda a
gente as conhece. Ambas comem pasta. Ambas não, a filha que não aparenta ter
mais de 4 anos, não toca na comida e a mãe não parece importar-se. Falam da
última vez que fizeram ski e das aulas que a filha teve. A mãe bebe vinho tinto
e chama várias vezes a filha à atenção para não abanar a mesa com a boneca. A
mãe continua com o seu monólogo como se tivesse uma adulta à sua frente. A
maioria das mesas parece ocupada por locais, uma vez que é o feriado do Dia do
Presidente. A mãe ao lado continua a não importar-se que a filha tenha o prato
intacto e continua ocupada com o prato de massa à sua frente. Falam que de
seguida vão ao supermercado e depois para casa “sweet pea”. Afinal a filha não
tem 4 anos, tem 5. E a mãe continua a conversa, desta vez, a perguntar-lhe se
está cansada... De seguida, o assunto passa a intelectual. Dizem palavras em
chinês e sueco. A mãe explica-lhe que na Australia se usa “G’day mate!”. A
filha questiona a mãe sobre russo, o que a mãe diz desconhecer. A filha
pergunta o que é uma pop star. E a mãe explica-lhe que uma pop star são
cantores que cantam música popular. A mãe é linda. Deve passar dos 40, talvez
uns 45. Não usa maquilhagem mas é naturalmente bonita. É esquerdina e está
sobreamente vestida de preto. É uma intelectual. Percebe-se que tem muito mundo
e não é apenas uma dondoca com dinheiro. A filha tinha a beleza da mãe. Pedi
uma salada caprese, um tiramisu e um café. A mousse de chocolate é a
especialidade da casa, e apesar de ser uma das minha perdições, não me
apeteceu. O tiramisu foi uma péssima escolha, uma verdadeira desilusão. Era
gigante e extremamente artificial, como a maior parte das sobremesas em NYC.
Passam das 4 da tarde e o restaurante está cada vez mais cheio. A maior parte
das pessoas são velhotas mas reparo que numa das mesas ao lado está a Pink.
Ainda não percebi se as pessoas estão a almoçar ou a jantar. Percebo que muitas
bebem champanhe e dry martinis. A senhora que se está ao meu lado, depois da
mãe e da filha, lê Elisabete George e é extremamente simpática para quem a
atende. Já deve passar dos 70 e tem uma voz e um sotaque que me fazem lembrar a
Susan Sontag. Pouco depois saio do Fiorello e vejo a praça em frente ao Lincoln
Center repleta de mesas e cadeiras onde simplesmente as pessoas se sentam a ver
os outros passar, ou a apanhar sol, ou a comer.
Vou até à Macys e a algumas
lojas em Herald Square enquanto faço tempo para o jantar no Robert. O jantar no
Robert foi fabuloso, como sempre. A
vista sobre Columbus Circle e Central Park é de cortar a respiração, o
restaurante é de um excelente bom gosto, o serviço é impecável, mas acima de
tudo, a comida é excelente e de qualidade. Desta vez, com os cumprimentos da
Chef Luisinha, comemos de entrada: mexilhões, carpaccio de atum, parpadelle com
trufas pretas e folhado de queijo brie. Por mais palavras que use, não consigo
descrever a experiência! Todas a provas foram fabulosas. Como pratos principais
escolhemos: gnocchi de ricotta, vieiras, atum e salmão. Como sobremesa ainda
tivemos um miminho da Chef Luisinha que fazia lembrar o paladar do Ferrero
Rocher.
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