Chego a casa de madrugada e tenho na minha cama 3 homens e a
Bu. Os dois pequenos, um de cada lado, com o pai no meio. A Bu acordou comigo a
abrir a porta e espreguiça-se. A tv está acesa no Disney Channel. O pai muda-se
com o mais velho para o quarto deles e deixa-me com o mais novo. A Bu, essa
ingrata, segue-os e instala-se confortavelmente no fundo da cama do meu
sobrinho mais velho. E eu, qual dona rejeitada, ainda me ponho feita parva a
chamar por ela... A Bu, muito bem instalada, o único gesto que faz é levantar a
cabeça e ignorar-me... Volto cabisbaixa para a cama e contento-me em dormir com
o homem que nunca me abandona. Para este “piqueno” tudo o que eu faço é que
está bem feito e tudo o que eu tenho é que é bom! Depois é capaz das questões
mais espantosas. Como ele vê uma pilha de dezenas livros na mesa ao lado da
minha cama, que mais parece a torre de Pisa, tal o equilíbrio que parece lutar
contra a gravidade e não desabarem como um baralho de cartas: “Para que servem
estes livros todos quase a cair?”.
- Para eu ler.
-Mas não os lês todos ao mesmo tempo... podiam estar onde
estão os outros (quer ele dizer nas estantes.
E eu dou comigo a pensar que ele tem razão mas não sei como
lhe explicar que o meu interesse momentâneo por aqueles livros não é
directamente proporcional à velocidade que os consigo ler... E daí, aquela
pilha que se amontua com o passar dos dias...
De manhã fui dar com ele, mais a sua inseparável chupeta e
fralda, a olhar para o pinheiro que o pai e o irmão tinham feito no dia
anterior.
-Afilhado, a árvore está bonita.
- Está mas não fui eu que a fiz. Foi o K. e o pai. (Lá
sinceridade não lhe falta). Eu gosto é de olhar.
O artista da casa levanta-se e vai contemplar a árvore. Ao
contrário do irmão não se limita a olhar. Arranja as bolas, os pais Natal, as
fitas, como se alguém lhes tivesse mexido. E depois, com um grande sorriso,
continua a contemplação.
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