Conhecia o Gregorio Duvivier do “Porta dos fundos” e do
evento “Minha língua, minha pátria”, organizado pelo jornal Público em São Paulo, numa conversa com a Matilde Campilho. Ontem,
quando fui ver “Uma noite na lua”, sabia apenas que era um monólogo. Nada mais.
Chegámos em cima da hora e os nossos lugares eram na primeira fila. Começou
pontualmente às 9:30. Tudo escuro e apenas fumo. Depois, a luz ilumina-o. Só
isto. Ele vestido de fato, gravata, um sobretudo e um chapéu. E a luz. O
cenário é só isto. Minimalista. E durante minutos a frase que ele mais repete
é: “Sou um homem em cima do palco pensando”. Nestes minutos ouço muita gente a
rir-se. E eu, entre a surpresa de ouvir risos e não perceber porque é que eu
não tinha vontade de rir, comecei a achar que o defeito era meu. O resto, é uma
interpretação incrível. Fenomenal. Magnífica. A iluminação e a interpretação são quase tudo nesta
peça. O tema é tão simples como a luta para reconquistar uma mulher, a
Berenice. E mais do que a vontade com que ficamos de nos apaixonar é a vontade
de ser uma Berenice por quem este personagem é tão devoto. Que loucura é estar
apaixonado e ser deixado. Que doença é essa que não nos larga, que só vemos o
objecto de adoração. Tudo pára. Ou tudo parece parar. Nada importa. Só captar a
atenção dela, a Berenice. Dudivier canta, dança, grita, deita-se no chão, imita
o som do telefone e do aspirador e da música. E quando termina parece ter saído
de um mergulho, embora não existisse água em palco. O cepticismo inicial e a
surpresa dão lugar a um grande sorriso. Não acredito que alguém tenha saído
defraudado. Mais que não seja que o amor é o grande veículo do mundo. Toda a
gente sai de coração cheio.
Copyright: Gregorio Dudivier |
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