Foi esta
a sua primeira prece. Dois dias antes do Natal. Já havia passado a maior das
provações há 13 anos. Pensou que morreria. Mas sobreviveu. E agradeceu sempre,
por isso. Treze anos depois, a tragédia volta a bater à porta. Este número
santo. Só que desta vez, pior. Como as espadas do coração de Nossa Senhora das
Dores. Sem nenhum analgésico químico que o pudesse acalmar. Vivia a maior das
alegrias. O maior dos descobrimentos. Voltara a acreditar no (verdadeiro) amor.
Encontrou o amor. Soube o seu verdadeiro significado. O que era realmente.
Soube que existia. Sentiu-se abençoado.
Tinha uns olhos cheios de vida. Reflectiam a alegria e sede de viver no alto dos seus tão jovens e tão poucos anos. A juventude no seu esplendor. Curta, muito curta, como a vida. Subtil. Delicado. O maior encontro de bons adjectivos reunidos numa pessoa só. Tão raro. Quase impossível. Mas o improvável aconteceu.
Há um mês dançara, como se não houvesse amanhã entre o seu amor e amigos, na festa "Dança com ela". A dançar junto. Muito. Solto. Lindo. Muito contente. Com toda a gente. Alegria. Muita alegria. Para dar e vender. Alegria agora e amanhã e depois e depois de amanhã. Como uma espécie de celebração. É disso que muitos se lembram e lembrarão. Aquele rapazinho de 20 anos com uma vida cheia de sonhos pela frente. Como se espera de uma vida com uma idade que não se espera ter um fim.
Tinha uns olhos cheios de vida. Reflectiam a alegria e sede de viver no alto dos seus tão jovens e tão poucos anos. A juventude no seu esplendor. Curta, muito curta, como a vida. Subtil. Delicado. O maior encontro de bons adjectivos reunidos numa pessoa só. Tão raro. Quase impossível. Mas o improvável aconteceu.
Há um mês dançara, como se não houvesse amanhã entre o seu amor e amigos, na festa "Dança com ela". A dançar junto. Muito. Solto. Lindo. Muito contente. Com toda a gente. Alegria. Muita alegria. Para dar e vender. Alegria agora e amanhã e depois e depois de amanhã. Como uma espécie de celebração. É disso que muitos se lembram e lembrarão. Aquele rapazinho de 20 anos com uma vida cheia de sonhos pela frente. Como se espera de uma vida com uma idade que não se espera ter um fim.
Um
episódio agudo de asma. Tudo parou. Abruptamente. A vida por um fio. Na corda
bamba. Primeiro o sufoco, como um peixe fora de água. A agonia. O desespero. Os
braços a debaterem-se. A tentar agarrar qualquer coisa (palpável). Ar. A dor. A
perda. O silêncio. A falta de movimento. E por fim, o grito aterrorizador de
quem assistia sem nada poder fazer. A inércia. A impossibilidade. As
lágrimas. Quem habilitado estava, tudo fez. Rápido. Certeiro. Sem erros. Mas a
natureza é assim. A vida é assim. (Im)perfeita. E as dúvidas são sempre maiores que as certezas.E a maioria
das perguntas (nunca) tem resposta. Mesmo quando tudo é feito, pode não
ser o suficiente. E foi o que aconteceu. Paragem respiratória. Seguida de
paragem cardiorespiratória. Reanimação. Demasiado tempo de manobras. O corpo
(demasiado) jovem foi velado horas a fio como se as preces, o tempo, a energia
positiva pudessem modificar o tempo e a natureza. O desfecho definitivo. O
ponto final. Uma morte trágica à (boa) maneira grega. Num palco cercado de
expectadores e luzes, perante a inércia da
medicina, da ciência e da humanidade. Nada foi suficiente. Afinal, não
somos nós que decidimos (nada). Nada mandamos. Assistimos inertes a um
acontecimento inesperado com uma solução irreversível. O que falhou? O que se
poderia (mais) ter feito? Para onde vão as palavras que não são ditas? O maior
dos mistérios.
Acabara
de descobriu o amor. Soube que essa verdade que apregoam, existe. Levou-lhe o
coração. Não deixou (quase) nada. A não ser memórias. Tantas. Tão boas.
Duvidaram deste amor sem idade. Uma diferença de mais de 20 anos. Adeus. Esta
palavra tão definitiva.Tem o coração despedaçado. Sem conforto. Tem a dor como
companhia. Encontra-se prostrado. Sente-se sem forças. Ouvem-no chorar. Mas sente-se abençoado, apesar de tudo. Tocado por um anjo. A juventude é (quase)
incompatível com a morte. Todas as mortes são injustas quando amamos. Mas, tem o consolo ténue que a vida do seu amor fará "renascer" muitas outras. Por isso, a sua morte nunca será em vão.
Mas, o que aprenderá com esta dor dilacerante? O que se aprende com a tragédia?
Mas, o que aprenderá com esta dor dilacerante? O que se aprende com a tragédia?
Tentará (re)inventar-se. Com o tempo. Só o tempo.
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