23 de Setembro de
2017
A Festa do livro de
Belém, organizada pela Presidência da República, regressou pela segunda vez aos
jardins do Palácio de Belém. Programa diversificado que incluiu debates, muitas
editoras representadas em pequenos stands, música, concertos, sessões de
autógrafos e comidas.
No dia em que fui,
a meio da tarde, estava indecisa entre os petiscos portugueses que iam do
camarão da costa aos percebes, de tostas com sapateira aos pregos no pão. Havia
opções vegan e piadinas, gelados e sumos naturais. De tudo um pouco. Fiquei-me
pelo prego no pão, da espessura de uma fatia grossa de fiambre, acho que nem de
vaca era e até sal faltava. Pouco depois, um burburinho à volta, e vejo o PR
rodeado de marceletes a treinar selfies.
Parece uma romaria. Abraça-se. Abraçam-no. Pega em bebés ao colo. Baixa-se à altura dos carrinhos de bebés.
Baixa-se à altura das crianças. Distribui beijos e sorrisos. Ouve-se: “É o
presidente do povo”. Segue para ver as bancas dos livros, compra alguns.
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Ás 5 da tarde começou
a conversa sobre o futuro do jornalismo, na cascata. Moderado pelo Carlos Vaz
Marques, a discussão teve a participação da Clara Ferreira Alves, Isabel Lucas
e Paulo Moura. A Clara Ferreira Alves (sempre) no
seu tom irónico/sarcástico começou por dizer que a resposta a essa pergunta
seria: “Não tem futuro e vamos todos embora para casa”. Falou dos tempos de
redacção, de como era importante o contacto humano. Mas que as coisas mudaram e
está tudo à mão de um e-mail ou de um smartphone. É do tempo do telelex e do
satélite. Falou de como os actuais jornalistas das redacções são mal pagos e
trabalhadores indiferenciados. Falou do mês que passou nas últimas férias na
Birmânia para escrever o próximo livro que será sobre o sudoeste asiático.
Falou da culpa da Fox News de termos um Presidente americano anedótico como
Donald Trump. E falou que o futuro da literatura e dos livros não está em
causa. Caso contrário, não teriam sobrevivido a esta era tecnológica, e já teriam
acabado.
A Isabel Lucas falou especialmente da sua experiência
pessoal na América da campanha eleitoral. Das terras no meio do nada. E da
tecnologia que via nos seus colegas de grandes orgão de comunicação social
americanos. E que dependia de wifi grátis do Starbucks para enviar os seus
textos.
O Paulo Moura falou da sua experiência como repórter
de guerra e freelance. Da quase impossibilidade de se ser reporter de guerra
por conta própria sem suporte de uma grande cadeia. Dos custos diários que
nunca saõ menos do que 500 euros.
Todos falaram, com um certo toque de nostalgia, do
tempo que não regressará.
No meio de nós estava o Presidente Marcelo Rebelo de
Sousa, tendo preferido o meio por oposição à primeira fila.
Ainda tive tempo de ouvir os ensaios da Lisbon
Poetry Orchestra – Poetas Portugueses de Agora – e Orquestra Académica da
Universidade de Lisboa
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