quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Bu Riscas

Faz hoje exactamente uma semana que encontrei a Bu na estrada. Um dia de sol, como tantos outros, com a S. ao lado, descíamos calmamente a Falperra até às Taipas e reparamos no que inicialmente parecia ser um cão pequenino, desorientado no meio da estrada. Não saía da estrada. Parei o carro e  fomos buscá-lo, antes que passasse à história, ou que não fizesse história de todo. Reparei imediatamente que era uma cadela. Ela encantou-se connosco e nós com ela. Não tive dúvidas. Não sei o que se me passou pela cabeça mas quis que entrasse imediatamente no carro. Foi na parte de trás com a S. a fazer-lhe festinhas o resto do caminho. Chegadas ao lab toda a gente que a viu adorou-a. Tratamos de improvisar-lhe um recipiente de água.  E nesse dia a minha vida, tal como a conhecia, mudou. Animais para mim eram seres desconhecidos. Nesse dia, comprei-lhe comida, trelas, brinquedos, desparasitei-a (interna e externamente) e dei-lhe banho. Deram-me uma bata branca velha para a levar no carro, tal era o festival de pulgas! Elas eram tantas que eu até fiquei com uma epidemia psicológica. A coceira só passou no dia seguinte.  Depois começaram as outras sagas: aprender a fazer xixi e cocó no jornal; aprender a andar na rua; regular o ritmo biológico de acordo com as idas à rua (de manhã e à noite); ensiná-la a não ganir... Até ao dia de hoje faz tudo mais ou menos com a excepção audível do ganir. Ganir é sagrado. Seja quando vou para a cama ou quando saio de casa. No primeiro e segundo dia, fez cocó e xixi por todos os cantos da casa com excepção dos quartos. Nunca a castiguei ou lhe ralhei. Foi sempre o reforço positivo: fazer a festa quando acertava! Nos dias seguintes acertou sempre e desde ontem que faz exclusivamente na rua! Grandes evoluções! Isto não seria possível, claro, sem todas as dicas preciosas de amigas experientes. Eu que nunca ia para a cama antes das duas da manhã, obrigo-me a ir a horas decentes para que a Bu faça o seu festival de voz, sem que os vizinhos percam a paciência. Às 7:30, seja sábado ou domingo, tenha ido dormir há uma hora ou a noite toda, ela dá a voz da alvorada! E eu, qual independente convicta, deixo-me dominar pelos caprichos dela. Eu que nunca saía de casa sem banho tomado, a única coisa que tenho tempo de fazer é vestir qualquer coisa, tomar a minha vacina em jejum, colocar a trela na Bu e rezar para que ela aguente até ao exterior do prédio. Das duas vezes que tentei tomar banho antes, a Bu não aguentou mais a vontade. Agora o segredo é correr bastante. Faz-me bem a mim porque retomei a actividade física e à Bu que se cansa e pode dormir bem. Depois é voltar a casa, tomar o pequeno almoço enquanto lhe atiro os ratos que ela faz questão de trazer de volta, tomar banho e rezar para que não seja um dia entusiasmado para ganir quando fechar a porta.





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