3 de Outubro. O 3º Encontro Presente no Futuro da Fundação Francisco Manuel dos Santos começou, para mim, com o debate "Liberdade e digital: a perspectiva empresarial". Muito bem moderado pelo Luís Pedro Duarte (que eu não
conhecia) que é o director financeiro da Accenture.
O painel era constituído pela Graça Fonseca, licenciada em Direito, Mestrado e
Doutoramento em Sociologia, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa com os
pelouros de Economia, Inovação, Educação e Reforma Administrativa.
Gonçalo Morais Leitão entertainer, que já fez de tudo um
pouco: animador, homem-sanduíche, porteiro, publicitário, até que encontrou a
profissão com que sempre sonhou depois de um curso de apresentador e começar na
Sic
Radical o programa Filho da Pub.
Eugénio Apolo formado em programação, já foi professor,
programador e já participou em vários projectos relacionados com internet até
que chegou o momento de criar o cryptoescudo
(a moeda portuguesa electrónica). Actualmente dedica a totalidade do seu
tempo na gestão desta moeda virtual. Diz que a moeda electrónica pode ajudar a
pagar a dívida do país. “Há quem pense que o cryptoescudo podia ser a nova
moeda oficial portuguesa”. “Um cryptoescudo
está a quase nada, o que é a parte interessante da coisa, só pode melhorar”. Recuso-me
a fazer comentários sobre estas afirmações porque ainda vou ser acusada de
difamação.
Tinha que escolher esta sessão e “A liberdade constrói-se?”.
Como faço sempre más escolhas, decidi-me por esta. Só conhecia a Graça Fonseca
e como foi a única que falou alguma coisa de jeito (para além do moderador), o
entusiasmo e o optimismo que carrega nas palavras, já valeu a pena. Falou-se do
caso de sucesso da STARTUP LISBOA (que criou 900 postos de trabalho), da qual é
presidente, e que resultou de uma proposta do orçamento participativo. Foi uma
das propostas mais votadas de 2009 (pelos vistos, nem sempre o povo escolhe mal).
Falou que o objectivo da CML não é ser empreendedor porque esse não é o papel das
entidades públicas, mas criar as condições para que as pessoas possam
empreender: encontrar parceiros, espaços e sobretudo, confiança. Referiu,
também, que as crises têm sempre um lado bom: “Estas são alturas em que as
entidades públicas e privadas têm que reconfigurar para as ideias que estão a
surgir e para pessoas que querem ousar”. Falou-se também dos estrangeiros que a STARTUP
LISBOA atrai. “os portugueses são óptimos a não gostar do que temos e os
estrangeiros são óptimos a gostarem imenso do que temos”. As decisões que as
pessoas tomam no que respeita a mobilidade tem a ver com a qualidade da cidade,
segurança, equipamentos para os filhos, acessos fáceis e qualidade das
infraestruturas. Terminou a sugerir duas coisas: 1) introduzir nas escolas a
obrigatoriedade das crianças para programar nas escolas (Graças a Deus que já
acabei a escolaridade obrigatória!!!); 2) jovens desempregados licenciados por
ex em História e aprenderem a programar. Graça Fonseca mostrou que tem humor e
soube falar claro e inteligentemente no meio de pessoas que não estavam ao
nível dela.
A única coisa que o Gonçalo Morais Leitão disse de jeito foi
que em época de crise é uma boa altura para se questionar tudo. Mas depois veio
com a pergunta retórica de quem é que naquela sala continuava a fazer o que
fazia se lhe saísse o euromilhões. No caso dele, que foi simples diga-se,
descobriu o curso que tinha que fazer na net (?), contactou o Pedro Boucherie
Mendes (director da Sic Radical) por
email...é o que se pode chamar de “gajo com sorte”. Vamos lá todos questionar o
que fazemos, não ligar para o dinheiro, tirar um curso na net e fazer uns
contactos por email. Acabaríamos todos indigentes! Neste caso particular (que
deve ser menor do que a prevalência de doenças raras no mundo), o digital foi a
“única” forma de alcançar o sucesso. “O dinheiro é importante mas mais
importante é fazer aquilo que se gosta”.
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