Estreado a 1 de Agosto com uma enorme publicidade, um elenco
de luxo, banda sonora do aclamado Rodrigo Leão, só restava visioná-lo. As expectativas
eram grandes. Com actores como Joaquim de Almeida e a grande Rita Blanco seria
difícil errar. Parte do filme é passado a rir. Exageros, hipérboles,
caricaturas, pastorinhos de Fátima, imagens de santos, Amália, camisolas da selecção,
garrafas de cerveja, sardinhas, batas, penteados, camisas abertas, futebol,
palavrões.. isto é parte do filme. Mas a grande surpresa para mim foi a sensibilidade
do filme. A grande catarse do filme acontece quando os personagens assumem a
submissão das primeiras gerações de emigrantes e a vergonha da 2ª geração,
quando mais culta, frequentadora de outros ambientes, mais bem preparados, mais
abertos, mais estudados, se envergonham da sua ascendência. Esta parte é a mais emocionante do filme.
Quando as personagens se confrontam com os seus complexos e vergonha. Este
filme faz-nos rir de nós mesmos, e lembra-nos que a seriedade e o trabalho
faz-nos sempre ser respeitados. Estes emigrantes que representam uma geração
que emigrou para fugir à miséria de um país, soube ganhar o respeito fora. Sem
dominar a língua, sem estudos, com a saudade tão portuguesa, família deixada
para trás, estas pessoas assumiram os postos de trabalho que os franceses não
queriam. Mas apesar disso, subiram a pulso e foram sempre conhecidos como
humildes e bons trabalhadores. Já há muito não via uma sala de cinema repleta.
E a audiência era constituída maioritariamente por emigrantes. A maioria
pareceu-me adorar e reconhecer-se. Este filme é principalmente genuíno. Tudo
nele se percebe idealizado por um conhecedor profundo desta realidade. Ruben
Alves, o realizador, também ele filho de emigrantes que para além dos seus
dotes de realizador é giro! E pelos vistos tem bom gosto, com uma casa no
Chiado!
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