Cheguei atrasada para a conversa com o Prof. Adriano
Moreira. Como a sala era muito pequena já não pude entrar...Contentei-me no fim
de trocar umas breves palavras com tão ilustre pessoa, que apesar de atrasado
para outro evento, ainda aceitou simpaticamente assinar o livro autobiográfico.
Directamente para o coffee break ainda me cruzei com o Prof. João Lobo Antunes,
bastante mais magro e com o look da moda entre os homens, de barba.
Fiquei-me pelos sofás a ler o DN até à hora de almoço. Entrei no imenso pavilhão e encontrei o Ruben
Alves a falar com a Fernanda Freitas. Sentei-me ao lado dele. E almoçamos com
conversas de Braga a NY, de Paris à Costa da Caparica, da noite lisboeta, do
inverno húmido de Portugal... A sintonia decorreu “regada” do tão
americanizado hábito de coca-cola com gelo, partilhado por ambos!
Seguimos para a conversa entre o maestro Rui Massena e José
Alberto de Carvalho. Este encontro foi para mim o mais imprevisível e o mais
adorado! Uma conversa com muita música, onde se falar de arte, de compositores,
de silêncio, de vozes. Ver o Rui Massena
tocar piano como se de uma guitarra portuguesa se tratasse foi emocionante. Assistir José Alberto de Carvalho tocar “Let
it be” foi surpreendente. E depois vê-los tocar juntos um compositor francês,
do qual não me lembro do nome, foi para mim que sou de lágrima fácil, a cereja
no topo do bolo. Os momentos imprevistos são sempre os melhores!
A última palestra que assisti foi “Café das artes” com Ruben
Alves, Bárbara Coutinho, Rui Massena e moderado por Fernanda Freitas. Quando se
lhes pediu para definirem o “seu café” Rui Massena disse que era o café de
casa, onde gostava de receber e estar com os amigos. Fartei-me de rir quando
disse que como é que as crianças podem gostar de música quando lhes espetam com
a flauta no ciclo? “A flauta tira logo a vontade para a música”.
Bárbara Coutinho disse que o “seu” café era o oposto ao
turismo cultural por onde passaram grandes nomes. Gostava de um café da
Caparica – Costa Nova e do Luso no Porto. Gosta do Martinho d’Arcada e de cafés
onde é conhecida.
Ruben Alves destacou o café de bairro de Lisboa, onde
diariamente, quando está cá toma o pequeno-almoço. Não o faz em Paris. Em Lisboa ainda há a
conversa e a partilha, coisa que não acontece nos cafés de Paris.
Discutiu-se a cultura. Se quando as massas aderem à cultura
diminui a qualidade. Que não nascemos
apenas para sobreviver. E que isso passa muito pela cultura, pela arte e pela
educação. Estamos apenas a dar pão e circo? É preferível ler má literatura a
não ler de todo? Ou ouvir má música do que não ouvir nenhuma?
À noite tinha que optar pelo concerto do Rodrigo Leão no
Jardim da Estrela exclusivo para 400 pessoas ou pela peça de teatro “Preço” de
Artur Miller no Teatro Aberto...Difícil escolha. Nunca escolho, quero sempre
tudo!
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