domingo, 8 de abril de 2012

O Marcos do Meal Plan

Há umas semanas o F. disse-me que uma das pessoas que trabalhava no Meal Plan era brasileiro. Dias depois o F. disse-lhe que eu também era portuguesa. Na quinta-feira passada os meus horários não coincidiam com os do F. e C. e fui sozinha jantar. O Marcos aproximou-se e disse: "Ah, você também é portuguesa"..."Também é doutora dos olhos?". E eu fiquei a olhar espantada para ele e a pensar "doutora dos olhos"?! Lá lhe disse que não era médica e muito menos dos olhos mas que sim era PhD. E ele: "Já? Inteligente você!". Fui sentar-me a jantar e ele apareceu outra vez "Então os seus amigos doutores não vieram hoje não?" E começou com uma lista de histórias sobre as teorias da conspiração, que os terroristas andavam em NY agora mais do que nunca. Que este país vai virar um país de terceiro mundo. E depois virou para outro assunto. Que Portugal é que era, que adorava Portugal, que adorava bacalhau, que Portugal é que é o país do futuro e que vai superar... E que o sonho dele era ir para Portugal! E eu nas poucas oportunidades que tive de falar disse-lhe "O Brasil é que está bem". Ao que ele me respondeu: "Vamos ver quanto tempo vai durar...". Passados uns minutos, já o Marcos tinha voltado para o seu posto e reparo que numa mesa ao lado estavam duas brasileiras. Quando ele voltou eu disse-lhe: "Então, já conheceu aquelas brasileiras?". E ele responde com um ar muito desinteressado: "Eu vejo elas por aí mas se acham". E eu a achar que tinha  feito a boa acção do dia lá tento mudar de assunto. O Marcos é um senhor de meia-idade do Rio de Janeiro (de Santa Tereza, "sabe o bondinho?") que veio para NY há 15 anos à procura de uma vida melhor. Fiquei ontem a perceber a razão do Marcos ter perguntado se eu era doutora dos olhos. A C. explicou-lhe o que fazia e ele à sua maneira fez as suas deduções.

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