Quando os meus pais decidiram vir a NYC perguntaram-me o que eu queria que eles trouxessem. Respondi que queria um desenho de cada um dos meus sobrinhos para colocar no frigorífico...Nunca pensei que fosse uma tarefa tão complicada...
Quem já conheceu os meus sobrinhos pessoalmente e passou com eles algumas horas percebe imediatamente que desenhar não é o forte deles... O mais velho está sempre a dizer que não consegue desenhar, e tem sempre desculpas ou porque lhe dói as mãos, ou porque lhe dói os dedos, a barriga.... O que ele gosta mesmo é de andar atrás das pessoas com os lápis de cor ou de cera ou então com um quadro daqueles que dá para apagar. Então um dos passatempos preferidos dele é não deixar as pessoas em paz e pedir para desenhar as coisas mais estranhas... deve ser para testar a paciência delas. O meu sobrinho mais velho tem duas pancas: Mickey e os sinos. Claro está, que o que ele mais pede é para desenharem Mickeys e sinos. E depois vai dizendo que está bem, ou não está bem, maior, mais pequeno, aqui, ali...vai dando as instruções. E quando a coisa corre bem é ver a cara de satisfação no final!
O meu sobrinho mais novo nem precisa de inventar desculpas. Não desenha mesmo. Não desenha e pronto. É sincero, não gosta! O que ele mais gosta é mesmo de carros. Desde que tem um ano e meio que sabe as marcas todas dos carros e foi através deles que aprendeu os números (por causa das matrículas) e as cores. Das coisas que me rio sozinha até hoje é que na praia tínhamos que andar uns 5 mns a pé até ao parque da Marina de Portimão e ele mal saía do areal começava a pedir colo. Como é que o pai o convencia a ir de mão dada até ao carro? Vamos lá ver os carros, quantos carros iguais ao do pai (queria dizer da mesma marca), iguais aos do avô, iguais aos da Ana Margarida.... e ele lá ia a contar e a dizer as cores. As crianças são mesmo fáceis de convencer. Isto era assim todos os dias!
Como a tarefa de os fazer desenhar não foi fácil de conseguir, o meu irmão, que tanto desenha para eles já lhe apanhou o jeito! Ideia do meu irmão: faz dois desenhos e diz a cada um para lhes desenhar o que lhes apetecesse para os avós levarem para a Ana Margarida que eles acham que mora "lá em cima" (Empire State Building) e que se teletransporta num avião. Sempre que falamos o mais velho pergunta-me sempre o mesmo: "Estás quase a chegar?". O resultado dos desenhos deles provoca-me sempre uma gargalhada sempre que passo pelo frigorífico. O desenho do mais novo é completamente abstracto, não se consegue entender, e tenho muitas dúvidas que o próprio saiba explicar. Devia ter pensado para ele mesmo: "vou rabiscar isto e eles ficam contentes e eu também!". Este deve sair à tia que ainda hoje se ri com os desenhos da infância. Nunca consegui desenhar. E o que desenhava até para mim era estranho... O mais velho, como também detesta desenhar, foi pelo caminho mais fácil... escreveu o nome dele, que é a única coisa perceptível que ele consegue fazer com um lápis. Seguem as duas obras de arte:
Rabiscos do sobrinho mais novo sobre desenho do pai
Assinado pelo sobrinho mais velho sobre desenho do pai
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