O melhor de NYC é que raramente se repete alguma coisa.
Descobrimos sempre coisas novas e lugares aos quais talvez não voltaremos.
Desta vez tive a visita da S. Que chegou duas horas atrasada por causa da
trovoada em Miami. Acabamos por ir jantar ao Metro Diner que foi talvez onde mais
jantei no ano passado. Não sei que branca me deu mas quando fomos para pagar,
quando o gerente dá o troco, eu pego em
todas as notas e moedas e saio. Mal saio do restaurante a S. pergunta-me da
gorjeta e aí voltei à realidade. Não sei o que me deu mas por momentos pensei
estar em Portugal e esqueci-me completamente da obrigatória gorjeta. A maioria
dos turistas, principalmente europeus, discorda. Muitos deles escapam-se de dar
a “aconselhada” gorjeta de 15-20% e é por isso que muitos dos restaurantes
quando desconfiam que são turistas incluem na conta a gorjeta. Se me
perguntarem se concordo, discordo completamente. Mas é um sistema enraizado. A
maioria das pessoas que trabalha nos restaurantes ou não tem ordenado ou recebe
pouquíssimo e o seu salário baseia-se na “aconselhada” gorjeta. Agora
imaginem-me a não dar gorjeta e pensar que a pessoa que me serviu fica sem
salário. É que aqui não tem nada a ver com Portugal, a gorjeta não é um
complemento ao ordenado, é mesmo o ordenado.
No dia seguinte fomos ao Boathouse no Central Park a
conselho de um conhecido da S. Antes disso passamos por Strawberry Fields que
eu não conhecia e pela Bethesda Fontain. O Boathouse tem uma vista espectacular
para o lago com barcos no Central Park. É um lago do Bom Jesus gigante, como
disse a S. Esperamos uma hora por uma mesa. O brunch não foi dos melhores mas o
lugar e a vista valem a visita e o preço. Percorremos o Central Park até
Columbus Circle e fomos de Metro até Chelsea onde entramos no High Line até ao
MeatPacking District. Continuamos a descer pelas ruas de West Village e paramos
para um copo no White Horse Tavern onde Dylan Thomas bebeu até morrer. O
objectivo era “ver o ambiente” no Top of the Standard Hotel (o antigo Boom Boom
Room) famoso pela melhor vista de de NY, tudo em vidro, inclusive as casas de
banho. Mas como não atinei com o hotel, decidimos ficar na esplanada do White
Horse Tavern. E grande escolha, segundo a S., que acabou por ver a Julianne
Moore e a filha. Pequenina, magrinha e tão bonita ao vivo como na tv, de preto
e com uns óculos Ray-Ban iguais aos meus! Continuamos a descer em direcção à
Freedom Tower, passamos por Chinatown e por Tribeca e paramos numa trattoria
italiana para um aperitivo. Acabamos a comer uma salada e mais copos de vinho.
O objectivo era ver o pôr-do-sol em Battery Park. Ainda chegamos a tempo e
tivemos a ideia de atravessar o Ferry até Staten Island porque a S. Nunca tinha
andado e eu nunca o tinha feito ao fim da tarde/noite. Vale a pena! Depois,
continuamos à beira rio até ao Pier 17 e seguimos para Chinatown onde levamos a
S. ao mítico Joe’s Shanghai para provar os soup dumplings. A S. não ficou fã.
Eu, por mais que lá vá, gosto cada vez mais... Seguimos para Little Italy para
a sobremesa na Little Ferrara. Depois do dia inteiro a andar ainda faltava mais
uma coisa: Stone Rose Lounge, aconselhado por um expert de Miami. O sítio só
podia valer a pena. Lá regressamos a Columbus Circle e estavamos vestidas com a
roupa que andamos todo o dia, e eu especificamente de ténis All Star. A S.
deu-me a táctica infalível de colocar os óculos de ler. Ahahhaha. Entramos sem
problema. Tinha uma vista espantosa sobre Columbus Circle e Central Park. Tinha
um DJ com música boa, pessoas bonitas mas que não vêm à cidade só ao fim de
semana, o dress code não era o típico “quanto mais mostrar melhor” nem os
tacões (que a maioria não sabe equilibrar-se com classe neles). Os cocktails
eram bons e fortes, pelo menos os que experimentamos. Ao entrar no táxi de
regresso a casa reparamos que duas miúdas com o habitual dress code de fim de
semana não conseguiram entrar... A táctica dos óculos funcionou!
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