Quem me conhece bem sabe que eu não defendo com
unhas e dentes este governo, aliás nem tiveram o meu voto. Quando foram as
eleições, por imperativos legais, não
pude votar no Consulado de Portugal em NY. Nunca fui uma defensora de Passos
Coelho. Sempre fui descrente quanto ao percurso político e académico dele.
Começou na JSD, saiu aos 30 anos, seguiu a sua vida. Terminou o curso aos 32
anos numa privada... Tinha como “padrinho” o Ângelo Correia e ainda para mais
era amigo desse Miguel Relvas. Depois, achei a escolha de Miguel Relvas uma
vergonha. Muito antes de saber sequer o CV dele, nunca gostei dele. É aquela
coisa “do meu Santo não se cruzar com o dele”. Nunca gostei do homem. E foi
este homem o princípio do fim. Como era amigo de Passos Coelho, a sua nomeação
nunca se deveu à competência técnica nem política, mas às razões da amizade que
a própria razão desconhece. De resto, este governo apesar de sempre muito
criticado, na minha opinião, tem pessoas de muito valor: Paulo Macedo, Paula
Teixeira da Cruz , e até para mim uma boa surpresa, o Miguel Macedo. Mas o
grande defeito de Pedro Passos Coelho é a teimosia. E como a maioria dos
defeitos são sempre irracionais, toldam-nos a razão. O grande erro começa
quando começam as suspeitas sobre Relvas e nesse imediato momento, já que o
próprio não teve a honestidade de se demitir, o primeiro-ministro que o
fizesse. A partir daí, o governo pôs-se cada vez mais a jeito.
De que acusam Maria Luís Albuquerque afinal? De ser
o bode expiatório de um dossier tão melindroso como as swaps? Ela fez alguma
coisa ilegal? Ontem ouvia um dos comentadores políticos a dizer que ela tinha
muita competência técnica mas que a sua credibilidade política estava em causa
porque a tinham envolvido na “lama” das swaps (mesmo que sem culpa alguma). Vem
a saber-se que esta foi a razão invocada por Paulo Portas para se demitir. Não
por a terem envolvido no caso das swaps mas admirem-se, por ser a continuação
das políticas de Vítor Gaspar! Será mesmo por isto? Com tantos motivos que
portas teve já para se demitir, talvez com mais razão até no caso da TSU,
abandona o barco como os ratos agora? Eu pergunto-me: não haverá
desenvolvimentos no caso dos submarinos? Ou acha Portas que vai coligar-se com
o PS quando houver novas eleições e assim poder continuar no poleiro? E depois
existe ainda outra hipótese: há a
possibilidade de Paulo Portas sair da liderança do CDS-PP? A demissão de
Portas, pelo que se consta, surpreendeu até o núcleo duro do CDS-PP. Ontem à
noite, ouvi perplexa o José Ribeiro e Castro dizer que foi uma surpresa para
ele, que nada fazia esperar. E se Portas discordou assim tanto com a nomeação
da nova ministra das Finanças, como permitiu ou sugeriu que alguém dos eu
partido fosse nomeado Secretário de Estado? Muitas perguntas sem resposta, eu
sei...
Outra coisa que não
percebo, partindo do princípio que Portas se demitiu sem ser surpresa dos seus
pares, se o Primeiro-Ministro soubesse da solidariedade dos ministos do CDS-PP
(Assunção Cristas e Pedro Mota Soares) com Paulo Portas não se teria demitido
ontem à noite? Se estes dois ministros estão tão solidários com Portas e se
esta fosse um decisão conjunta porque ainda não se demitiram?
Alguém acredita que a oposição liderada por António José
Seguro é mesmo alternativa a este governo? Não duvido que o governo já só se aguenta no poder porque não há à
vista qualquer alternativa credível. E as eleições serão mesmo uma
solução? Como? Que consequências terá esta hipótese para os compromissos que
Portugal assumiu? As eleições serão solução para alguma coisa se não se
conseguir uma maioria?
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