Saímos do Algarve rumo a Lisboa. Livros de colorir,
conversas e cochilos fez a viagem ser rápida. Como o tempo era extremamente
curto, almoçamos rapidamente no McDonald’s, que é o sonho dos mais pequenos e
que o pai só acede muito poucas vezes. Debaixo de um sol abrasador, percorremos
a pequena distância entre o Vasco da Gama e o Oceanário. Os meus sobrinhos já queriam nadar no Tejo e
andar de teleférico. Mantive-lhes a ilusão que um dia nadariam lá (para quê
destruir essa possibilidade?) e que em breve voltariam para andar de teleférico.
Apaixonaram-se, ainda de entrar no Oceanário, pelo Vasco (a mascote). Há dias
que andávamos a preparar a visita, a explicar-lhes que iríamos ver animais
marinhos. Eu que sou especialista (not!) a identificar espécies atrevi-me a
lançar nomes daquilo que iríamos ver: leões marinhos, focas, tubarões, baleias...
Tinha a esperança que os meus sobrinhos não prestassem muita atenção e nem se
lembrassem dos nomes... O Oceanário, para quem gostar deste tipo de coisas,
deve ser fabuloso. É fisicamente um edifício muito bonito. O que eu mais gostei foram os poemas e
trechos do “Mar” de Sophia de Mello Breyner: “Quando eu morrer voltarei para
buscar os instantes que não vivi junto do mar”, “Mar, metade da minha alma é
feita de maresia”. De resto, achei tudo muito bem organizado, peixes de várias
espécies, tubarões, cavalos marinhos, raias, pinguins, aves, ... Percebi que o
Eusébio já devia ter “batido a bota” e que agora só restam a Amália, Micas e
Maré. Estes animais que eu achava que eram leões marinhos, eram
afinal, lontras!!! As baleias, provavelmente pelas suas dimensões, nem vê-las!
Eu e o meu afilhado partilhamos um desinteresse semelhante. Está visto que ele
também não é grande fã destas coisas. O que ele mais gostou foi o Vasco e eu
dos poemas de Sophia! O sobrinho mais velho e o pai deliraram! Gostaram tanto
que ficariam a tarde toda. O tempo não
pára e tivemos que seguir para apanhar o comboio rumo a Braga. Estávamos tão
estafados que eu e o meu irmão deitamo-nos nos bancos, eu com o mais velho e o
meu irmão com o mais novo. Dormimos até Braga! Que viagem tão rápida desta vez!
Chegar a casa depois de 15 dias fora. É tempo de organizar
tudo porque o trabalho começa depois do fim de semana. Dia mais fresco, poucas
pessoas, poucos carros na cidade. Saio
para fazer compras. Depois de 15 dias sem ver televisão, faço zapping e paro numa
imagem. A Judite de Sousa a entrevistar um rapaz completamente tatuado. Tudo o
que é pele, com excepção da cara, está coberto de tatuagens. Esta imagem fez
lembrar-me da desilusão de ver a Margarida Marante a entrevistar o Ronaldo (o jogador
brasileiro que foi várias vezes considerado o melhor do mundo)... Mas afinal
quem era este personagem tão interessante que teve direito a minutos de fama em
horário nobre? Pelo que percebi é um milionário que nem sequer estudou ou
trabalhou para o ser mas que se considera muito feliz porque viaja pelo mundo “que
é a melhor escola do mundo”. Pois claro, melhor escola do mundo, porque
universidade ele nem sabe o que é... Pouco depois percebi que o “piqueno” nem
conjugar os verbos sabe. Tem um discurso fútil e vazio, para além de muito mau
gosto. Ok, acredito que possa ter tudo o que o dinheiro possa comprar... mas
não deve passar de um mimado. Verdade seja dita, pelo menos, os jogadores de
futebol são remunerados pelo seu talento, pelo brilho de um desporto que muitos
consideram “rei”... Mas este fulaninho vive da fortuna que não consegui
perceber de onde vem... mas pelos indícios nem vale a pena investigar. Numa
época de crise, que não assola apenas o nosso país, é quase “pornográfico”
ouvir o que este fedelho falou. Pérolas como: “Ninguém é obrigado a ajudar
ninguém”. Mas pior ainda é perceber como é que alguém o convida para falar na
tv quando há tanto bom exemplo para dar. Pagar a exorbitância de milhares de
euros para levar para a festa de aniversário, outra fútil, só mostra os valores
deste miúdo. A TVI só mostrou o nível da sua programação e eu senti-me
envergonhada por usarem exemplos destes em horário nobre... sem mais
palavras...
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