Deixei de ter paciência
para discutir sobre o Brasil. Aconteceu o mesmo quando há quase um ano o PS com
uma coligação pós-eleições tomou “de assalto” o poder. Nada tenho em comum com
este PSD. Mas a verdade é para ser dita. A coligação que ganhou as eleições não
foi a que assumiu o poder. Foi, mas chumbaram o governo no parlamento. A
história e os pormenores técnicos toda a gente os sabe. Mas os mesmos que
tomaram de assallto o poder, os que o defendem e os que acham que esta esquerda
é um governo ligitimo, são os mesmo que quando no Brasil se falou pela primeira
vez em impeachment apelidaram-no de
golpe.
Não sou analista política nem percebo nada de leis e estou apenas a dar uma opinião pessoal. Acho que se
alguma vez um governo poderia ter sido destituído, esse teria sido na época da
descoberta do “mensalão”. Aquele célebre caso em que o Lula era tão inocente
que afirmou desconhecer o esquema e no qual muitos dos seus mais próximos foram
presos, incluíndo José Dirceu. Contra o Lula tenho tudo. É uma espécie de
Sócrates mas sem o mesmo nível e sofisticação. Acredito que será melhor pessoa.
Mesmo depois de tudo, Lula, continua a ter mau gosto, a falar mal português, a
precisar de umas aulas de etiqueta e por melhor que se vista e por mais banhos
que tome, nunca deixará de ter ar de suburbano. Quando o acusaram de corrupção,
os bens que lhe eram atribuídos, não era um apartamento num dos bairros nobres
de São Paulo ou na zona sul carioca, mas um triplex nos subúrbios- São Bernardo
do Campo. A outra propriedade, digamos mais de veraneio, ao contrário de ser numa
charmosa ilha de Angra, Búzios ou Paraty, era na zona costeira paulista, que
qualquer pessoa minimamente viajada nunca ouvira falar. Isto para dizer que se
o Lula roubou, roubou à sua imagem, mal. Ou seja, nem gosto teve para roubar.
Até no acto de roubar é simplório.
Pois bem, Lula saiu e ganhou
Dilma. A sua seguidora. Mulher, estudada, imagem da resistência à ditadura
brasileira e capaz. Apesar dos seus discursos serem incompreensíveis ou como
muitos dizem, de ser numa língua que a própria inventou, “dilmês”. Tenho para
mim que o maior erro da Dilma é defender até à morte o seu padrinho político,
Lula. Acho que só ganharia se soubesse criar um novo caminho. Foi afastada por
um crime que não cometeu. Foi julgada por uma manobra política por senadores
que nada têm de juízes. O compadrio, a senzala e os coronéis venceram. A
perpetuação do poder parece instalada. A boa e a má notícia é que todos os
políticos poderão concorrer nas próximas eleições.
Mas depois surge-me a
grande dúvida: as pessoas que apoiam o PT e a Dilma (e o Lula) são as mesmas pessoas que estiveram
caladas perante a ditadura de Cuba, os mesmos que contrataram e apoiaram a ida
de médicos cubanos para o Brasil a pagar-lhes menos de que aos médicos
brasileiros (os médicos cubanos recebiam uma parte e o governo cubano outra);
são os mesmos que apoiaram a subida de Chavez ao poder e os seus grandes
amigos; são os mesmos que se calam e assistem impávidos e serenos à vergonha
que se passa na Venezuela onde falta tudo; os mesmos que apoiam o Evo
Morales... Assim sendo, como é que eu posso escolher um lado?
O Presidente Temer, que não foi eleito pelo povo mas que a
constituição brasileira permite que seja presidente vai se-lo durante os
próximos 2 anos. Um Vice-Presidente que traiu desta maneira a sua Presidente
não lhe espera um futuro muito risonho. Vende-se por pouco. E deixa ficar mal
os seus colegas da grande disciplina que é o Direito, a Universidade do Largo
São Francisco e o título de Doutor que não honra. Colherá o que semeou. Como o ciclo da vida. "Não há mal que dure sempre nem bem que nunca acabe". E depois tem ainda o defeito triste dos homens que não sabem envelhecer: a necessidade de ter ao seu lado uma barbie com idade para ser sua neta.
Todos, acusados ou não,
culpados ou não, julgados ou não, arguidos ou reus, vão poder candidatar-se nas
próximas eleições. O que é um pronúncio muito optimista, não haja dúvida. Num
país onde não existe vergonha, todas estas pessoas não terão qualquer problema
em voltar a candidatar-se. Evangélicos, religiosos, palhaços, analfabetos
funcionais, pessoas capazes das cenas tristes que foram divulgadas ao mundo do
Congresso brasileiro.
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