sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Afinal houve golpe, não se consegui "botar" para fora Temer, e a querida saiu

Deixei de ter paciência para discutir sobre o Brasil. Aconteceu o mesmo quando há quase um ano o PS com uma coligação pós-eleições tomou “de assalto” o poder. Nada tenho em comum com este PSD. Mas a verdade é para ser dita. A coligação que ganhou as eleições não foi a que assumiu o poder. Foi, mas chumbaram o governo no parlamento. A história e os pormenores técnicos toda a gente os sabe. Mas os mesmos que tomaram de assallto o poder, os que o defendem e os que acham que esta esquerda é um governo ligitimo, são os mesmo que quando no Brasil se falou pela primeira vez em impeachment apelidaram-no de golpe.

Não sou analista política nem percebo nada de leis e estou apenas a dar uma opinião pessoal. Acho que se alguma vez um governo poderia ter sido destituído, esse teria sido na época da descoberta do “mensalão”. Aquele célebre caso em que o Lula era tão inocente que afirmou desconhecer o esquema e no qual muitos dos seus mais próximos foram presos, incluíndo José Dirceu. Contra o Lula tenho tudo. É uma espécie de Sócrates mas sem o mesmo nível e sofisticação. Acredito que será melhor pessoa. Mesmo depois de tudo, Lula, continua a ter mau gosto, a falar mal português, a precisar de umas aulas de etiqueta e por melhor que se vista e por mais banhos que tome, nunca deixará de ter ar de suburbano. Quando o acusaram de corrupção, os bens que lhe eram atribuídos, não era um apartamento num dos bairros nobres de São Paulo ou na zona sul carioca, mas um triplex nos subúrbios- São Bernardo do Campo. A outra propriedade, digamos mais de veraneio, ao contrário de ser numa charmosa ilha de Angra, Búzios ou Paraty, era na zona costeira paulista, que qualquer pessoa minimamente viajada nunca ouvira falar. Isto para dizer que se o Lula roubou, roubou à sua imagem, mal. Ou seja, nem gosto teve para roubar. Até no acto de roubar é simplório.

Pois bem, Lula saiu e ganhou Dilma. A sua seguidora. Mulher, estudada, imagem da resistência à ditadura brasileira e capaz. Apesar dos seus discursos serem incompreensíveis ou como muitos dizem, de ser numa língua que a própria inventou, “dilmês”. Tenho para mim que o maior erro da Dilma é defender até à morte o seu padrinho político, Lula. Acho que só ganharia se soubesse criar um novo caminho. Foi afastada por um crime que não cometeu. Foi julgada por uma manobra política por senadores que nada têm de juízes. O compadrio, a senzala e os coronéis venceram. A perpetuação do poder parece instalada. A boa e a má notícia é que todos os políticos poderão concorrer nas próximas eleições.

Mas depois surge-me a grande dúvida: as pessoas que apoiam o PT e a Dilma  (e o Lula) são as mesmas pessoas que estiveram caladas perante a ditadura de Cuba, os mesmos que contrataram e apoiaram a ida de médicos cubanos para o Brasil a pagar-lhes menos de que aos médicos brasileiros (os médicos cubanos recebiam uma parte e o governo cubano outra); são os mesmos que apoiaram a subida de Chavez ao poder e os seus grandes amigos; são os mesmos que se calam e assistem impávidos e serenos à vergonha que se passa na Venezuela onde falta tudo; os mesmos que apoiam o Evo Morales... Assim sendo, como é que eu posso escolher um lado?

O Presidente Temer, que não foi eleito pelo povo mas que a constituição brasileira permite que seja presidente vai se-lo durante os próximos 2 anos. Um Vice-Presidente que traiu desta maneira a sua Presidente não lhe espera um futuro muito risonho. Vende-se por pouco. E deixa ficar mal os seus colegas da grande disciplina que é o Direito, a Universidade do Largo São Francisco e o título de Doutor que não honra. Colherá o que semeou. Como o ciclo da vida. "Não há mal que dure sempre nem bem que nunca acabe". E depois tem ainda o defeito triste dos homens que não sabem envelhecer: a necessidade de ter ao seu lado uma barbie com idade para ser sua neta.

Todos, acusados ou não, culpados ou não, julgados ou não, arguidos ou reus, vão poder candidatar-se nas próximas eleições. O que é um pronúncio muito optimista, não haja dúvida. Num país onde não existe vergonha, todas estas pessoas não terão qualquer problema em voltar a candidatar-se. Evangélicos, religiosos, palhaços, analfabetos funcionais, pessoas capazes das cenas tristes que foram divulgadas ao mundo do Congresso brasileiro.

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