quarta-feira, 29 de maio de 2013

Co-adopção

Há uns tempos lia que muita gente achava a Isabel Moreira uma histérica, principalmente por causa do célebre debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, onde acharam que o tom e voz foram excessivos. Na minha opinião, com uma bancada do contra, como aquela, quem não perderia a pose? Mas de facto, não detesto a voz da Isabel Moreira. A voz que eu detesto é a da Fernanda Câncio. A senhora até pode falar muito bem, escrever muito bem, ter muitos conhecimentos e achar que sabe, mas aquela voz e aquela pose que só lhe falta a mão na cintura, fazem-me apetecer mudar de canal. Eu não aguento ouvi-la muito tempo, principalmente quando o tom aumenta.

O discurso do Marinho Pinto foi ridículo e inacreditável. Se eu não tivesse visto com  os meus próprios olhos, provavelmente acharia que estariam a exagerar. A única coisa que durante todo o programa concordei inteiramente foram os elogios que fez aos pais da Isabel Moreira [Adriano Moreira e Mónica Mayer]. Este homem não parece deste tempo! Este senhor não se pode esquecer que ali não era apenas o Dr. Marinho Pinto mas o mais alto representante dos advogados. E convenhamos que ficou muito mal na fotografia. O auge do ridículo foi quando perguntou a um dos casais de mulheres presentes na plateia: “Tem o direito a esconder um pai às suas filhas?. O Dr. Marinho Pinho sabe que os casais inférteis podem recorrer à fertilização in vitro com um espermatozóide de dador desconhecido?
Claro que todos sabemos e concordamos que uma criança é fruto da fecundação de um óvulo com um espermatozóide  Mas não é isso que está em causa, mas o de garantir direitos a quem não os tem. Esta coisa de podermos opinar em causas alheias é muito bonito e prático. Mas de facto, nós desconhecemos [ou eu pelo menos, falo por mim] o que é criar um(a) filho(a) como tal e ter a remota possibilidade de no futuro não ter qualquer direito sobre ele(a). E encheu-me de orgulho, os partidos mais à direita terem dado liberdade de voto aos deputados que puderam votar em consciência.

Para não falar do discurso pouco científico do  Luís Villas Boas, do Refúgio Aboim Ascensão, e que segundo li é psicólogo. O senhor, com as suas opiniões infundadas, parecia estar preocupado que as instituições como a que dirige ficassem sem crianças e que isso não lhe garantisse emprego no futuro. As crianças precisam de um pai e de uma mãe?! Então as que são criadas parte da vida em instituições como as que dirige? E os filhos de pais que morrem e são criados por apenas um deles ou por família? E aqueles por qualquer outro motivo nunca viveram com os pais? E já agora, se a homossexualidade “se pega”, provavelmente por osmose ou por convívio, de onde “aparecem” tantos homossexuais, na sua maioria criados por um pai e uma mãe heterossexuais?   

A Isabel Moreira, que eu não conheço pessoalmente, mas conheço o que escreve e o que defende, teve uma paciência acima da média a tentar explicar o quão discutível é opinião de quem é contra a lei da co-adopção. Foi clara, aliás, claríssima e deu os exemplos mais concretos de quem esta lei vai conseguir proteger. O Paulo Corte-Real, com a voz linda que tem, é sempre um gosto ouvir.
Aquele pai todo beto que ao defender a sua família com 3 filhos biológicos e 1 adoptado que dizia que este último classificou como uma “estupidez” esta lei. Coitadinho do menino, formatado por estes pais, como poderia ele ter outra opinião? Já está no bom caminho...

Então a queque da advogada que falou contra a lei...pelo amor de Deus!!! Aquela miúda, que não deveria ter mais idade do que eu, se eu fechasse os olhos, teria pensado que era alguém da geração dos meus avós de uma terra algures perdida no interior do nosso país!!!

Para quem não tenha ninguém na família ou amigos que estão confrontados com o problema que esta lei pode salvaguardar, aconselho a leitura do “Expresso” desta semana. Vejam lá exemplos concretos de pais e mães que dois a dois ou duas a duas vão ser tão bons pais ou melhores que muitos casais heterossexuais. Questionem-se sobre a possibilidade de uma criança programada por um casal do mesmo sexo mas que apenas um dos progenitores é pai ou mãe, o que acontecerá caso a essa pessoa morra? Quem teve a infeliz experiência de saber a demora do funcionamento dos Tribunais de família e menores deste país sabe o tempo que que leva a ser tomada qualquer decisão. Todos os pareceres, avaliações e decisões são demorados e ninguém se preocupa o quanto isso poderá afectar negativamente uma criança. Querem convencer-me de como e com quem ficaria essa criança enquanto esperava os resultados de todos os pareceres e avaliações até à decisão final? Esta lei defenderá que pais e mães tenham os deveres jurídicos que devem exercer em relação a crianças que já são os seus filhos , mas que estão terrivelmente desprotegidos, só isso. Há algum mal? Prejudica alguém?

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