Como dizia a Clara Ferreira Alves
há uns tempos quando foram seleccionados os 100 mais importantes livros de
todos os tempos, um dos que ela escolheu foi The
great Gastby: “Não é possível passar pela vida sem
ler este livro. A obra-prima se Scott Fitzgerald é uma apresentação original ao
Sonho Americano. Jay Gatsby veio dos nada e fez-se multimilionário escondendo as
origens judias e os negócios sombrios. Veio do nada para reconquistar uma
mulher que tinha classe, dinheiro, pedigree.
E um marido das universidade Ivy League, de Wall Street e do egoísmo sem
barreiras. Daisy e Tom Buchanan ostentam o narcisismo patológico dos que nunca
tiveram de lutar. Na mansão do lado social errado, Gatsby avista a luzinha
verda da casa de Daisy. Essa luz é o que o faz viver. Nick Carraway, o
observador do drama, narra o very unhappy
end. Scott Fitzgerald escreve como um diabo, ou seja, imoralmente bem”.
Em Cannes, este filme foi escolhido
para abrir o festival mas a recepção da imprensa foi de um silêncio sepucral
-nem aplausos nem vaias, apenas desprezo. Cannes, talvez como o Festival de
Veneza, é a grande montra dos bons filmes e dos grandes realizadores,
geralmente que não são sucessos de bilheteira. Tinha que ir ver
The great Gastby, o filme. Sabia
antes de entrar que iria ser uma desilusão. Posso estar a ser preconceituosa,
mas um realizador que escolhe para a banda sonora de um filme, adaptado de um grande
livro, o rapper Jay-Z, não combina. Mas queria perceber
como aquele público que não deveria saber, na sua maioria, que se tratava de
uma das obras primas da literatura americana, estava ali a esgotar a sala.
Queria perceber qual o segredo de transformar o livro do F. Scott Fitgerald,
que não é um best-seller, mas que foi já várias vezes transformado em filme,
ser desta vez um blockbuster. Saí da sala a dizer que se as pessoas não lêem,
pelo menos a maioria dos portugueses, mesmo os (as) mais letrados (as), que
assistam à forma mais fácil, neste caso, um filme. E se esta é a fórmula de dar
a conhecer uma das mais magníficas obras da literatura americana do séc XX,
nada há de errado nisso. Provavelmente, estas pessoas que não leram o livro
iriam achá-lo uma seca, mas à boa moda de Hollyood, as descrições e os diálogos
primorosos, conseguem transformar-se em fogo de artifício visual.
A comparação
do livro com este filme faz lembrar-me de uma história que se passou comigo no Metropolitan Museum. Estava eu a sair do
museu, a uma sexta ao fim da tarde onde ia muitas vezes. Nesse dia levava
vestida uma t-shirt com a capa do livro The
great Gastby que também tinha escrito o nome do autor, F. Scott Fitzgerald. Um segurança para-me e diz-me: “Great
t-shirt”. E eu fiquei logo toda emocionada a achar q era um grande elogio, um
ameicano a elogiar uma t-shirt de um dos mais espectaculares livros do seu
país. Quando ele acrescenta “I´m Scott too”. E pronto! Toda a minha emoção
acabou ali. Ele nem sabia quem era o Scott Fitzgerald, quanto mais o que era o The great Gatsby. Para o bem e para o
mal, acho que agora já saberá...
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