A primeira sessão a que assisti foi: "Que europeu sou eu?". O debate foi moderado pelo Carlos Vaz Marques e participaram D. Manuel Clemente, João Proença e Gonçalo M. Tavares.
O Gonçalo M. Tavares falou que na Europa há claramente uma separação, uma ordem, uma organização. Marca claramente europeia. Deu como exemplo que em Marraquexe não existe a diferença entre rua e passeio...Referiu que muitas vezes as cidades mais estimulantes do mundo estão ligadas à pobreza. 'Na Alemanha quando se vê duas pessoas a correr consegue-se distinguir quem é o polícia e quem é o ladrão. Mas não conseguimos distinguir isso no México". Falou também do "saque das macieiras" que é quando chega alguém com 5 maçãs e o pobre tem uma macieira com duas maçãs e o pobre vende...Leu, também, um texto ficcional que deu o nome de "Europa". Este texto envolveu sapatos, atacadores, nós e gravatas, descrevendo de forma metafórica e optimista, a Europa.
O João Proença sente-se sempre um beirão mas é um europeísta convicto. Admira muito outras culturas, e principalmente, os outros países de língua portuguesa. Diz que há uma clara distinção de tratamento e de opinião de europeus do norte e dos europeus do sul. A Europa é considerada como tendo uma população envelhecida. Mas por ex. a emigração dos cidadãos do norte de África para França, com os seus costumes e religiões, está a inverter essa tendência com o elevado número de filhos.
D. Manuel Clemente defendeu que os europeus são muito difíceis de se definir, principalmente, no que se refere à religião. "A Europa não é uma realidade estática, é uma realidade dinâmica. 20 a 25% dos europeus são muçulmanos. A Alemanha tem 5 milhões de turcos, metade da população portuguesa. Quem são, afinal, os alemães hoje?".
Carlos Vaz Marques tem, na minha opinião, a melhor voz da rádio portuguesa. E para além disso, considero-o um dos melhores entrevistadores portugueses, a par com a Anabela Mota Ribeiro. Publicou há anos um conjunto das melhores entrevistas do programa "Pessoal e intransmissível", o qual guardo religiosamente e ao qual volto muitas vezes.
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