Depois de um almoço gigantesco, com todos os participantes
sentados, e a ementa em que constava de um gaspacho, bacalhau fresco com puré
de batatas e espinafres e um bolo de chocolate com framboesas e groselhas,
regado a vinho branco, chegou a sessão da tarde. Estive uns minutos à conversa
com o Ruben Alves (realizador d’A Gaiola dourada). Segui para o debate “A
Europa precisa de Deus” moderado pela Maria Flor Pedroso e com João Pereira
Coutinho, Manuel Braga da Cruz e Joana Amaral Dias.
A última conversa que assisti foi entre o Carlos Fiolhais,
Professor Catedrático de Física e Carlos
Grosso, Professor de Matemática no Liceu Pedro Nunes. Começaram por evocar
Rómulo de Carvalho poeta, historiador das ciências, pedagogo, físico... O seu
pseudónimo como poeta foi António Gedeão, para os mais distraídos.
Ficamos a saber que os estudos indicam que metade da população
portuguesa entre os 15 e os 64 anos não têm mais do que ensino básico.
Gostei muito de ouvir falar o Carlos Grosso que defendeu que
a escola do futuro tem que ser mais autónoma, mais exigente e mais
disciplinada. Disse também que os alunos devem estar em carteiras individuais
para não se distraírem aos pares. Falou também da falta de pontualidade dos
alunos, que as aulas começam às 8:20 e a essa hora muitos deles ainda estão à
entrada da escola. Foram abordadas muitas questões, como por exemplo, o número
de alunos por sala de aula vs o seu desempenho académico. A maioria defende que
quantos mais alunos pior o desempenho escolar e piores notas. Eu discordo.
Primeiro porque no meu tempo as disciplinas tinham sempre mais do que 30
alunos. Segundo, quando entramos para a universidade era ver as turmas de
Análise Matemática, Física e afins com mais de 300 alunos... para não falar dos
anfiteatros dos cursos de Direito e Medicina nas respectivas aulas teóricas.
Falou-se também do estigma e do preconceito que existe em
assumir que é necessário haver diferentes caminhos para as diferentes vocações
dentro da escola. Qual a razão de ser tão difícil de aceitar que há pessoas
mais vocacionadas para a continuação do estudo académico e outros para o estudo
mais profissional. É indesmentível que o
séc. XX pedia sobretudo bons trabalhadores e que o grande desafio do séc. XXI é
sobretudo dos pensadores.
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