Há duas semanas fui à apresentação do livro “Ser espiritual –
da evidência à ciência” do Luís Portela apresentado pelo Nuno Sousa. O Nuno
Sousa, médico, e investigador na área das neurociências, a apresentar um livro
assim parecia uma antítese. Afirmou que este livro não é anti-ciência e
refugiou-se no senso-comum da questão: “o que é uma boa obra?”. E no caso
pessoal, citou um seu professor: “Como sabes que desta uma boa aula?”. Referiu
que uma boa aula é aquela que desperta a curiosidade, que nos leva a procurar.
E terminou a dizer que depois de ter lido este livro sentiu-se curioso.
O Luís Portela começou por elogiar o Nuno Sousa, a quem
chamou “força da natureza”. Disse que este era “o seu livro”. Dedicou-se à
Bial. Foi escrevinhando uns textos para a Visão e para o JN que foram
posteriormente compilados em livro. Sentiu que aos 60 anos tinha o direito de
fazer na vida aquilo que lhe desse mais prazer. Intensificou a busca que lhe interessou nos últimos 50 anos.
Referiu que gosta desde os tempos da juventude de religião, ciências nestas
áreas, yoga, budismo e leitura comparada da Bíblia. Mistérios e milagres que
não tinham resposta lógica aos olhos da ciência convencional. Foi para Medicina
para explicar muitas das dúvidas espirituais e que a ciência pudesse dar resposta.
Foi professor de psicofisiologia e ia fazer o doutoramento em Oxford. Devido à
morte prematura do pai, aos 27 anos foi para a presidência da Bial. Prometeu a
si próprio que iria apoiar a investigação nesta área. Após 5 anos, a Bial criou
o Prémio Bial. Após 10 anos, criaram a Fundação Bial para apoiar projectos de
investigação científica, principalmente na área da Psicofisiologia. O conselho
científico da fundação é constituído por 30 personalidades do mundo científico
e são eles que seleccionam os projectos.
A primeira razão da escrita deste livro, para Luís Portela,
foi a partilha da sua forma de pensar, o prazer dessa partilha. Este livro
pretende ser um sinal de alerta. O que andamos aqui a fazer. Um esforço para se
entender de onde se vem e para onde se vai. Levanta o tema que cabe à ciência
descortinar, levantar o véu da verdade, cabe à ciência dar um esclarecimento.
Defende que estamos neste mundo para aprendermos e que cada pessoa vai
evoluindo mais ou menos consoante se esforça mais ou menos. Não acredita no acaso.
Acredita no passado. Afirmou que desde a antiguidade existem descrições de
pessoas que vêem imagens, que ouvem e sentem coisas que a maioria não vê, não
ouve e não sente. Descrições de contactos com um mundo para além do mundo físico.
Existem inúmeras descrições de pessoas que passaram por condições perto da
morte. Pessoas que viram o seu corpo físico mas não se reconheceram e observavam-se
fora dele. Relatam os túneis. E depois consciencializam-se que a sua missão
ainda não acabou e regressam ao mundo físico. Falou de cientistas que estudaram
apenas crianças em vários locais do mundo que referiam vidas passadas. Defendeu
que a ciência pode até ser relutante em aceitar estes casos mas que não percebe
a razão de não os estudar. Falou ainda de psiquiatras que usam a regressão para
explicar situações traumatizantes e descreveu duas situações impressionantes que
ele próprio assistiu. Para além disso, referiu a transcomunicação instrumental,
que nunca tinha ouvido falar. Teve a humildade de dizer que este livro não tem
nenhuma verdade científica final mas factos que precisam de ser mais estudados.
Falou-se ainda da parapsicologia que não é ainda uma ciência mas uma disciplina
da ciência. Citou-se ainda Abel Salazar: “Nada do que é estranho ao Homem pode
ser estranho à Medicina”.
E eu termino a fazer a pergunta que queria ter feito mas
não houve tempo para a colocar: o que distingue afinal um esquizofrénico de
uma pessoa que vê, ouve e sente coisas que a maioria não consegue?
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