quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Prece

Talvez que eu morra na praia
Cercada em pérfido banho 
Por toda a espuma da praia 
Como um pastor que desmaia 
No meio do seu rebanho. 

Talvez que eu morra na rua 
E dê por mim de repente 
Em noite fria e sem luar 
E mando as pedras da rua 
Pisadas por toda a gente. 

Talvez que eu morra entre grades 
No meio de uma prisão 
Porque o mundo além das grades 
Venha esquecer as saudades 
Que roem meu coração. 

Talvez que eu morra de noite 
Onde a morte é natural 
As mãos em cruz sobre o peito 
Das mãos de Deus tudo aceito 
Mas que eu morra em Portugal.

Pedro Homem de Melo

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