A história deste filme que conquistou a Palma de
Ouro em Cannes é desconcertantemente simples. “A
vida de Adele” antes de estrear já era polémico Fizeram um grande
alarido à volta de uma
interminável cena de sexo. Muitos acharam-na exagerada, ou longa demais, ou explícita
demais. Mas não é só esta. Não as contei nem me
lembro exactamente, mas há pelo menos, mais três. Mas o que tem de demais
é o fato delas nos perturbar Mas se me perguntarem do que mais me lembro do filme, não é
de certeza, das cenas de sexo. Para aprumar ainda mais a polémica, as
protagonistas do filme acusam o realizador de as maltratar, juntamente com a
equipa, durante a produção. Polémicas à
parte, este filme é excepcional. E na minha opinião “a star was born”, Adele.
O filme retrata um amor à
primeia vista, com o êxtase das paixões, a catarse, a exploração, a descoberta,
até ao tédio da estagnação. Este filme
não relata o preconceito mas a
relação entre as duas personagens. Quase nunca abordando o preconceito social
da homossexualidade, aborda vincadamente
a dinâmica da relação, o que
resulta e não resulta, as compatibilidades e as diferenças, os mundos e as
visões das personagens. Chorei
como uma Maria Madalena neste filme. Não sabia como era o fim mas a actriz que
interpreta Adele (e que também se chama Adele na vida real) tem um papel tão
marcante que a sua expressão é um pronúncio do fim do filme.
Adele
tem horizontes limitados e apesar de viver com uma visionária, contenta-se com
o que tem. Para ela um amor e uma cabana bastam-lhe. E quando o amor dela deixa
de lhe dar a atenção que precisa, ela vai encontrar o que lhe falta noutro
colo. Só que isso precipita o fdim de tudo. A personagem de Adele é quase desde
o princípio do filme, aquela que se pretende abraçar. Está sempre em desvantagem,
parece correr atrás da vida, a uma velocidade menor do que a acção.
Depois
de três horas, continuei a chorar baba e ranho. E o final não é à Hollywood, é
cru como toda a realidade.
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