domingo, 27 de abril de 2014

Solar dos Presuntos

16 de Abril, quarta-feira à noite. Dia de Porto-Benfica para a Taça de Portugal. A entrada do “Solar dos Presuntos” está repleta de pessoas. Algumas têm mesa marcada, outras não. A espera é de meia-hora. Muito amavelmente, Pedro Cardoso é quem recebe as pessoas. Já vi muita gente simpática, mas tanta simpatia por metro quadrado e um serviço assim, foi a primeira vez. À entrada está, também, um grande aquário com lagostas. As paredes do restaurante estão cobertas por fotografias de gente conhecida. Gente das artes, do espectáculo, futebol, música, política, portugueses e estrangeiros. Gente da ciência não vi, mas é provável que por lá também estejam.

Esperei cinco minutos e levaram-me à mesa, no terceiro piso. O José Luís foi a pessoa responsável pela minha mesa. Mesa posta, um prato com queijo de S. Jorge, presunto e paio. Um cesto de pão chega com diferentes tipos. A minha atenção vai para a baguete acabada de sair do forno. Acho que nem em Paris comi nenhuma tão boa. Como direcciono o meu apetite para a baguete barrada com manteiga, não toco no presunto, queijo e paio. Tinha que fazer escolhas pois o estômago não chega para tudo. Depois de uma vista rápida pela ementa pergunto o que me sugerem. Carne ou peixe é a pergunta. Peixe, é a resposta. Posta de cherne, peixe galo... mas estava inclinada para uma das especialidades da casa: açorda de lavagante. O vinho que me trazem é “Carvalhos” do Douro, também sugerido. Eu que não sou muito apreciadora dos vinhos do Douro, fiquei rendida à combinação. Foi o vinho ideal para acompanhar o prato.

Restaurante completamente cheio. As três salas cheias. À minha frente, um casal de japoneses não trocam uma palavra durante todo o jantar. Devem estar a jogar “ao sério”. À minha volta vários casais e muitos brasileiros. Os brasileiros são a população maior deste restaurante, pelo menos nesta noite. Todas as pessoas responsáveis pelo serviço de mesa dominam vários idiomas, são muito simpáticos e têm conhecimento de vinhos. As paredes deste terceiro andar, fotos grandes de Amália e Rui de Carvalho, entre outros, e muitas caricaturas.

O José Luís traz uma pequena panela com a açorda de aspecto divinal, com um ovo cru e muitos coentros. Mistura tudo muito bem e serve-me. O cheiro perfumado dos coentros é indescritível. O vinho mostra-se perfeito para acompanhar este prato. O José Luís vem frequentemente perguntar se a açorda está boa.  Chega a hora da sobremesa. É-me sugerido o “melhor do mundo”. Recuso amavelmente porque já conheço. Quero outra coisa. O José Luís faz-me uma surpresa e traz-me pão de Ló de Monção com doce de ovos e canela. Foi a catarse. Terminei com um descafeinado. Serviço exemplar. Comida muito bem feita. Carta de vinhos muito completa. Tenho a certeza que ninguém se vai arrepender.



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