Hoje
de manhã cheguei ao meu trabalho e um dos meus amigos mostrou-me o presente da
filha que está quase a fazer um ano: a mão da filha marcada no papel com tinta
cor de rosa. A alegria dele de ser o primeiro ano que comemora, como pai, este
dia. Outro dos meus amigos vai à festinha do colégio da filha, embora a filha o
avisasse que nem todos os pais podiam ir. Mas este pai podia e foi.
De
há uns anos para cá, tudo o que seja festejos, festas, comemorações, dias
evocativos, celebrações, são mais de tristeza e medo do que alegria. Sempre de
coração na mão. Sempre à espera da última decisão. Do poder que alguém humano
decida de acordo com a sua vontade. Os crentes na humanidade, pessoas normais
que nunca passaram (felizmente) por uma situação destas poderão perguntar: a
justiça não funciona? Não. A justiça é lenta e lenta como é perde dias, meses e
anos de situações que são irreparáveis. No Natal, Passagem de ano, dia de anos
do pai, dia do pai, dias de aniversário... são sempre de expectativa e de prece
silenciosa para que tudo corra bem.
Quando
há uma separação, o interesse maior deveria ser salvaguardar os filhos. Pois
bem, na maioria dos casos, infelizmente, os filhos são usados para causar as
piores dores de todas: distância, saudade e ausência. Privar um dos
progenitores de estar com os filhos. Eu pergunto-me o que terá na cabeça uma
pessoa que faz tudo para evitar que os filhos estejam com o pai, nestes dias particularmente,
que um pai tem direito a estar com os
filhos? Que ódio gigantesco é este que permite afastar um pai dos filhos? O que
leva uma pessoa a não informar a escola e as informações escolares de um filho?
Que troca a escola dos filhos todos os anos sem informar o pai? Que maldade é
esta que permite que se não atenda os telefonemas do pai e da família do pai? Que
avassaladoras atitudes são estas que permitem que os filhos sejam considerados
propriedade de uma pessoa? Que amor é este? Que palavra se pode dar a isto? Que
magnânime poder é este que alguns humanos têm de provocar um frio na barriga e
um aperto no coração que deve ser semelhante aqueles que percorrem o corredor
da morte?
Como
me dizia uma amiga há dias, estou descreste nesta humanidade. Que vida tiveram
alguns para ter este tipo de atitudes? Acho que nem a medicina nem a justiça os
pode salvar...
Este
texto não tem a ambição de encontrar respostas nem para ter explicações. É
apenas de desabafo de quem nunca falou em público sobre esta dor que presencia
diariamente e a partilha.
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