quinta-feira, 26 de março de 2015

Tarde e noite em Braga

Braga. Tarde de sábado. Tarde primaveril. Tarde amena. Subo a Avenida da Liberdade. Vejo os canteiros de flores em frente ao Theatro Circo. A arquitectura antiga e nova. Contrastes. Passo no Largo Carlos Amarante. Muitos turistas sentados nas escadarias da igreja de Santa Cruz. Uma feira no Largo de São João do Souto. Compro um colar de missangas. Não discuto o preço. Lembro-me da Bahia. Sigo pela Rua D. Afonso Henriques. Reparo no número de lojas e restaurantes novos abertos. Paro na Mercearia Dom Casmurro. Um género de Vida Portuguesa com preços mais acessíveis. Turistas entram e saem. Um pouco de tudo mas principalmente comidas e bebidas. Tudo biológico e de excelente qualidade. Vale a visita. Passamos a tarde entre cerveja Letra, vinho branco, azeitonas, tostas e conservas. Saio de lá com uma pandeireta artesanal, uma lousa pequenina para escrever recados e um patê de ovas de pescada.

Próxima paragem:  Retrokitchen, Rua do Anjo. Desta vez conseguimos mesa. Havia tentado há umas semanas atrás. Cedo. Também no sábado, antes do concerto da Adriana Calcanhotto. Tudo cheio. Lembro-me do cheiro bom. Massada de peixe. Gostei imediatamente do restaurante e da simpatia do dono. Aconselhou-nos a Casa de Pasto das Carvalheiras como alternativa e foi lá que fomos parar.
No Retrokitchen regressamos aos anos 70. Cadeiras e mesas de fórmica. Garrafas antigas de Sumol, 7UP e Pepsi a servir de jarras. Um quadro de escola. Um cão de louça. Copos diferentes. Tudo retro. Não achei kitch. Uma mesa para 8 pessoas às 8:30. Não chegamos a horas, como sempre. Mas aqui a velocidade não é tudo. Não nos dão o menu nem uma lista. Pedimos o vinho. Aconselham-nos um verde da casa. Recuso amavelmente o vinho verde. Mas dizem-me que este é mesmo bom, que devo experimentar e só depois, se não gostar pedir outro. Assim fiz. Provei e não é que era mesmo bom? Não me lembro do nome mas vou saber. Trazem-nos um rolos de massa filo com carne, uma tábuas com fatias de pão e ameijoas à Bulhão Pato. O melhor de tudo não são as ameijoas, mas o molho delas! Fumam-se uns cigarros no pátio e levam-se os copos de vinho. O ambiente é mais do que amigável. Nos entretantos o dono, de seu nome Rui, junta-se a nós. Parece que estamos num jantar em casa. Tudo muito informal. Trocamos muitas vezes entre o pátio e a mesa. Vê-se no pátio a Abelha Maia que esteve muitos anos à entrada de um café na Rua do Souto. Quem viveu em Braga reconhecerá. Começo a chatear a cabeça ao Rui para me dar uma garrafa de 7UP retro. Às 11:00 estamos a começar a jantar. Posta à Mirandesa com umas batatas fritas cortadas às rodelas com casca, acompanhadas de couve branca salteada em azeite. Outros comem salmão. E as vegetarianas comem uma frittata com bom aspecto. As garrafas de vinho multiplicaram-se durante estas horas. Sei que havia sobremesas. Mas não consegui ter estômago para mais. O café, que nunca tomo, foi-me dado no pátio. Que serviço tão bom. Ainda ouvi Tribulations dos LCD Sound System. Quase chorei! Palmas para o Rui e Cláudia que nos fazem sentir em casa e querer voltar. O Rui, no final, foi buscar a garrafa e ofereceu-ma. Está em minha casa numa secretária a servir de jarra e já começou a fazer sucesso.






Copyright: Retrokitchen
Copyright: Retrokitchen
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Próximas paragens: Juno, Latino e Convento do Carmo. Quando saio à noite,  que é cada vez mais raro, não fico num sítio só. Percorremos todas as capelinhas. No Juno, encontra-se sempre alguém conhecido. As caras que fui conhecendo em muitos anos de Insólito. No Latino acontece o mesmo. O espaço está ligeiramente diferente, sem o bilhar no centro da sala. O Convento do Carmo é um edifício lindíssimo mas falta ali qualquer coisa que não sei explicar. Talvez as pessoas. Tem dois espaços com músicas diferentes. Paga-se para entrar.


Braga está bem e recomenda-se. Acho que começamos a voltar aos saudosos finais dos anos 80 em que Braga foi o centro da movida. O que vi, surpreendeu-me pela positiva. Aproveitemos o momento!

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