Sexta-feira. Acordo à hora do
costume mas deixo-me estar na cama. Tenho por companhia, em cima das minhas
pernas, um gato preto que mais parece um leão. Enorme e pesado. Ronrona. A luz
de Lisboa entra pela janela. Mesmo com nuvens, Lisboa é sempre clara. Acho que
não há luz como esta. Pequeno almoço tardio. Desço a pé a Estados Unidos da
América até Entrecampos. Pouso a mala. Almoço tardio no Entre Copos. Escolhemos
ovas de peixe grelhadas. Não me lembro da última vez que as comi. Como são 3 da
tarde dizem-nos que as brasas estão fracas e que é melhor escolher outra coisa.
Dourada escalada. Não me lembro de comer um peixe tão bem grelhado na brasa. No
ponto. Nem no Algarve. Para acompanhar dispenso as batatas cozidas. Só brócolos
cozidos e tomate com sal. Nada de álcool nem sobremesas. Os excessos
restringiram-se ao dia anterior. Vamos buscar o ZM à creche. Pequenina.
Familiar. Desenhos nas paredes. Alegria. Simpatia. Beijos e abraços.
Despedidas. Vamos até ao parque. Crianças de um colégio são fotografadas. Reparo
no número de crianças com óculos. Temperatura amena em Lisboa. Sol radiante. O
ZM já consegue pronunciar o meu nome com um tom anasalado no final. Hora do
lanche. O meu, o de sempre. Galão claro morno e pão com manteiga. O ZM
reparte-se entre o pau com manteiga e uma língua de gato. Quer dar de comer aos
piu-pius. Sobe para casa. Descubro que o Frozen não é só paranóia das meninas.
Toda a gente está viciada. Brincamos com uma bola e com umas peças de madeira.
O tempo não pára. Seguimos de carro para o aeroporto onde a S. me deixa no
Terminal 2. Continuo sempre a aprender. Afinal podemos ir directamente para o
terminal 2 sem passar pelo 1. O check in parece uma feira e as salas de
embarque também. Mais gente que bancos. Como ainda falta algum tempo decido-me
pelo único bar que lá tem. Guiness parece-me uma boa escolha. Leio. Os
estrangeiros são os principais clientes. Sandes de tudo e mais alguma coisa e
litros de imperiais Sagres. Chamada para o avião. O dia acaba. Fim
de dia ameno. Chegada o Porto 45 minutos de pois. Noite escura. Chuva
torrencial. Dilúvio. Arca de Noé.Como é possível um mudança tão drástica de
cenário com tão poucos kms que separam estas duas cidades. Toda a gente corre.
Malas arrastam-se. Outras voam, tal é a velocidade. Fatos molhados. Ninguém
preparado para esta chuva. Ninguém é elegante a correr debaixo deste temporal.
Eu deixo-me ir, lentamente. Parece que saí do chuveiro mas isso não me faz
acelerar o passo. Quando apanho a mala, tiro o casaco de malha, desaperto a
camisa, fico em t-shirt, seco o cabelo com a camisa, visto uma camisa
divinamente embrulhada na mala, visto outro casaco. Como é hora de jantar,
espero uns 30 minutos pelo meu irmão naquele café que é uma imitação barata do
Starbucks mas com preços igualmente pornográficos para um país pobre como o
nosso. O meu irmão chega sozinho sem os meus sobrinhos. Aguardam-me em casa dos
avós porque não quiseram enfrentar a chuva. Chegada a casa dos pais é a festa
da miudagem, como se não me vissem há muitos. Colos, beijos e abraços e elogios
aos penteados novos.
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