Numa mesa estão sentados
Helen e Danny (Isabel Abreu e Tónan Quito). Parecem estar a celebrar alguma
coisa. Entra Liam (Romeu Costa), irmão de Helen, coberto de sangue. Liam
começa por contar uma história incongruente e depois percebemos que é muito
pior. A descida ao inferno. A violência gratuita. O racismo. O preconceito. O
acaso. A escolha entre o bem e o mal. A violência a troco de nada. As marcas
profundas da infância. Família. Valores. O que faremos nós perante situações
limite? Até onde estaremos dispostos a ir? Há limites para defender os nossos?
O limite do amor. Desilusão.
Este jantar, dividido em quatro actos, que se separam com
luzes psicadélicas e um som ensurdecedor a lembrar o filme “Irreversible” .
Descobrimos nesta hora e quarenta segredos, omissões, mentiras, encobrimentos
de quem se ama. Qual a fronteira ética e moral? O que são os valores? O que uns
fazem pelos outros, o que têm que mostrar para serem aceites e não se
desiludirem. Até onde se pode ir? Onde está o limite?
Poderíamos reduzir Liam como psicopata, Helen como má que
faz de tudo para proteger o irmão e Danny como o bom, cheio de valores. Mas
perceberemos que nada é estático e que o mundo não se divide entre bons e maus.
Tudo muda, de repente.
Saímos a pensar no que, por amor, seremos capazes de
fazer por alguém.Até que ponto estamos dispostos a ir para proteger ou salvar
outra pessoa? Mesmo que não haja salvação possível nem do que fugir.
Encenação de Tiago
Guedes
Texto de Dennis Kelly.
Tradução de Francisco Frazão.
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