O conflito entre Israel e a Palestina é talvez dos
mais difíceis de perceber para mim. Por um lado temos um estado democrático
criado depois da guerra, cujo território já tinha “dono” mas cuja “ocupação”
foi apoiada pela comunidade internacional. Admiro há muito o povo judeu por
tudo o que tem passado desde sempre. Da mesma forma que critico a história da
perseguição dos judeus, critico quando defendem ser “o povo escolhido”. Apesar
de detestar a redução do ser humano a uma raça e um credo, os judeus não pensam
assim. Tenho a melhor das opiniões dos judeus no que respeita à cultura, ao
trabalho e à inteligência. Três dos escritores que mais admiro são judeus:
Primo Levi, Philip Roth e Richard Zimler, apesar de só dois estarem entre nós.
O grande Einstein era judeu, apesar de agnóstico confesso.
As guerras e os conflitos são sempre injustos. Mesmo
quando justos há sempre inocentes a lamentar. No domingo fui propositadamente a
Times Square à Toys ur Us para comprar brinuqedos específicos para os meus
sobrinhos. Chegada lá, fui apanhada no meio de uma manisfestação “Pro-Israel”. Centenas de pessoas. Idosos, jovens, gente de
meia-idade, crianças, bebés. Quase todos os homens tinham quipá. Havia também
muitos judeus ortodoxos de caracolinho, chapéu, casaco preto comprido e barba
enorme. Mas a maioria, se eu não os tivesse visto ali, não os reconheceria como
uma raça específica. A maioria parecia gente informada e moderna. Por momentos
pensei estar do lado Palestiniano: “Freedom to Israel”; “Stop de war”; “Israel
wants peace Hamas wants terror”. Não foi Israel que decidiu invadir Gaza? Não foi
Israel que matou centenas de civis no último ataque? Não é Israel que há anos
tem enclausurado a Palestina. Depois falam dos atentados perpetuados pelos mais
radicais do lado palestiniano. Claro que não concordo e sou absolutamente
contra. Mas o que chamar aos ataques de Israel contra alvos civis? Só pelo
simples facto de serem “aceites” pela comunidade internacional? Já agora, onde
estão as Nações Unidas e a Nato? O que têm feito para além do enorme silêncio
da vergonha?
Nunca haverá paz enquanto Israel não aceitar a
Palestina como um país. Nunca haverá paz enquanto Israel continuar com o muro
da vergonha que é tão mau ou pior do que o Muro de Berlim. Nunca haverá paz
enquanto Israel continuar a ocupar território que supostamente era
palestiniano. Não sei qual a solução. Mas, sinceramente, a abertura tem que
partir do estado que se diz democrático.
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