domingo, 6 de julho de 2014

Os meus dias no lab

Nunca estive tão motivada cientificamente como estou agora. Estou a aprender tudo de novo, como se fosse uma criança a aprender a ler. Vim um mês para NYC para aprender especificamente a diferenciar cardiomiócitos, um tipo específico de células do coração. Estas células são responsáveis pelo batimento cardíaco e pela contracção. Quando vistas ao microscópio, contraem. É das coisas mais fascinantes de se ver. O verdadeiro milagre da vida. O mistério persiste de como é possível células ex vivo, isto é, fora de um corpo serem capazes de se sincronizar e contraírem como uma orquestra. Tudo é sincronizado entre elas. Quem me está a ensinar tudo o que devo saber sobre estas células e como as diferenciar a partir um tipo de células específicas, induced pluripotent stem cells, capazes de se diferenciar em qualquer célula do corpo , é um italiano de Nápoles. Giro de fazer bem aos olhos. Domina diferenciação cardíaca e biologia celular e molecular. Um quase quarentão. Com os olhos muito azuis. Recentemente pai de uma menina. Músico nos tempos livres. Usa meias pelo meio da perna, às vezes uma de cada cor. Ténis All star. Ouvimos opera, Beatles e Zucchero no lab. É totalmente despistado. Vamos todos os dias para o lab, incluíndo aos fins de semana. Mas não trabalhamos muitas horas. A nossa função é preparar meios de cultura. Observar o comportamento de células ao microscópio. Mudar meios. Proliferar células. E diferenciá-las em cardiomiócitos. Temos uma câmara de fluxo para cada um. E duas incubadoras por nossa conta. Cada garrafa de 500 mL de meio de cultura custa 400 dólares. Para não falar nos suplementos. Ontem marcamos no lab às 6:30 da tarde. Como o metro que ele apanha é o C que está em obras, teve que ir a pé da 145 ao 168, o que o fez chegar quase às 7. Eu, que ia distraída a ler, e que tinha apanhado o A desde Penn Station, mal vi um 6 no número da paragem e achei que era 168. Não, era 163... Saí na Amsterdam. Chegamos os 2 atrasados. Saímos  do lab para ir buscar gelo e ele esqueceu-se do cartão para abrir a porta do lab. Fomos aos seguranças. Descobriu que tinha uma chave que dava para abrir a porta. Fui avisar os seguranças que tínhamos aberto a porta. Fiquei eu do lado de fora, apesar de quase a partir de tanto bater... Quando se apercebeu já eu tinha os nós negros de tanto bater à porta... São estes momentos fascinantes de trabalhar com ele. 








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